10 Perguntas Que Sempre Quiseste Fazer a uma mãe que deu ao filho um nome igual ao apelido

Não sei se é assim com todos vocês, mas eu sempre tive o hábito de, ao longo da vida, ir pensando no nome dos meus possíveis futuros filhos. Os nomes foram mudando à medida que o meu gosto foi mudando e, claro, à medida que fui conhecendo pessoas de quem não gostava e que, por terem o mesmo nome que eu já elegera para o meu possível futuro filho, me estragaram esse nome para sempre. Isto sim é algo que tem de acontecer a todos – gostamos mais dos nomes se conhecermos alguém com esse mesmo nome de quem gostamos muito. Mas, também me acontece o contrário – não querer dar aos meus filhos, que não existem, o nome das pessoas de quem gosto demasiado, como a minha mãe, irmã e pai, mas isso por uma questão de repetição geracional que, pessoalmente, nunca me fascinou.

Por isso, eu que nem sequer sou fã da repetição geracional; eu, que não gostaria de dar à minha filha imaginária o meu próprio nome – apesar de ser um nome lindo -, porque acho que seria demasiado repetitivo e confuso, imaginem a minha surpresa quando oiço, pela primeira vez, falar de um rapaz chamado Tomás Tomás.

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São casos raros estes, segundo revela a minha pesquisa curiosa. Mas andam aí. Pessoas cujos pais escolheram para o seu primeiro nome o mesmo nome que o apelido. Depois de muito pensar no que poderia levar a tal decisão, cheguei a duas possíveis conclusões: ou se adora tanto um nome que, mesmo quando calha que o pai do nosso filho seja um homem de apelido igual a esse nome já idealizado, essa escolha vive em nós há já tantos e largos anos que a repetição se torna melhor do que ter que escolher um nome do qual se gosta menos; ou, talvez, como ter um apelido que só por si já é um nome próprio (como Duarte, Bernardo ou Rita, por exemplo) já nos lixa tanto a escolha do primeiro nome, porque seja o que for que se escolha será sempre um nome composto por dois nomes próprios, que depois de se dar muitas voltas à cabeça chega, inevitavelmente, o dia do “Que se foda, fica Duarte Duarte e pelo menos é original”.

Contudo, numa de tentar fazer bom jornalismo e chegar à raiz da questão, falei com Fátima Diogo, mãe do Diogo Diogo, para descobrir se as minhas suposições estavam certas.

VICE: Sempre quiseste chamar ao teu filho Diogo, como uma espécie de obsessão inabalável?

Fátima Diogo: Não diria que desde sempre, mas escolhemos o nome quando ainda namorávamos, bastante antes de o Diogo nascer.

De quem foi a ideia?

Começou com o meu marido. Ele chama-se António Diogo, mas sempre o trataram por Diogo, por causa dessa mania que algumas pessoas têm de tratar os outros pelos apelidos. E ele sempre adorou o nome de família, foi daí que lhe surgiu a ideia de chamar Diogo a um filho.

E tu concordaste logo?

Sim! Achei engraçado, é como uma piada para toda a vida. É original. Pode haver muitos Diogos, mas Diogo Diogo só o nosso.

Então não foi só por preguiça?

(Risos) Não, não! Foi algo em que pensámos, foi um assunto debatido. Mas, sem impedimentos de nenhuma das partes, concordávamos que seria uma boa ideia.

Conheciam mais alguém com nomes repetidos? Agora temos o jogador de futebol André André, por exemplo…

Não conhecíamos, não! Foi ideia nossa, não foi por sermos fãs de futebol, ou de acharmos que seria um nome especialmente artístico.


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Então, só para pôr tudo em pratos limpos… Porquê?

O pai do Diogo adorava o nome de família e achava que esta era uma boa forma de o honrar. Eu adoro o nome Diogo, conhecia o orgulho do meu marido no seu apelido e, acima de tudo, gostei da ideia de ter um filho com um nome tão marcante. Para mim é mais uma questão de “Porque não?”.

Se tivesse nascido rapariga, que nome lhe teriam dado?

Inês. A nossa filha, que é mais velha do que o Diogo, chama-se Inês.

Alguma vez tiveram medo que ele fosse gozado por causa do nome? As crianças conseguem ser cruéis.

Sinceramente não. Nunca achei que houvesse algo de chocante – incomum, sim, mas nada de problemático.

Como foi a reacção das pessoas quando lhes contaste que nome lhe iam dar?

Até hoje as reacções são um misto de espanto e confusão. Como é algo muito fora do normal, as pessoas ficam espantadas. Quando ele era bebé e o levávamos ao médico ou às vacinas, comentavam sempre o nome. O que é facto é que ninguém se esquecia, ficava logo conhecido.

E o que é o que o Diogo Diogo acha do seu próprio nome?

Sempre aceitou bem! Atrevo-me até a dizer que gosta. É o tipo de nome que não se esquece. Costumavam tratá-lo por DiDi, ou por Diogo ao quadrado… Tem graça!


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