A atividade do DJ, na verdade, é bem difícil. Eu sei que isso parece uma piada, é só ficar lá aceitando a atenção de estranhos maravilhados e amigos aduladores, entre goles de cerveja grátis e giros de botão enquanto o Serato faz a maior parte do trabalho duro – mas, honestamente, é exaustivo. Em primeiro lugar, você tem de ficar de pé por um tempo e, embora ficar de pé não seja algo normalmente tão difícil, ter de estar em pé sabendo que sentar não é uma opção é um fardo pesado para se carregar nas costas. Em segundo lugar, é um trabalho de verdade. Você tem de pensar adequadamente: se jogar alcoolizado no piloto automático significa que todo mundo terá uma noite de merda e você nunca mais vai trabalhar naquela cidade novamente. Você precisa aproveitar cada grama de concentração que puder usar em momentos de necessidade. Em terceiro lugar, é preciso mixar músicas adequadamente, e fazer isso, bem, é como eu percebi ao longo do tempo, algo bem difícil. Não é como nas vezes em que você coloca a sua mais nova seleção das destruidoras do DJ Deep em um Pioneer e reza pra que tudo dê certo. Você tem que dar um passo atrás no princípio de prazer da música que você está tocando para conseguir tomar o titpo de decisão calculada calmamente, que é vital para não se tornar um trem desgovernado alimentado por uma combinação tóxica de confiança inadequada, ansiedade extrema, e alguns VKs escondidos na cabine.
A triste realidade é, por mais sedutor que seja o mundo dos DJs, a maioria de nós não está pronta para isso. As coisas que faltam a nós – senso de momento, habilidade de processar mais de uma peça de informação de uma vez só, uma coleção interminável de camisetas pretas justas – são o que nos impede de nos juntar à elite dos seletores que rodam o mundo. Porém, dito isso, superstars ocasionalmente dão para ótimos air DJs também – para evitar vexames não vamos mencionar nenhum nome.
Videos by VICE
Há algo estranhamente agradável e bizarramente charmoso na dedicação dos air DJs para serem realmente bons em fingir que estão fazendo algo – ao invés de tentar fazer mesmo a coisa que eles passaram anos fingindo fazer. Se os air guitarristas podem passar a vida masturbando o ar ao som de “Back in Black”, não há razão por que os air DJs não possam imitar o momento em que o Skream solta um remix do Ten City em um set no Boiler Room.
É preciso ter comprometimento para ser um bom air DJ também. Qualquer um pode cobrir a orelha enquanto lentamente roda sua mão livre, soado instanteneamente como a Emile Heskey ou como um comediante de classe média tentando uma esquete mal-ajambrada. Isso é fácil. É o tipo de air DJing que sua mãe pode fazer. O que nós estamos interessados é em pessoas que levam a imitação a novos patamares, pessoas que claramente vão aos clubes para ficar na frente da cabine assistindo os movimentos precisos de mão do Roman Flugel por seis horas. Então nós encontramos alguns dos maiores jogadores desse jogo e comparamos eles para ver quem é o melhor. Nós avaliamos eles pela verossimilhança de sua técnica e pelo muito importante ‘fator uau’, o star power, que é vital para qualquer DJ grande. Boa sorte, caras.
Candidato Um: O Dom
Ignorando o fato de que a performance dele pode ter sido ajudada pela ingestão de uma mistura de estimulantes e substâncias, esse nível de paixão, equilíbrio e energia é sem paralelos. A maioria dos DJs de verdade não demonstram este grau de comprometimento com a arte deles. Há um nível de semelhança no clipe que torna o seu ator principal um ícone etéreo e digitalizado da energia e da pujança da imitação, ao invés de uma figura maluca e divertida. Isso está na forma como ele busca os discos imaginários, nos bruscos golpes no ar, no momento em que ele se deixa viver na música antes de se recompor e retomar controle completo da situação. Esse é um homem que sem dúvida sabe que merda está fazendo.
Técnica: 10/10
Star power: 8/10
Candidato Dois: A Máquina Verde
Se manter firme, manter o groove, é vital para todos os DJs, não importando o conteúdo do seu set-up favorito. Um DJ não pode se jogar, não pode se empolgar demais no momento em que ele ou ela está tentando criar para os outros. Este jovem parece ter esquecido isso. Ele começa de forma promissora com alguns movimentos súbitos, mantendo as coisas numa boa e simples, mesmo no meio de um clube verde abafado e nauseante. Então, por razões que ele só vai poder expor a um terapeuta, o cara dá uma agarrada de polvo no pilar. Um movimento arrojado, quiçá, mas não particularmente bem sucedido. Um bom DJ mantém a dignidade e o apreço pela vida, mas ao final desse set curto o nosso garoto está em frangalhos.
Técnica: 6/10
Star power: 1/10
Candidato Três: O Driller Killer
Para alguns milhares de sortudos, espalhados por todas as cidades do planeta, ser DJ é uma profissão de tempo integral. Para centenas e centenas de milhares, é algo que eles fazem ocasionalmente. Para milhões é algo que eles fizeram uma vez mas ainda mencionam no Tinder. Para o resto de nós, é algo que tentamos adequar à labuta da vida cotidiana. Nosso último candidato não vê problema em misturar negócios e prazer. Aqui nós vemos ele dar uma pausa nas obturações de uma crianças assustada para delicadamente se jogar em uma house de estádio na frente de uma criança indefesa anestesiada, tornada incapaz de dar a ele o apoio de todos os DJs almejam de suas platéias. Um verdadeiro gol contra.
Técnica: 5/10
Star power: 4/10
Vencedor: Candidato Um, esse é o seu dia de sorte! 2015 é todo seu. Curta a glória das trombetas imaginárias.
Siga o Josh no Twitter: @bain3z
Tradução: Stan Molina