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Até Cubanos

Perguntamos aos cubanos o que acham do fim do embargo econômico

O fim do embargo mexe com sonhos, vontades e opiniões dos cubanos, que sofrem há anos com as restrições. Por isso, saímos às ruas de Havana.

Foi em outubro de 1960 que os EUA declararam embargo econômico, financeiro e comercial a Cuba. A medida impôs restrições às importações de produtos, transações financeiras e limitou o comércio entre os países. O bloqueio foi uma resposta à expropriação de empresas e propriedades norte-americanas pelos comunistas na ilha. Desde então, Fidel Castro classifica o ato como "o maior genocídio da história". A princípio, as consequências do embargo foram minimizadas pelo aumento das relações comerciais entre Cuba e União Soviética. Porém, a partir de 1991, com o fim do bloco socialista, a ilha perdeu 85% de suas relações comerciais, mergulhando o país em uma longa crise econômica.

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Em dezembro de 2014, os Estados Unidos e Cuba acenam para uma nova relação e iniciam negociações para a reabertura de embaixadas. O fim do embargo entra em pauta, e o tema mexe com sonhos, vontades e opiniões dos cubanos, que sofrem há anos com as restrições. Por isso, saímos às ruas de Havana perguntando: o que pode mudar em Cuba sem o bloqueio econômico dos EUA?

Jorge Fernandes, 25 anos - fotógrafo. Foto: Gabriel Uchida

Jorge: Creio que nada vai mudar enquanto nosso governo for o mesmo porque eles têm a mente fechada.

Yaquelin Lorenzo, 26 anos - faxineira. Foto: Gabriel Uchida

Yaquelin: Só vai mudar para os empresários; para nós, continua igual, nada muda.

Reinaldo Lopez, 72 anos - músico de rua. Foto: Gabriel Uchida

Reinaldo: Vão vir mais turistas, mas não nos fazem falta aqueles dos Estados Unidos. Cuba não precisa ter relações com esse país, é só ver o que está acontecendo com a Venezuela.

Adelaida Borges, 73 anos - mãe de santo. Foto: Gabriel Uchida

Adelaida: Espero que seja algo estimulante, que dê melhores condições para os hospitais, as fábricas e, principalmente, para as crianças. Que essas negociações sigam o caminho de dar mais felicidade ao povo cubano.

Alexis Ramirez, 33 anos - bici-taxista. Foto: Gabriel Uchida

Alexis: Imagino que venha mais desenvolvimento e que a economia melhore. Também espero que apareçam mais peças para bicicletas porque, hoje em dia, não existe quase nada nem nas lojas.

Kireisi Ramo, 34 anos - prostituta. Foto: Gabriel Uchida

Kireisi: Aqui não vai mudar nada; no final, tudo que vão fazer é piorar tudo.

René Navarro, 31 anos - DJ. Foto: Gabriel Uchida

René: Acho que nada, mas, se for mudar, que seja a internet, os salários e que possamos viajar.

Eva Iriba, 79 anos - aposentada. Foto: Gabriel Uchida

Eva: Isso não vai mudar nada, tudo já está ótimo aqui.

Ramón Balor, 56 anos - membro do PCC (Partido Comunista Cubano). Foto: Gabriel Uchida

Ramón: Penso que aqui todos seremos beneficiados - e eles também. Vai favorecer o nosso comércio, e todos vamos ganhar com isso.

Maria López, 51 anos - integrante do partido de oposição Cuba Independiente y Democrática. Foto: Gabriel Uchida

Maria: O que existe em Cuba não é um bloqueio, é um "Castro-Bloqueio". Nosso bloqueio é o próprio governo, nosso sistema governamental. Enquanto o sobrenome Castro e toda a sua elite estiverem no governo, isso nunca vai mudar.