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Politică

STF determina suspensão de inquérito sobre Fabrício Queiroz

Decisão favorável ao filho do presidente e senador eleito Flavio Bolsonaro (PSL-RJ) pode ser um tiro no pé politicamente.
Esq. deputado federal Flávio Bolsonaro (PSL). Foto: Wilson Dias/Agência Brasil. Dir. Fabrício Queiroz. Foto: Reprodução
Esq. deputado federal Flávio Bolsonaro (PSL). Foto: Wilson Dias/Agência Brasil. Dir. Fabrício Queiroz. Foto: Reprodução

O ministro do STF Luiz Fux ordenou a suspensão provisória de um inquérito que investiga Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar do então deputado estadual carioca Flavio Bolsonaro. Agora senador eleito, Flavio, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, entrou com o pedido para a suspensão do inquérito, mesmo sem estar sob investigação no caso. O relator do caso no STF é o ministro Marco Aurélio de Mello, mas como a corte está de recesso até o dia 31, coube a Fux, vice-presidente do Supremo, decidir a questão até a volta de Mello.

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Fux entendeu que Flavio, que só toma posse do cargo de senador em fevereiro, já teria direito ao foro privilegiado por já ter sido diplomado. Em 2018 o STF restringiu o foro privilegiado – agora o privilégio só cabe a atos que foram praticados durante o mandato do parlamentar. Porém, o STF também decidiu que escolhe o que fica no Supremo e o que vai a instâncias inferiores. O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro Eduardo Gussem chegou a afirmar que poderia apresentar uma denúncia sobre o caso mesmo sem os depoimentos de Queiroz, que tem se esquivado do MP, mas com a decisão de Fux, não vai rolar. Pra completar, Flavio também quer que o STF cuide das investigações do caso e que as provas já coletadas sejam anuladas, o que vai ser decidido por Mello.

Se criminalmente a decisão de Fux foi uma vitória para Flavio, politicamente a micha caiu: é um desastre para um clã que ascendeu ao poder com um discurso anti-corrupção. No Twitter começaram a pipocar cobranças aos Bolsonaro, vindos de aliados de primeira hora como Danilo Gentili, colegas de Lava Jato de Sergio Moro como Deltan Dallagnol, os ministros militares do governo e mesmo veículos de fake news da extrema direita (desse link eu vos poupo, leitor). A oposição, obviamente, está sambando na cara do presidente, numa semana que contou com notícias como o fato de que Jair Boslonaro embolsou mais de R$ 30 mil de auxílio mudança da Câmara e da polêmica viagem patrocinada pelo PCC de um grupo de deputados do PSL para importar tecnologia de reconhecimento facial dos vermelhinhos.

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O caso levanta mais suspeitas ainda pelas contradições dos envolvidos: Flavio Bolsonaro disse, em dezembro, que era o “maior interessado” na investigação sobre Queiroz. Fux, por sua vez, está entre os ministros que haviam votado pela restrição do foro privilegiado em maio de 2018. Enquanto isso, também espanta o silêncio do clã, tão afeito às redes sociais, em comentar sobre o caso.


Assista ao nosso documentário O Mito de Bolsonaro


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