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Em 2016, havia 10 ONGs a operar navios de resgate no Mar Mediterrâneo, a rota mais perigosa para migrantes que tentam chegar à Europa vindos de África. Hoje, restam apenas três. Isso deve-se principalmente ao ministro populista do Interior da Itália, Matteo Salvini, e às suas duras políticas contra a imigração, que colocam severos obstáculos e penalizações aos barcos de resgate humanitários.
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Ainda assim, alguns dos socorristas não se deixam intimidar e não se desviam daquilo que entendem ser o seu dever moral. “Não tenho dúvidas de que isto é algo que tem de ser feito. Não consigo ir dormir a saber que estou a deixar pessoas no mar, só porque alguém me diz que devia deixar de o fazer”, diz Anabel Montes Mier, que lidera o barco de resgate espanhol Open Arms.
Mier está sob investigação em Itália devido a um resgate realizado em Março de 2018, podendo incorrer numa pena de prisão de até 12 anos se for condenada. Ela está entre as pelo menos 38 pessoas que foram investigadas ou acusadas de ajudar imigração ilegal, uma acusação que supõe que os activistas que resgatam migrantes estão a conspirar com contrabandistas [Nota do editor: entre estas pessoas está também o português Miguel Duarte].
Todavia, a Open Arms continua as suas missões de resgate, mesmo apesar de um novo decreto de segurança de Salvini que lhe dá o poder de proibir os navios de resgate de migrantes de entrarem em águas territoriais italianas, a menos que tenham a sua permissão. Desde que o decreto entrou em vigor, dois barcos desafiaram-no e entraram no porto de Lampedusa para desembarcar migrantes. Ambas as embarcações foram apreendidas e os seus operadores enfrentam multas que podem chegar aos 50 mil euros.
Mier e outros activistas dizem que estão protegidos pelo Direito Internacional do Mar e que levar os migrantes de volta à Líbia devastada pela guerra seria um crime. A VICE News falou com Mier e com um refugiado dos Camarões – mas também com alguns italianos que não sabem se devem ou não confiar nas ONGs.
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