Alice Glass saiu do Crystal Castles em 2014. Ela havia sido a vocalista do grupo desde sua formação, em 2006. Na época, ela citou “razões profissionais e pessoais” como o motivo de sua saída. Mas nessa terça (24), a cantora disse publicamente pela primeira vez que deixou a banda depois de anos de supostos abusos na mão do então colega Ethan Kath (cujo nome verdadeiro é Claudio Palmieri).
Num longo post em seu site oficial, ela disse que Kath a abusou, assediou e intimidou durante toda a existência da banda. Ela diz que o abuso começou quando ela tinha 15 anos. Glass escreveu:
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Claudio era muito manipulador. Ele descobriu minhas inseguranças e as explorou: ele usou as coisas que aprendeu sobre mim contra mim. Durante um período de muitos meses, ele me deu drogas e álcool e transou comigo num quarto abandonado de um apartamento. Não era sempre consensual e ele estava sempre sóbrio quando estávamos juntos. Quando eu tinha 16 ou 17 anos, ele me deu um CD com faixas e pediu que eu escrevesse e cantasse por cima delas. Mas mesmo com a música ele criou um ambiente tóxico, e eu sentia que tinha que acompanhar. Enquanto gravávamos nosso primeiro EP, o engenheiro de som me assediou enquanto estávamos no estúdio. Claudio riu de mim e me pressionou a aceitar. Ele chamou nosso primeiro single de “Alice Practice” e disse que meus vocais eram um teste de microfone. Ele inventou essa história e disse que era uma gravação “acidental”, diminuindo intencionalmente meu papel na sua criação. Era outra maneira de me derrubar e atacar minhas inseguranças.
Ela continua alegando ainda que Kath era dominador e monitorava todas as facetas de sua vida.
Ele controlava tudo o que eu fazia. Eu não podia ter meu próprio celular ou meu próprio cartão de crédito, ele decidia quem seriam meus amigos, lia meus e-mails, restringia meu acesso a redes sociais, regulava tudo o que eu comia. Ele me repreendia e gritava comigo, dizendo que eu era uma piada, que todas as pessoas que vinham aos nossos shows só estavam interessadas nos instrumentais dele e que eu estava arruinando a banda. Ele quebrou boxes de vidro para me assustar, ele me trancou em quartos. Ele me disse que meu feminismo me fazia um alvo para estupradores e só ele poderia me proteger. Ele me forçou a fazer sexo com ele ou, ele disse, eu não poderia mais estar na banda.
Glass já havia insinuado esse relato em entrevistas, dizendo ao Verge em 2014 que Kath não era “um artista apropriado para se apresentar em um evento focado no feminismo”, quando o Crystal Castles, já sem a cantora, anunciou que tocaria num evento do Tumblr. Você pode ler as alegações na íntegra aqui.
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