As imolações pelo fogo estão tristemente na moda na Bulgária

Há uma onda na Bulgária, mas não é no Mar Negro: é uma onda de imolações. Aliás, os búlgaros estão a sacrificar-se em números recorde.

Não é todos os dias que se conhece alguém que tenha passado por isto e as explicações são bastante evidentes: em primeiro lugar, é uma das formas mais excruciantes de se tirar a própria vida e, em segundo, as pessoas que o fazem geralmente não sobrevivem para contar a experiência. Por mais estranho que isto pareça, muitas vezes não são as queimaduras que matam, mas sim as labaredas que entram nos pulmões, asfixiando a pessoa até à morte. As dores são inimagináveis.

Viajei há não muito tempo para a Bulgária e conheci não uma, mas duas pessoas que se tentaram imolar. “Resolver problemas com gasolina é a nova moda”, confirmou-me uma dessas pessoas, um homem chamado Georgi Kostov. Duas semanas antes do nosso encontro, o Georgi, desempregado e cheio de dívidas, pensou que tinha cobradores da máfia à porta e enfiou-se no quarto. Saiu de lá encharcado em gasolina, acendeu o isqueiro e foi engolido pelas chamas em frente à própria família, que o conseguiu salvar com algum esforço (a mulher, Donka, sofreu queimaduras em terceiro grau nos dois braços).

O Georgi não está sozinho neste desespero extremo. Nos últimos seis meses, a Bulgária conheceu um crescimento astronómico de imolações e já é o segundo país do mundo com mais casos de imolação pelo fogo (logo a seguir à China, onde, por culpa do Tibete, as imolações são quase rotineiras).