Barcelona desaprova apoio de Ronaldinho a Bolsonaro

Barcelona afasta Ronaldinho das atividades do clube por apoiar Bolsonaro

Nesta terça, 16, o Barcelona Futebol Clube considerou afastar Ronaldinho Gaúcho das atividades de embaixador do clube.

O fato se deu após o jogador dar diversas declarações favoráveis ao candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL), incluindo uma foto publicada na véspera da eleição com o número do presidenciável.

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Segundo o jornal espanhol Sport, o Barcelona declarou que o apoio do jogador ao candidato pelo PSL é incompatível com os valores do time.

“No Barça, defendemos valores democráticos que não coincidem com algumas ideias que temos escutado sobre esse candidato. Nós, como democratas, respeitamos a todos. Neste caso, respeitamos a opinião de Ronaldinho. Não compartilhamos de muitas destas ideias, mas respeitamos a liberdade de pensamento”, afirmou o porta-voz do clube, Josep Vives, em nota oficial.

O plano é diminuir a presença do jogador brasileiro em eventos que envolvam o clube. Rivaldo, que também apoia o militar da reserva, também perderá sua parte nos encontros institucionais. “Vamos observar cuidadosamente a evolução do caso Ronaldinho e tomaremos uma decisão. Agora, não há nenhuma decisão tomada, mas seguiremos atentos, porque estamos preocupados sobre como isso pode afetar a imagem do clube”, diz Vives.

Para os comentaristas da imprensa espanhola, a razão para o afastamento é simples: um ex-militar que ameaça a democracia, banaliza a ditadura e apoia a tortura vai contra o histórico de um time que é símbolo da independência catalã, estado que duramente sofreu durante o golpe militar na Espanha.

“A homofobia, a misoginia e o racismo que Bolsonaro pregou ao longo de seus 30 anos de carreira política e que tem exaltado em sua campanha eleitoral são inaceitáveis no ponto de vista dos torcedores do Barcelona já que esse é um dos times que mais se posicionou do lado oposto ao do Bolsonaro”, escreveu o jornal.

Desde o ano de nascença do time de Barcelona, o clube esteve ligado à cultura da Catalunha, que foi marcada pela luta, resistência e o desejo pela independência estatal.

Hoje a Catalunha é vista como um estado não organizado e nação autônoma dentro da Espanha. Eles têm língua própria e podem decidir sobre suas decisões, porém ainda mantém dependência com o país europeu.

A decisão de tornar o estado autônomo se deu depois de 50 anos de regime militar e duras exclusões e consequências por conta da língua e da cultura que se diferencia com o resto da Espanha.

Assim como no Brasil, o país espanhol obteve uma sucessão de militares no poder. Durante o segundo e último governo do golpe, com o general Franco, o time de Barcelona se tornou sinônimo de luta pela independência catalã. A língua e suas tradições foram completamente abolidas e o time também sofreu duras consequências.

Desde a ascendência do candidato Jair Bolsonaro (PSL) nas pesquisas, jornais internacionais como o The Economist, Washington Post, The New York Times e The Guardian alertam a sociedade em relação ao risco democrático, econômico e de segurança pública que Jair carrega e representa.

Enquanto isso, a sociedade brasileira não parece preocupada ou ciente da perigosa dimensão histórica que Bolsonaro representa, como também afirmou neste domingo, 14, Paula Cesarino, ombudsman da Folha de S. Paulo.

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