O Rio é um lugar complicado. Politicamente, socialmente, culturamente: tudo é truncado na cidade maravilhosa, que tem suas feridas expostas sem cerimônia para o resto do país e mundo. Só alguns dias de volta à cidade depois de uma temporada tocando e produzindo a festa do selo A Onda Errada em São Paulo, o carioca Cassius A. (ex-Dorgas) começou a revisitar (e musicar) sua visão do Rio — o resultado você ouve em primeira mão nessa quarta (4) no THUMP.
“Acho que quando você nasce, cresce e vive décadas no mesmo lugar, você cria um vínculo enorme com as idéias que você constrói e as pessoas que você se relaciona, e também uma frustração exagerada com o que se mantém estagnado. Quando você vai embora, a primeira mudança é em você”, fala Cassius. “O lugar que você saiu, quando ele é afastado da sua rotina, vira um retrato meio apagado, uma realidade que não importa da mesma forma porque você não precisa mais ter que constantemente lidar com ela.”
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Cassius explora essas questões em faixas como “Rolo Compressor e “Cidade Partida”, em que canta “Em suas velhas ruas eu me sinto calo / Em seus dedos, opressão / Na ladeira onde nascem as memórias / Uma promessa é perdida na história.”
Aliás, cantar era uma questão importante para ele no processo de gravar esse disco. Percebendo a dificuldade que enfrentava em tocar sintetizador, bateria eletrônica, sequenciador de baixo e cantar ao mesmo tempo enquanto apresentava ao vivo Cemitério de Elefante, seu primeiro EP lançado em janeiro do ano passado, Cassius se comprometeu a seguir um caminho mais simples com seu pop sintetizado oitentista. “Nisso, fiz a primeira música, “Circo de Elite”, que surgiu de alguma forma como uma antítese às músicas do Cemitério, e à experiência de tocá-las ao vivo.”
Ouça Coisas no Rio, que sai pelo A Onda Errada:
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