Quando Rudolf Stingel decide fazer chapas de níquel em painéis de Celotex, quando Evan Gruzis decide recriar um par de óculos de sol Ray-Ban em mármore ou quando Richard Hughes decide fazer um trabalho em bronze a partir de um colchão velho, tais artistas chamam uma única pessoa: o Eugster. Ou, mais formalmente, Jan Eugster.
No ramo da fundição há cerca de 20 anos, Jan Eugster trabalha em parceria com artistas quando estes precisam de ajuda para criar moldes e esculturas. De seu ateliê na Suíça, Eugster conversou com o The Creators Project sobre sua história como técnico de fundição e a colaboração com os artistas contemporâneos, além da experiência de trabalhar com Urs Fischer na criação de um buraco cinza gigante.
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“Eu era técnico em um ateliê de fundição artística onde fazíamos esculturas. Foi assim que comecei”, conta. “Eu não tinha nenhum conhecimento prévio, não frequentei nenhuma escola de artes. Vim de um lado mais técnico.” Desde o começo, em 1996, os pedidos dos artistas mudaram drasticamente.
Segundo Eugster, há várias formas de colaboração com os artistas com quem trabalha. “Há o jeito clássico”, explica Eugster. “Quando você tem um modelo e você precisa fazer uma cópia em um material diferente, e trabalhamos com processos de molde. Há também um outro lado completamente diferente, quando me dão um rascunho ou uma imagem de Photoshop.” Mas a colaboração com o artista pode começar de um ponto ainda mais obscuro que uma sugestão digital: “Às vezes eles só me ligam. Uma vez, Urs Fischer me ligou e me disse que queria fazer um buraco cinza, então criei a obra Sem Título (Hole) em 2007. Mas isso requer uma colaboração mais próxima. Já trabalhei tanto com Urs Fischer que eu basicamente sabia o que ele queria no final, como o trabalho estaria em consonância com sua obra e como seria o acabamento e tudo”.
Quando perguntado se, ao fazer todo esse trabalho para outros artistas, Eugster não tem vontade de criar suas próprias obras, a resposta é negativa. “Esse não é meu objetivo. Prefiro criar as peças para os artistas, essa é minha paixão”, explica. Eugster fala de seu trabalho como técnico orgulhoso e profissional. Ele explica o processo como um quebra-cabeças a ser resolvido, sempre à procura “da melhor solução possível” para o artista.
Segundo Eugster, a parte mais difícil de seu trabalho é “ser o chefe”. “Com o comando de uma empresa e uma equipe vem também muita burocracia”, conta. “Não gostaria de lidar tanto com isso, mas esse trabalho precisa ser feito. O trabalho precisa ser guiado, precisa de um plano, por isso interajo muito com o artista e com a galeria. Mas os dias que mais gosto são aqueles em que visto as roupas de trabalho e resolvo problemas físicos, esses são os melhores dias.”
“Sou realmente apaixonado por criar a obra de arte em si.”
Clique aqui para ver mais do trabalho de Jan Eugster.
Tradução: Flavio Taam