Na semana passada, nossos primos do Primeiro Mundo publicaram essa lista, compilando os 99 discos mais importantes da história da dance music e lógico que, por ser uma lista, o tal buzz negativo nas redes comeu solto. Até a Fact Magazine deu o seu pitaco sobre a lista e o impacto dela. O leitor atento (cri-cri, que nem eu e você) já vai dizer PERA LÁ, PARÇA! DANCE MUSIC É VÁRIAS FITA! VAI TER UM LOUIS ARMSTRONG NO TOP 10? PQ DANCE MUSIC É MUSIC PRA DANÇAR NÉ VÉIO? NÃO É S?” POPER?” E TECHNÊRA BOSTA! Então, antes de você correr para a rede social mais próxima e postar em maiúsculas o quanto essa lista é um lixo e você está descurtindo a página, quero só dar um pequenino contexto.
A intenção não é salvar a lista (sendo sincero, também acho que ela não é boa, não), mas só esclarecer que esses 99 álbuns foram reunidos por alguém que está pensando no norte-americano de 20 e poucos anos, que está na faculdade agora (ou recém saído), e até 2005 era fanzão do Good Charlotte. Um carinha meio machão, com um bronze artificial e que foi direto do Green Day É a Melhor Banda do Mundo pra ficar sem camisa no Electric Daisy Carnival ouvindo deadmau5.
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Como a Fact bem colocou, essa rapaziada jovem da Electronic Dance Music norte-americana praticamente desconhece a rica e esquerdista história da Dance Music neta da disco e filha do house/techno. Por isso, peço: abra o coração e entenda que a ideia da lista é mais informar e enriquecer o arcabouço cultural de uma molecada que só conhece o Underworld por causa do Trainspotting — e olhe lá. E qualquer reclamação sobre o Discovery ser O Disoc Mais IMportante da Història da Dance Music é PROCEDENTE e te dá plenos direitos de chorumar muito nas redes.
No mundo da dance music, o que pega mesmo são os singles. Ainda assim, nem todo mundo é DJ e tem vezes que que uma playlist não quebra o galho. Mesmo em uma época em que a indústria musical sacia apetites por faixas individuais, o disco de dance (aquilo que te faz dançar a noite toda) segue relevante e poderoso.
Ao preparar esta lista de Melhores Discos de Dance Music de Todos os Tempos, focamos exclusivamente em álbuns autorais — aquelas declarações completas de intenção musical e ambição para as pistas. Singles são demais, mas discos como estes são icônicos ao seu modo, servindo de base para o passado lendário e futuro brilhante da dance music.
Não incluímos coletâneas, best of, trilhas sonoras ou remixagens; cada um tem seu lugar, mas não aqui. Em vez disso, listamos os 99 álbuns que deixaram uma marca na pista e que vão te fazer suar enquanto você faz aquela sua parada, seja no quarto, debaixo de um globo de espelhos ou banhado pela estrelas.
99. Stromae: Racine Carrée [Mosaert/Republic] 2013
As barreiras linguísticas são irrelevantes na dance music. Eis a teoria que o produtor/compositor/cantor belga Stromae toma como base. Seu segundo disco é inteiramente em francês. Sons de festa (“Ta fête”), músicas pra dançar (“Tous les mêmes”) e momentos frenéticos (“Humain à l’eau”) ficam um ao lado do outro confortavelmente como uma espécie de Nações Unidas sonora.
98. Fischerspooner: Odyssey [Capitol] 2005
A dupla art-pop composta por Warren Fischer e Casey Spooner deixou de lado o “clash” do electro ao compor seu disco de estreia por uma grande gravadora. Em seu lugar, serviram uma crítica à estrutura dos álbuns pop ao fazer um disco pop só seu. Odyssey trouxe para a cena uma irônica consciência de si mesma que não atrapalhava o potencial para as pistas de faixas como “Never Win” e “Just Let Go”.
97. Les Rythmes Digitales: Darkdancer [Wall of Sound] 1999
Antes de se tornar Jacques Lu Cont, Thin White Duke ou o produtor queridinho de gente como Madonna, Kylie e The Killers, Stuart Price era Les Rythmes Digitales. Em seu segundo disco sob esta alcunha, ele reverencia a música eletrônica francesa dos anos 90 que tanto amava com fantásticas viagens em faixas sobre suar, perder as estribeiras e sons discos com samples lisonjeiros.
96. Ellen Allien & Apparat: Orchestra of Bubbles [Bpitch Control] 2006
Os músicos eletrônicos alemães Ellen Allien e Apparat têm catálogos impressionantes, mas seu disco colaborativo, Orchestra of Bubbles, ganha destaque na pista de dança. O amor em forma de glitch do Apparat é equilibrado pelo fetiche por graves de Allien e de alguma forma suas características individuais colidem-se no escuro e geram uma obra-prima techno que também é irrepreensivelmente dançante.
95. The Presets: Apocalypso [Modular] 2008
Em seu segundo disco, os Presets provaram ser os malandros subversivos da boate, especialmente com “My People”, uma pedrada destruidora e obscura sobre as condições terríveis das prisões australianas. Apocalypso não é só política de pista, até porque “This Boy’s In Love” e “Talk Like That” tem temática mais comum, unidas por sintetizadores intensos e incomuns.
94. Colette: When the Music’s Loud [Candy Talk] 2013
Em seu primeiro disco lançado por sua própria gravadora após uma carreira de discos no influente selo da Costa Oeste, Om, a produtora/cantora/DJ Colette deixa para trás o deep house que o mundo estava descobrindo na época em prol do Italo-disco, electro e um tiquinho de amor aos synth 80’s. A temática de When the Music’s Loud gira em torno da vida de DJ, mas as batidas são mesmo para as pistas.
93. Boys Noize: Oi Oi Oi [Boysnoize Records] 2007
Este disco surgiu como um soco na cara, e a marca de a sua luva em pedraria ainda dói. Essencialmente, quebradas de hip-hop e acid house ficaram bastante bêbadas em uma festa; nove meses depois, o Boys Noize chega com seu debut. Botar Oi Oi Oi pra rolar na rua pode levar ao pavoneio severo, fazer cara de malvadão sem querer e batalhas de dança espontâneas.
92. Skrillex: Bangarang [Atlantic/OWSLA] 2011
Quando Bangarang foi lançado, “dubstep” era um fenômeno mundial e Skrillex era um dos ativos mais rentáveis na dance music. Que ele tenha colaborado com The Doors, lançado a introspectiva “Tokyo” e também os ruídos de 12th Planet e Kill The Noise na aventura glitch meio raver “Right On Time” prova que ele estava à frente do jogo que ajudou a criar.
91. Drexciya: Neptune’s Lair [Tresor] 1999
Fora de catálogo e ruim de achar durante anos, Neptune’s Lair tornou-se um disco enigmático enquanto sua influência perdurava. Faixas como “Surface Terrestrial Colonization” mostram o porquê. É o som do futuro visto pelos olhos da primeira geração de gamers: esperançoso e ansioso, experimental mas com pés firmes na realidade da estrutura de cada faixa e melodia ocidental.
90. Clean Bandit: New Eyes [Big Beat/Atlantic] 2014
Quando o mundo se cansou do tom desajeitado do EDM, o Clean Bandit ofereceu a uma nova geração uma abordagem mais delicada e hábil da dance music. A molecada londrina de Cambridge chegou com fortes influências clássicas e uma mentalidade doce com a qual todos podiam se identificar que incluía rap, piano house e Mozart em graus semelhantes de cuidado, ao passo em que faixas como “Rather Be” levavam o house de volta ao rádio.
89. Major Lazer: Guns Don’t Kill People… Lazers Do [Downtown] 2009
Antes de Diplo se tornar um nome comum na cena, o Major Lazer era coisa de dois caras brancos mais o desenho de um jamaicano com um braço laser. Quando se juntaram no Tuff Gong, estúdio jamaicano, o som que saiu das caixas era tão sujo e rude que não tinha como ser ignorado. Era a época de Skerrit Bwoy em que daggering [espécie de dança extremamente erótica] era algo perigoso e “Pon De Floor” bombava sem Beyoncé [que sampleou a faixa em Run The World].
88. Deadmau5: For Lack of a Better Name [Ultra/Mau5trap] 2009
Esre é o quarto LP do nerd de computadores que virou DJ potência, possivelmente o disco mais intenso de Deadmau5 até então. Lotado de hinos meio trance e progressivos como “Ghosts’n’Stuff” e a ode à serotonina “Strobe”, o álbum mostra sua habilidade no sound design, criando faixas que colocam o por vezes o caprichoso produtor na categoria daqueles que realmente vão além no novo milênio.
87. The Killers: Hot Fuss [Island] 2004
Se o Interpol foi o Joy Division do revival pós-punk dos anos 00, o The Killers era o New Order. Seu disco de estreia, Hot Fuss, prestava tributo aos grandes nomes do dance-rock inglês dos anos 80 e com muito bom gosto. Ainda assim, o The Killers é uma banda de norte-americanos de sangue quente. Um abraço pro Tio Sam por clássicos dance indie como “Smile Like You Mean It,” “Somebody Told Me,” e “Mr. Brightside.”
86. Simian Mobile Disco: Attack, Sustain, Decay, Release [Wichita/Interscope] 2007
O primeiro disco do Simian Mobile Disco é um retrato do grupo em seus momentos mais cabeçudos e viscerais, com todo tipo de pedrada que se esperaria de quem vem de Manchester. O resto do seu material não é para as pistas de dança, mas isto aqui assim. Sons como “Hustler” caem bem como o que rolava de electro na época, mas com algo que os distinguia. Coincidência pura, temos certeza.
85. Kyary Pamyu Pamyu: Nanda Collection [Warner Japan] 2013
Qualquer um que esbarra no clipe de “Fashion Monster” pensa, possivelmente em voz alta, “Quem é esta criatura?”. Tão assombrosa é a cantora pop japonesa fantasiada Kyary Pamyu Pamyu que acaba fazendo Lady Gaga parecer entediante e inspira artistas como Porter Robinson com seus sons gerados por computador e a pegada meta-qualquer-coisa do seu ethos aberrante J-Pop. Vale conferir também a paulada com Koto [instrumento japonês similar à cítara] “Ninja Re Bang Bang”.
84: Classixx: Hanging Gardens [Innovative Leisure] 2013
Este disco já era clássico (sacaram?) antes mesmo de sair. “I’ll Get You” foi revolucionária em 2009, e por mais que que esses manos do lado ensolarado de LA tenham demorado quatro anos para lançar um disco, a gente ainda “curtia graves”. Hanging Gardens é composto por 12 faixas de empolgação perfeita. Se você fizesse a trilha sonora do melhor primeiro encontro da história, daria nisso aqui. Pancada pra sempre.
83. Calvin Harris: I Created Disco [Columbia] 2007
Ao divulgar seu disco de estreia, o então desconhecido produtor Calvin Harris jurou que não estava tentando falar que inventou a disco, mas sim que havia feito um álbum de disco music. Antes de virar arroz de festa na rádio, o lance de Harris eram mesmo melodias contagiantes e altamente dançáveis, prontas para shows ou sets em faixas como “The Girls e Acceptable in the 80s”.
82. Hot Chip: Made in the Dark [EMI/Astralwerks/DFA] 2008
Enquanto o resto do mundo corria para meter eletrônicos demais no seu dance, o Hot Chip botou a gente pra requebrar com nada além de guitarras, um sintetizador e muito sentimento. Este bando de caras-comuns de Nottingham tornou-se uma das poucas bandas indie a serem aceitas por completo pela comunidade dance. Discos como este provam que há um raver em cada um de nós.
81. Akufen: My Way [Force Inc] 2002
O produtor de Montreal Marc LeClair gravou mais de dois mil samples curtos em seu rádio de ondas também curtas, cortando e colando-os de forma meticulosa sobre batidas house animadíssimas, fodendo com a cabeça de todo mundo ao criar um disco que é, ao mesmo tempo, intelectual e malemolente. É uma bagunça gloriosa e caótica de clipes de áudio, guiados de forma magistral, provando que a dançabilidade de um disco não precisa ser sacrificada em prol da experimentação.
80. Fatboy Slim: Halfway Between the Gutter and the Stars [Astralwerks] 2000
Baseado em uma citação de Oscar Wilde, o título deste disco é uma espécie de grande filosofia de vida. Em “Sunset (Bird of Prey)”, Fatboy Slim transformou Jim Morrison em uma estrela do EDM 12 anos antes de Skrillex. Ele contou ainda com a participação de gente como Bootsy Collins e Macy Gray e, além disso, você deve lembrar do incrível clipe dirigido por Spike Jonze em que Christopher Walken dança, e então voa.
79. Chromeo: Fancy Footwork [Turbo] 2007
O segundo disco do Chromeo colocou mesmo a dupla de Montreal e seu electro funkeado cheio de sintetizadores nas pistas de dança. Da agitada faixa-título, à brisa de canções de ninar como “100%”, Fancy Footwork tinha o equilíbrio certo entre bobeiras com talk box e charme conquistador no tempo certo. Temos até oportunidades o suficiente para cantarmos juntos, a ponto de deixar para lá os suportes de teclado em forma de pernas.
78. Gorgon City: Sirens [Black Butter/EMI] 2014
Aquele lance do revival garage sempre cairia nas graças do mainstream, de um jeito ou de outro, e que bom que isso aconteceu com o Gorgon City. A dupla londrina pegava os sons atuais das pistas e moldava em um formato palatável sem diluir sua criatividade. Eles até conseguiram tirar uns hits no meio disso tudo. Prova de que a música das pistas consegue viver na rádio pop também.
77. Deee-Lite: World Clique [Elektra 1990]
Se a única música que você associa com o Deee-Lite é “Groove is in the Heart”, largue tudo que está fazendo agora e escute World Clique de cabo a rabo. Faixas de house psicodélico animadoras como “Good Beat”, “Power of Love” e “What Is Love?” provam que o trio de ex-baladeiros de Nova York era… Digamos… Delicioso? De-amável? Deleitável? Devino (sic)? Delindos? Degroovy?
76. Gwen Stefani: Love. Angel. Music. Baby. [Interscope] 2004
Quem consegue pegar um tema de Um Violinista No Telhado e transformar em um sucesso com participação de Eve? A mesma mulher que consegue platina tripla soletrando “bananas”. Gwen Stefani se apropria da cultura japonesa numa boa em seu disco de estreia; com o auxílio de gente como Andre 3000, Neptunes e Dr. Dre na produção, é fácil entender o porquê.
75. Femi Kuti: Shoki Shoki [Barclay] 1998
A sensualidade crua de “Beng Beng Beng” rouba a cena aqui, com razão, mas o segundo disco de Femi Kuti, Shoki Shoki, foi tão bem recebido pela cena eletrônica que acabou ganhando seus próprios remixes. Ainda assim, o disco original é fogo puro, com o jovem Kuti mantendo o legado de seu pai de política de pista Afrobeat vivo entre espirais de sopros e batidas.
74. Manuel Göttsching: E2-E4 [Inteam] 1984
Discos como estes são feitos para serem ouvidos na faculdade. Não porque Manuel Göttsching é um intelectual, por assim dizer, mas seu trabalho é tão conceitual (E2-E4 tecnicamente é uma música só, dividida em nove faixas com títulos que remetem à jogadas de xadrez) que pode ser usado como trilha para uma festa e também tema de seu trabalho de conclusão de curso.
73. Róisín Murphy: Overpowered [EMI] 2007
Com seu segundo álbum solo, a responsável por “Sing it Back” do Moloko mais uma vez levantou a rotineira pergunta: “Por que diabos Róisín Murphy não é uma puta estrela?!!”. Desta vez, aliando-se aos produtores do Groove Armada, Ill Factor e Bugz in the Attic, os vocais vivos de Murphy e sensibilidades musicais excêntricas são apresentadas habilmente em uma série de faixas electro-disco muitíssimo bem feitas.
72. Theo Parrish: First Floor [Peacefrog] 1998
Inicialmente lançado como dois EPs separados, o disco de estreia do produtor de Detroit apresentou às massas sua house music com pegada jazz-funk alienígena, bem como as engenhosas técnicas de programação pelas quais ficou conhecido. Ao passo em que as faixas de Theo Parrish sejam sempre a salvação de um DJ, First Floor nos permitiu compreender um pouco as minúcias que serviriam de trilha para seus sets lendários por todo o sempre.
71. Orbital: The Middle of Nowhere [FFRR] 1999
Grooves mutantes unem-se no famoso quinto disco destes irmãos ingleses, no qual sons robóticos funkeados misturam-se sem esforço com vocais femininos e ambient techno exuberante. The Middle of Nowhere foi um sucesso no Reino Unido, com um som um pouco mais claro ao que se estava acostumado, mostrando que mesmo pedradas ambient podem ser divertidas pra cacete.
70. David Guetta: Pop Life [Perfecto/Ultra] 2007
Pouco antes de David Guetta ter descoberto o segredo de sua própria vida pop, ele lançou este clássico de eurodance de meados dos anos 2000. Direto de Ibiza, pronto para as pistas urbanas, este disco mostra o melhor de Guetta e seu produtor-parceiro Joachim Garraud. Caso Guetta ou qualquer um de seus contemporâneos do EDM estejam em busca de um pouco mais de vida, ela ficou aqui.
69. The Rapture: Echoes [DFA] 2003
O The Rapture capturou as mentes do movimento indie-dance millennial com bumbos pulsantes, ruídos de inspiração house e vocais distorcidos que apresentavam toda uma nova estética com instrumentação clássica. “I Need Your Love” e “House of Jealous Lovers” são punk rock para a pista de dança botando a galera de jeans skinny pra requebrar como se fossem ravers. Isso aqui não é aquela disco que seu tio bacanudo ouvia.
68. Moby: Play [V2/Mute] 1999
Play é o Kanye West dos discos de música de eletrônica, no sentido de que Moby levou o disco para tudo que é gravadora e todos foram burros de deixar passar. De cara, um fracasso, mas que posteriormente rendeu a Moby o licenciamento de todas suas 18 faixas para filmes, TV e comerciais – feito inédito para qualquer álbum até então. Tal estratégia fez com que as pessoas ouvissem um dos discos mais tocantes, emocionados e inspiradores na história da dance music.
67. Kid Sister: Ultraviolet [Fool’s Gold/Downtown] 2009
Após diversos atrasos e mudanças no nome, o disco de estreia de Kid Sister poderia ter sofrido com a fadiga causada pelo hype. Em vez disso, Ultraviolet chegou como um soco na fuça com produção de Angello e Ingrosso (pré-SHM), Yuksek (antes de você conhecê-lo), Sinden, A-Trak e mais. Ao longo do álbum, a voz da cantora/rapper se sobressai, unindo uma série de batidas díspares para uma noite quente na rua ou em casa.
66. LCD Soundsystem: This is Happening [DFA/Virgin] 2010
Cada disco do CD tem sons cheios de guitarra e nostalgia o bastante para deixare todo mundo com os olhos marejados e os pezinhos batendo (além de manter os hipsters satisfeitos). A dobradinha “Dance Yrself Clean” e “I Can Change” no último disco da banda é a cereja do bolo do bando de dance-punks de NY liderados por James Murphy. Pontos de bônus pela psicodelia escrita por Carl Craig que é “Throw”, inclusa como faixa extra.
65. ABBA: Arrival [Polar] 1976
Você pode dançar, pode requebrar, pode admitir que o ABBA é um desses guilt pleasure que cultivaremos pra sempre. Arrival é o disco de maior sucesso do grupo pop sueco, com três de seus maiores hits (incluindo “Dancing Queen”). Estas faixas são basicamente a raiz da disco-jive; elas incitam o clima para o estalar de dedos e remexer de quadris que é a essência da disco music dos anos 70.
64. Groove Armada: Vertigo [Jive] 1999
Acredite se quiser, houve uma época em que dizer coisas como “sacode esse traseiro” era ousado. Nesta era de inocência surgiu “I See You Baby” do Groove Armada em seu disco de estreia, Vertigo. O hino da positividade “If Everybody Looked the Same” apareceu em incontáveis filmes e comerciais, mas no house não há vergonha em faturar uns trocados.
63. Avalanches: Since I Left You [Modular] 2000
Uma década e meia após seu lançamento, Since I Left You segue como uma balada de outro mundo. O Avalanches desde então virou algo que mítico no seu país natal, Austrália, e além de nunca terem lançado um sucesso, diz-se que foram soterrados por cobranças de direitos de samples. Extenso e complexo, o disco mina o espaço entre o microtech e o pessimamente nomeado gênero conhecido como “plunderphonics” [que consiste em pegar sons alheios e transformá-los em uma nova composição] em mundo anterior aos mashups.
62. Cassius: 1999 [Virgin] 1999
Enquanto a maior parte das pessoas lembra dos amigos-robôs do Daft Punk, a house francesa dos anos 90 não seria a mesma sem o disco de estreia de Philippe Szar e Boom Bass, sob a alcunha Cassius. Em grande parte fundamentado sobre samples e preenchido com quentura hipnotizante das pistas, 1999 consegue soar como um disco de bom gosto e sofisticadamente divertido sem ceder às modinhas furrecas da música eletrônica da época.
61. Burial: Untrue [Hyperdub] 2007
Em Untrue, o misterioso produtor britânico Burial criou um novo panorama musical dub até que se prove o contrário. Até hoje soa como dubstep de um futuro distante, mesmo tendo sido lançado em 2007, antes de toda aquela cena pensar em olhar para frente. É um trabalho de arte em IDM, na voz de música de pista urbana britânica.
60. Gorillaz: Demon Days [Parlophone] 2005
Qualquer disco de dance que comece com um sample de clarinet baixo da trilha de Madrugada dos Mortos e dê à luz singles contagiantes como “”Feel Good, Inc.” e “DARE” é coisa de gênio. Demon Days destilou a visão musical caótica do quarteto-cartoon de Damon Albarn e Jamie Hewlett de forma descolada e ampla. É algo tão artisticamente sofisticado que não dá pra chamar de golpe.
59. Yelle: Pop-up [Source Etc] 2007
Poucos artistas conseguem lançar uma carreira a partir da força de uma tendência de dança de rua. O trio electro-pop parisiense Yelle conseguiu. O cover que fizeram da oitentista “À cause des garçons” levou vibes tectonik à inferninhos e boates de toda a parte, convidando o público a fazer parte da nova onda eletrônica francesa. Até mesmo os momentos mais calmos de Pop-up são dignos de uma le dancinha.
58. Swedish House Mafia: Until Now [Astralwerks] 2012
Ame-os ou odeie-os, ninguém pode negar a empolgação emulsiva do comecinho da primeira faixa de Until Now, “Greyhound”. Por mais que o trio sueco negasse ter interesse em fazer um disco, o fizeram ao compilar um punhado de singles e arrematar com o que havia de melhor no EDM pop do começo dos anos 10.
57. Britney Spears: In The Zone [Jive] 2003
Este não é o melhor disco de Britney (este seria o adequadamente intitulado Blackout, de 2007), mas este é o melhor para se dançar. Com participações de Snoop, Madonna e os Ying Yang Twins, produção de Moby e Bloodshy & Avant (pré-Miike Snow), é um álbum em que a estrela pop caiu na noite e curtiu. Fora isso, “Toxic” é uma de suas faixas, possivelmente um dos melhores momentos de dona Britney.
56. DJ Shadow: Endtroducting….. [Mo’ Wax/Island] 1996
Famoso por ser composto inteiramente por samples, Endtroducing… foi um disco inovador, décadas a frente de seu tempo e um grande marco do hip-hop instrumental. O álbum mudou a forma com como as pessoas percebiam os DJs na construção da música, um processo tornado ainda mais notável quando Shadow admitiu ter feito tudo “com um sampler em um pequeno estúdio”.
55. Björk: Debut [One Little Indian] 1993
Polêmico em seu lançamento, o primeiro disco solo de Björk pós-Sugarcubes, Debut, era um ambicioso opus pop que referenciava do jazz ao techno. Faixas como “Human Behaviour” são canônicas, e por mais que Post desse aos críticos a oportunidade de voltar atrás com o que falaram sobre o disco, músicas como “Big Time Sensuality” são o momento mais dançante da artista. Comparado com o que veio depois, este material é totalmente acessível.
54. Dizzee Rascal: Tongue n’ Cheek [Dirtee Stank/Liberation] 2009
O rei do grime londrino sempre teve uma quedinha por graves e batidas perturbadoras, mas o quarto disco do rapper parou de flertar com a dance music e nela caiu de boca. Colaborando com gente como Chase & Status, Calvin Harris e Armand Van Helden, ele provou que sabia o que fazer, mostrando um lado mais amigável. O bicho ainda vai te passar a perna, mas antes te paga uma bebida.
53. Nero: Welcome Reality [MTA Records] 2011
Há uma escassez de clássicos no final da era electro/começo do EDM, mas Welcome Reality, o disco pós-apocalíptico conceitual de Nero, triunfa ao oferecer pop pronto para o rádio e graves de derreter o melão. O disco traz um nível de talento artístico e narrativa para um gênero que muitas vezes carece de ambos. Claro que tem uns momentos bregas, mas falando de apocalíptipop, talvez esse disco nunca seja superado.
52. Paul Oakenfold: Bunkka [Maverick] 2002
O single de sucesso “Starry Eyed Surprise” com Shifty Shellsock da banda de rap-rock Crazy Town sempre será digno de calafrios? Sim. Você deveria deixar essa faixa de lado? Sim! O restante de Bunkka é um caldeirão de vocalistas convidados (Emiliana Torrini, Ice Cube, Hunter S. Thompson) e vibes (“Ready Steady Go,” “The Harder They Come”), mas enquanto cartão postal de uma época de trance para as pistas, ainda funciona.
51. Metro Area: Metro Area [Environ/Source] 2002
Como o mito do guarda-volumes gratuito, o primeiro e único disco do Metro Area virou uma espécie de lenda urbana. Será que rolou mesmo? Será que terá um sucessor? O que sabemos é que este pedaço de mau caminho em forma de house invadiu coleções de discos nos anos 2000 e nunca foi embora, levando a muitas noites de remelexo em pistas por toda parte.
50. Deadmau5: Random Album Title [Ultra] 2008
Por mais que não tenha sido seu primeiro disco, Random Album Title foi meio que uma saída do armário para o Deadmau5. Ele aperfeiçou sua sonoridade, dando ao tom imersivo do disco anterior uma sensibilidade melódica mais aconchegante. Faixas como “Not Exactly” e a colaboração com “I Remember” (o número 24 desta lista) não soam apenas eufóricas ao vivo, mas geniais em fones de ouvido.
49. Cut Chemist: The Audience’s Listening [Warner Bros] 2006
Quando uma criança perguntar “O que é um DJ e o que ele faz?”, dê a essa criança uma cópia de The Audience’s Listening. Em seu primeiro disco independente do Jurassic 5, Cut Chemist cria um diálogo entre artistas, ele mesmo e seu público com samples inteligentes, scratches feitos no tempo certo e belos loops. Uma verdadeira viagem sonora, este disco representa décadas de história refinadas em um glorioso pacote.
48. Ricardo Villalobos: Alcachofa [Playhouse] 2003
Por mais que o germano-chileno excêntrico Ricardo Villalobos seja conhecido por seus sets sem fim, seu primeiro disco o colocou na posição de pioneiro do minimal techno. Levando o nome “alcachofra”, em espanhol, o disco não tem nenhuma faixa abaixo de sete minutos, deixando claro que a mentalidade do produtor nunca se afastou das casas noturnas, especialmente aquelas escuras, meio sinistras.
47. Lady Gaga: The Fame Monster [Cherrytree/Interscope] 2009
Por mais que o disco de estreia de Gaga seja um exemplo aceitável de dance pop, seu relançamento — completinho com um disco novo inédito, The Fame Monster — é um clássico moderno. O batidão grotescamente belo de “Bad Romance” e o rugido de “Dance In The Dark” complementam a imitação de Madonna que é “Alejandro” (excelente à sua maneira). O que é uma noite dançando senão um ato de monstruosidade?
46. Kraftwerk: Computer World [Kling Klang/EMI] 1981
Este disco seminal não só deu as bases para diversos gêneros que surgiriam no futuro, incluindo o techno e o hip-hop, como também previu com precisão absurda a maneira como a tecnologia consumiria nossas vidas. Ainda assim, as batidas crocantes e elegantes dão ideia de uma humanidade muito viva e os vocais sem expressão são mais engraçadinhos do que premonitórios. Talvez reste esperança a nós humanos, afinal.
45. Skream: Skream! [Tempa] 2006
Na cronologia do dubstep, este disco garante seu lugar nesta lista só com “Midnight Request Line”. Skream! captura o melhor do gênero, carregado de criatividade sem limites antes que os puristas e entusiastas do brostep tivessem posto suas patinhas sujas nele. Porra, tem guitarra e flauta andina aqui e ainda assim é bom!
44. Goldfrapp: Supernature [Mute] 2005
O sucessor do aclamado disco de glam rock do Goldfrapp, Black Cherry, marca a evolução da dupla rumo ao dance pop. Pense em menos Blondie, mais Kylie. Menos marra, mais glitter. Inspirado pela New Wave e disco, Supernature tem uma gama gloriosa de sons, da pedrada guitarreira indicada ao Grammy (e eventual trilha de comercial para iPhone) “Ooh La La” à excentricidade de músicas com inspiração disco como “Satin Chic.”
43. C+C Music Factory: Gonna Make You Sweat [Columbia] 1990
É complicado contextualizar adequadamente a importância do inovador LP do C+C Music Factory, especialmente quando uma faixa torna-se tão onipresente quanto “Gonna Make You Sweat (Everybody Dance Now),” o que facilita tomar tudo como certo. O mix característico do disco de guitar-noise, rap de festinha e acid-house ajudou a espalhar a dance music dos EUA pelo mundo. Algo pra te fazer pensar…
42. Tiga: Sexor [Different/PIAS] 2006
Ser cool em meados dos anos 00 era definido pelos sons sensuais e sujos do electro-clash, uma época em que os ideais do punk rock se encontraram com as batidas house e a estética disco, fazendo um amorzinho gostoso no escuro. Sexor é cheio de letras engraçadinhas, texturas retrô-futuristas, e covers de NIN executados à perfeição. Ainda rendeu à Tiga, de Montreal, um Prêmio Juno por Álbum Dance do Ano.
41. Deep Dish: George Is On [Thrive] 2005
Numa época em que outros DJs de sua geração tomavam uma surra ao tentar fazer um álbum mais artístico, o Deep Dish provou que era possível com um disco de house music melodiosa, contagiante, primorosamente produzida, pronta para as pistas. Além disso, conseguiram com que Stevie Nicks regravasse seus vocais para uma versão eletrônica de “Dreams”, do Fleetwood Mac, o que de algum jeito, deu certo.
40. Armin van Buuren: Imagine [Armada] 2008
Com mínima inventividade lírica e máximos mixes estendidos, álbuns sempre foram um formato volátil para o trance. O líder sem precedentes do gênero, Armin van Buuren, ofereceu seu disco mais emocionalmente potente em Imagine, valendo-se de composição e melodias poderosas para um disco descaradamente trance. Ele até criou um clássico do gênero na balada “In and Out of Love”.
39. Hercules & Love Affair: Hercules & Love Affair [DFA] 2008
Não houve tempo melhor para ser gay do que 2008 — não por conta de direitos, mas sim porque o revivalismo disco do Hercules & Love Affair invadiu pistas de Berlim à West Hollywood. O DJ/produtor Andy Butler conspirou em grande parte com o vocalista Antony Hegarty para a criação deste resplendente bacanal de batidas e idealismo gay de boate dos anos 70.
38. M.I.A.: Kala [XL/Interscope] 2007
O segundo disco da M.I.A. pegou a vibe global de Arular e ampliou-a ainda mais. De “Bamboo Banga” a “Come Around” são 13 faixas de batidas inesquecíveis e marra do terceiro mundo. Composto em grande parte pela própria M.I.A. e Switch, Kala conta com produção de Timbaland, Blaqstarr, Morganics e Diplo, que meteu sons de tiro em cima de um sample do Clash, criando então “Paper Planes.”
37. Angélique Kidjo: Logozo [Island] 1991
No começo dos anos 90, as boates europeias estavam sedentas por sons africanos. Quando a cantora Angélique Kidjo, de Benin, surgiu nas pistas de Lisboa à Londres com seus djembes de neon em “Batonga”, as pessoal ansiavam por finalmente poder usar seus colantes de zebra. Angélique cantava cada palavra com uma ferocidade que só se equiparava às suas habilidades de dança, derrubando qualquer barreira de linguagem.
36. Basement Jaxx: Kish Kash [XL] 2003
Com uma série de participações em seu terceiro disco, a dupla composta por Felix Buxton e Simon Ratcliffe apresentou uma verdadeira sobrecarga eletrônica em Kish Kash, o que lhes rendeu um Grammy de Melhor Álbum Eletrônico em 2003, ano de estreia do próprio prêmio.
35. Goldie: Timeless [FFRR Records] 1995
O disco de estreia do Goldie capturou um momento no tempo em que o jungle se transformava em algo novo. Em meio a este processo, Timeless trazia consigo um tom cerebral que tirou o gênero de seu habitat “urbano”, levando para um breakbeat meio jazz cabeçudo. Goldie mudou o drum and bass para sempre com um disco tão artistão que até mesmo a Björk acabou namorando com ele.
34. Kylie Minogue: Fever [Parlophone] 2001
Fever explora os meandros de noites adentro na pista, de momentos leves (“Love At First Sight”) a sensuais (“In Your Eyes”) e hipnóticos (“Your Love”), todos musicados por máquinas sem coração e o sugestivo tom soprano da popstar. Robôs, um refrão de uma única palavra, e um tecladinho em Lá menor ajudaram “Can’t Get You Out of My Head” a se tornar o maior sucesso de Kylie Minogue.
33. Pet Shop Boys: Actually [Parlophone] 1987
Apenas 18 meses após seu disco de estreia ter revelado ao mundo esta dupla de amantes eruditos de sintetizadores, os Pet Shop Boys voltaram com Actually, seu álbum mais coeso. Os ataques de tenor de Neil Tennant em cada nota de canções como “Hit Music” e “One More Chance” vem com tanta confiança que você até consegue deixar de lado a idolatria em forma de dueto bizarro com Dusty Springfield.
32. Everything But The Girl: Walking Wounded [Atlantic/Virgin] 1996
Após o gigantesco sucesso mundial do remix dance de Todd Terry de 1995 para sua faixa “Missing”, a dupla jazz/folk mergulhou no eletrônico com seu nono disco. Este álbum obscuro e ressentido combina de forma majestosa sua sonoridade e letras típicas de coração partido com trip hop, drum and bass e house, criando a trilha perfeita para quem se apaixona ou deixa de se apaixonar.
31. New Order: Power, Corruption & Lies [Factory] 1983
Somente a versão norte-americana do segundo disco dos pais do synthpop tem “Blue Monday”, mas mesmo sem ela, Power, Corruption & Lies segue como uma resposta fervorosa, gutural e cheia de guitarras à era pós-disco. A paulada do baixo de Peter Hook sozinha é responsável pela carreira de um sem-fim de outros músicos, sem falar das noites de cabeça baixa dançando em uma pista improvisada e porcamente iluminada.
30. Missy Elliott: Miss E… So Addictive [Elektra] 2001
Fato, Missy Elliott é mais estrela do hip-hop que rainha da pista, mas citar uma popular droga de casa noturna no título do seu disco faz o pessoal da balada prestar atenção. Faixas para as pistas como “4 My People” e “One Minute Man” botaram corpos para pulsar na era pós-eletrônica. E nada jamais tirará a majestade de “Get Ur Freak On.”
29. The Chemical Brothers: Come With Us [Virgin/Astralwerks] 2002
“Não é um Dig Your Own Hole” é o subtexto de qualquer resenha tépida dos últimos discos do Chemical Brothers, mas Come With Us também é digno de menção. Seu quarto disco tem uma série de sons que não se devem esquecer, incluindo a faixa título, “It Began In Afrika”, inspirada em Planet Rock, “Galaxy Bounce,” “Star Guitar,” e a frenética “Hoops.”
28. Tiësto: Just Be [Magik Muzik] 2004
Para muitos fãs de trance, seu momento de conversão pode ser relacionado a uma única experiência: a primeira vez em que ouviram “Adagio for Strings” do Tiësto. A versão eletrônica do clássico orquestrado de Samuel Barber encerra um disco que conta com outros momentos valorosos (porém menos icônicos) do trance com BT e a vocalista Kirsty Hawkshaw. Fosse esta a canção do cisne de Tiësto, ele ainda seria uma lenda.
27. LCD Soundsystem: LCD Soundsystem [DFA] 2005
Indie rock e dance nunca se se deram tão bem quanto em “Daft Punk is Playing at My House”, faixa que abre o disco de estreia do LCD Soundsystem. Que ela seja seguida por clássicos do electro-pop movidos a sintetizador como “Tribulations” e pelo garage-punk de “Movement” faz com que o disco seja uma referência vital da era em que os hipsters colaram na pista.
26. Madonna: Madonna [Sire] 1983
Deixando de lado toda a inovação e barreiras e inspiração para imitadores derivados do primeiro disco de Madonna, é um puta álbum pra se dançar. De “Lucky Star” a “Everybody”, o fluxo de pop simples, iluminado e sexual não para. Madonna limpou o paladar da cena dance nova-iorquina na era pós-disco e serviu de base para o que viria a ser o dance pop.
25. The Prodigy: The Fat of The Land [XL/Maverick] 1997
Com “Smack My Bitch Up,” “Breathe,” e “Firestarter” em um único disco, o Prodigy conseguiu assustar uma geração inteira (e deixar seus pais ainda mais temorosos) e botá-los pra dançar com uma batida totalmente diferente. Com um olhar único para a estética e controvérsia, este disco representava tudo que havia de errado na música. E tudo que havia de certo, para outros.
24. Kaskade: Strobelite Seduction [Ultra] 2008
Em seu segundo disco com a Ultra, Ryan Raddon (vulgo Kaskade) deixa para trás o deep house do começo de sua carreira em troca de um som mais progressivo e vocalizado que flerta com significados sem dizer muito. “I Remember”, colaboração com Deadmaus5, foi talvez a maior das canções da época, graças, em parte, à parceira vocal frequente Haley Gibby.
23. Calvin Harris: Ready for the Weekend [Fly Eye/Columbia] 2009
Calvin Harris, o modelo de roupa íntima, é uma delícia, mas o bobalhão de cabelo preto e de voz de ouro é influente mesmo. Os mantras das good vibes presentes em Ready for the Weekend parecem as palavras de sabedoria de um mago disco. Praticamente cada uma das faixas poderia ser um single. Com os sucessos “The Rain,” “Flashback,” “You Used to Hold Me,” e a faixa-título, ele deveria ter mudado o nome do disco para Ready for the Spotlight [pronto para o sucesso].
22. Moby: Everything is Wrong [Mute] 1994
O terceiro LP do icônico músico eletrônico carequinha, Everything is Wrong, foi de fato o primeiro disco eletrônico aclamado de Moby. Dando vazão às suas muitas habilidades de produção no ápice da rave dos anos 90, a combinação ousada de instrumentos clássicos e analógicos com vocais etéreos combina-se de forma a criar a sonoridade única para armazéns, punk-country cocainado que não te deixam ficar parado.
21. Erasure: The Innocents [Mute/Sire] 1988
A dupla synth-pop inglesa Erasure aperfeiçoou sua sonoridade e chegou ao estrelato com este disco, apresentando faixas contagiantes, radiofônicas e ótimas para cantar junto como “A Little Respect” e “Chains of Love.” Baladas mordazes e mesmo um som gospel finalizam a festa enquanto a voz carregada de tenor/falsete de Andy Bell e a produção hábil de Stephen Hague evocam a dose exata de nostalgia oitentista.
20. Daft Punk: Homework [Virgin] 1997
É foda fazer qualquer coisa que não seja dançar ouvindo Homework. O disco de estreia da dupla de robôs ajudou na introdução do French Touch do final dos anos 90, meio que inventando a figura do produtor caseirão. Reza a lenda, Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter queriam provar que poderiam fazer um disco dance atemporal sem equipamentos sofisticados, o que explica o título. Malditos robôs espertalhões.
19. Giorgio Moroder: From Here to Eternity [Casablanca Records] 1977
O produtor e deus dos synth italiano Giorgio Moroder seguiu a onda da inovadora “I Feel Love”, dele e de Donna Summer, ao continuar tentando evocar puro sexo de um Moog neste magnum opus de 30 minutos. Outrora a trilha do hedonismo da época do Studio 54, o apropriadamente intitulado Eternity sobrevive ao teste do tempo e dá aquele arrepio na espinha como nenhum outro disco.
18. Groove Armada: Soundboy Rock [Columbia/Sony] 2007
Após anos de discos para as pistas, o Groove Armada decidiu focar no rádio, buscando inspiração em sua cidade natal, Londres, na forma de vocalistas de dancehall, estrelas pop e soul britânico. Tão imprevisível quanto delicioso, Soundboy Rock é um pastiche eletrônico que serve como encerramento do envolvimento da dupla com o mainstream.
17. Kraftwerk: Trans-Europe Express [Kling Klang] 1977
Este pitoresco quarteto alemão inspirou toda uma geração de música eletrônica, de Belleville Three ao Depeche Mode. Trans Europe Express é o mais dançável de seus primeiros discos, mas com BPM relativamente baixo. Faixas como “Showroom Dummies” and “The Hall of Mirrors” refestelam-se em bizarrice enquanto “Europe Endless” e “Metal on Metal” deixam tudo no jeito.
16. Donna Summer: Bad Girls [Casablanca] 1979
Quando Donna Summer e Giorgio Moroder se juntaram novamente para fazer o sétimo disco (duplo) de estúdio da diva disco, eles já eram o Rei e Rainha da Disco da época. Bad Girls os fez ir além, tornando-se o disco mais vendido de Summer. A faixa-título tornou-se sinônimo da obsessão com a disco que tomava conta do mainstream, bem como as habilidades de Summer como imitadora de barulhos de carro.
15. Plastikman: Sheet One [NovaMute] 1993
O primeiro disco de Richie Hawtin como Plastikman era uma forte contestação da obsessão noventista com 4×4 brutal. Com uma precisão de máquina, Hawtin excava os tons psicodélicos e sinistros do techno, cada viagem de ácido complementada pelo título e capa que faziam referência à LSD. Mesmo seu característico cabelo, é quase o bastante para esquecer o #Speakergate… Ou até mesmo o EX.
14. Justice: Cross [Ed Banger] 2007
Não há nada de sutil no explosivo disco de estreia do Justice. Foi um soco no meio das fuça de meados dos anos 2000 com sua abordagem decididamente rude e divertida do electro. Mesmo sem as porradas “Waters of Nazareth” e “DVNO,” Cross é inesquecível por conta da perigosamente contagiante “D.A.N.C.E.” — e um registro de quando um monte de ratos de boate franceses dominaram o mundo
13. Michael Jackson: Off the Wall [Epic] 1979
O baixo do início de “Don’t Stop ‘Til You Get Enough” é uma premonição: algo vai rolar aqui. Então com uma série de cordas e o falsete encharcado de Studio 54 do jovem Michael, rola mesmo. Com exceção de algumas caídas no purgatório das baladas, algumas das músicas aqui são das melhores da história da humanidade. Eis o Rei do Pop em sua melhor forma.
12. Skrillex: Scary Monsters and Nice Sprites [Big Beat/mau5trap] 2010
Para muitos, Scary Monsters deu origem à era do EDM, ao menos para aqueles do lado mais feio da coisa. Dependendo do seu ponto de vista, ou o Skrillex mostrou o dubstep pro mundo, matou o dubstep ou inventou o brostep. Este tipo de controvérsia se esvai com o tempo, mas a durabilidade nas pistas do que é basicamente um EP metido à besta (seis inéditas, três remixes) faz de Skrillex um vencedor.
11. Depeche Mode: Violator [Mute] 1990
Esta pérola quase perfeita de glória synth-gótica é a obra mais amada do Depeche Mode. Com hinos geracionais como “Personal Jesus,” “Enjoy the Silence,” e “Policy of Truth” levando a banda do underground ao sucesso global. Em partes com gostinho de pop e em outras perversão pura, Violator ainda é sexy o bastante aos 25 anos de idade para capturar toda uma geração.
10. Kylie Minogue: Aphrodite [Parlophone] 2010
“Can you feel me on your stereo?”[Consegue me sentir no seu som?] questiona a deusa pop Kylie Minogue na faixa título de seu 11º disco de estúdio, cujo título deriva de outra deusa. Deixando de lado a introspecção, Minogue desavergonhadamente cai na pista. Com produção de Stuart Price, Calvin Harris, Ingrosso, Nervo e Richard X, é como se fosse a noite das dobradinhas na sua rave favorita.
9. Basement Jaxx: Rooty [XL] 2001
É difícil dizer qual disco do Basement Jaxx é o melhor (tem dois nesta lista), mas o encantamento quixotesco de “Romeo”, que dá início a esse disco, é inegável. Esta faixa, por si só, cimentou a capacidade do Jaxx de começar um disco melhor do que qualquer outro artista, abrindo a porta do que antes era um mundo fechado para o desejo musical sexual e animal.
8. Robyn: Body Talk [Konichiwa] 2010
Lançado originalmente na forma de três EPs, Body Talk lançou Robyn de sua posição de namoradinha alt-pop à estrela global, desafiando estereótipos quanto à descartabilidade do pop sueco no processo. Além disso, serviu de material para longas turnês, em que a cantora mostrou suas habilidades na dança com faixas como “Dancehall Queen” e “Fembot” e sons para as pistas como “Dancing on My Own” e “Call Your Girlfriend.”
7. Disclosure: Settle [PMR/Interscope] 2013
Em termos de estreia, é complicado acertar mais que os irmãos Lawrence. Sons inspirados no house de Chicago como “When a Fire Starts to Burn” conseguiram apoio no underground, enquanto “Latch” os lançou a carreira de digna de uma estrela pop. Poucos conseguem ficar na linha entre acessível e inovador; este equilíbrio rendeu ao Disclosure o coração dos críticos, mas o quão dançável Settle é que faz valer a noite.
6. Chemical Brothers: Dig Your Own Hole [Virgin] 1997
O primeiro disco de Tom Rowlands e Ed Simonson os colocou na dianteira da inovação na música eletrônica, mas foi seu muitíssimo aguardado sucessor, Dig Your Own Hole, que os alçou à condição de força musical da natureza. Assim que rolava o comecinho de “Block Rockin’ Beats”, o big-beat de sacudir os miolos invadia a cultura pop. O resto é história.
5. Underworld: dubnobasswithmyheadman [Junior Boy’s Own] 1994
Poucos discos mudaram a direção da história da música como o terceiro do Underworld, dubnobasswithmyheadman. A banda fez uma escolha consciente ao deixar suas raízes synthpop para trás em favor de um futuro techno; não há momento algum em que isso fique mais evidente do que na segunda faixa, “Mmm…Skyscraper I Love You”. A música, como o resto do disco, rompia as barreiras do que se era aceitável, praticamente desafiando a crítica a chamar isso de música para se consumir drogas. Chapado ou não, trata-se de uma belíssima sinfonia techno.
4. Fatboy Slim: You’ve Come a Long Way, Baby [Skint Records] 1998
Em 1998, Fatboy Slim já tinha uma carreira sólida, mas foi este disco que levou Norman Cook de lenda do big beat a divindade crossover e artefato cultural britânico. “Right Here, Right Now,” “The Rockafeller Skank” e “Praise You” estão além de gêneros e transformam qualquer coisa, de um bar-mitzvá a uma rave em um lance extremamente good vibes (como comprovado mais uma vez pelo EDC deste ano). Os DJs sempre foram os melhores em fazer a pista sacudir; aqui provou-se que produtores/DJs mandam ainda melhor.
3. Madonna: Confessions on a Dance Floor [Maverick] 2005
Muito tempo depois de uma pá de gente começar a falar que “só gosto das coisas antigas dela”, a Rainha do Pop largou este álbum perfeito de inspiração disco, com cada faixa já mixada — raridade quando não se trata de compilação. Ao passo em que o trono baladeiro de uma estrela do pop nunca está garantido para sempre, Madonna tem mais do que direito ao lugar que muita gente e Confessions prova o porquê. Este é o disco com o qual se comparam todos os subsequentes; por sua relevância duradoura e por ter se redefinido como Madonna, enquanto artista.
2. Carl Craig: Landcruising [Blanco Y Negro/Mute] 1995
Landcruising é Carl Craig antes de wle ter virado Carl Craig. Este clássico de meados dos anos 90 foi a tentativa da Mute Records de cair no mercado inexplorado do techno e apesar das críticas favoráveis, as vendas não foram das melhores. Mesmo assim, o disco foi uma introdução inovadora daquilo que se tornaria característica de Craig: techno atmosférico cheio de sintetizadores com influências que vão além de Detroit, mas mesmo sendo inconfundivelmente de lá. Também funciona como homenagem à cidade natal de Craig — afinal, foi criado para ser a trilha enquanto se dirige em suas ruas.
1. Daft Punk: Discovery [Virgin] 2001
Quando alguma raça extraterrestre examinar os artefatos da dance music do Séc. 21, se Discovery não for o fóssil mais importante, ao menos servirá de trilha para a pesquisa. O segundo disco da carreira dos robôs mais famosos do mundo é um sacolão de narrativas de amor entre máquinas com auto-tune, mágica French Touch, e uma cornucópia de sons que viraram clássicos para baladeiros e introspectivos. A implacabilidade de “One More Time,” o hino motivacional “Harder, Better, Faster, Stronger,” a surpreendentemente emocionada “Digital Love,” e a fricção dinâmica de “Face to Face” destacam-se por si só; juntas elas fazem parte de um opus das pistas de dança. Com muitos samples e feito com muito amor à disco (em uma época em que ninguém curtia disco), o Daft Punk trouxe a música eletrônica para a frente da cultura pop moderna, presentado às massas com algo que não só era contagiante, mas que mudou as vidas de muitos.
Colaboraram Zel McCarthy, Kat Bein, Malina Bickford, David Garber, Jemayel Khawaja, e Ellena Basada.
Arte por Sydney Jones
Tradução: Thiago “Índio” Silva