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Eis por que você deve comemorar a detecção de ondas gravitacionais

Os resultados foram divulgados, e os rumores se comprovaram verdadeiros. O Observatório de Ondas Gravitacionais de Interferômetro Laser (LIGO, na sigla original), com base conjunta em Louisiana e Washington, nos Estados Unidos, detectou diretamente ondas gravitacionais pela primeira vez na história. Agora, é possível “ouvir” oficialmente fenômenos cósmicos como a colisão de buracos negros do mesmo jeito que os telescópios nos permitem enxergar fenômenos espetaculares.

Recomendamos muitos aplausos e comemorações entusiasmadas.

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“Detectamos ondas gravitacionais”, afirmou David Reitze, diretor executivo do Laboratório LIGO, em um comunicado à imprensa lotado na segunda-feira. “Conseguimos.”

Sério, não há como subestimar o significado desse marco para a comunidade científica. As ondas gravitacionais, que são ondulações no tecido do espaço-tempo, são incrivelmente sutis e difíceis de serem detectadas. Até mesmo Albert Einstein, que previu a existência dessas ondas há 100 anos, não acreditava que esse fato, que parecia insuperável, pudesse ser comprovado.

Bem, os caras da LIGO provaram que Einstein estava errado ao provar que ele estava certo. As ondas que o observatório capturou foram emitidas por dois buracos negros, cada um deles cerca de 30 vezes a massa do Sol, que colidiram a 1,3 bilhões de anos atrás.

Tributo à detecção. Vídeo: National Science Foundation/YouTube .

Assim, todas as grandes previsões de Einstein a partir da teoria geral da relatividade foram confirmadas por meio de evidência observacional direta.

Agora, os cosmólogos, astrofísicos e todos os especialistas em espaço-tempo podem se dedicar a botar a mão na massa e tentar entender onde encaixar esse conjunto de dados novos no conhecimento crescente de nosso universo.

A onda gravitacional detectada pelo LIGO passou pela Terra em 14 de setembro de 2015, às 5h51 da manhã (EST). O tremor foi criado pela colisão de dois buracos negros localizados há um bilhão de anos-luz de distância na direção geral da Grande Nuvem de Magalhães. Os objetos se fundiram em aproximadamente metade da velocidade da luz há 1,3 bilhões de anos.

O artigo completo, e revisado pelos pares, sobre a detecção histórica foi publicado na revista Physical Review Letters.

Durante sua apresentação das descobertas, Gabriela Gonzáles, cientista pesquisadora do centro LIGO de Luisiana, executou o som que as ondas gravitacionais fizeram enquanto passavam pelos detectores. Você pode ouvi-lo a seguir. Respira fundo aí.

Vídeo: YouTube/caltech .

Ouviu? Parabéns! É a primeira amostra da mixtape que ninguém nunca tinha ouvido até agora do universo. Os presentes no anúncio de hoje ressaltaram que agora aprendemos a registrar o áudio do universo e, de quebra, desenvolvemos novas visões sobre ele.

“É a primeira vez que o universo falou conosco por meio das ondas gravitacionais”, Reitze afirmou. “Até então, estivemos surdos. […] E isso é incrível para mim.”

Um dos pontos principais enfatizados por diversos palestrantes é que, por trás desse anúncio histórico, encerram-se 100 anos de especulação sobre as ondas gravitacionais. É, também, um novo começo para a ciência de uma forma geral.

“É o primeiro de muitos que estão por vir”, afirmou Gonzáles.

Reitze afirmou que o LIGO provavelmente capturará ondas gravitacionais de fontes previstas como colisões de buracos negros, sistemas binários de estrelas, supernovas e outros fenômenos dentro do próximo ano. E o mais fascinante talvez seja que o LIGO e os futuros detectores de ondas gravitacionais detectem aquilo que não foi previsto ou não fora esperado pelas teorias cosmológicas atuais.

“O mais empolgante é o que está por vir”, Reitze afirmou.

A detecção foi comparada com as primeiras observações de Galileu com seu telescópio e com a “missão lunar científica” na escala das aterrisagens da Apollo Moon.

Bem-vindo ao mundo pós-onda, pessoal. Esperamos ouvir mais desse incrível dubstep cósmico com vocês no futuro.