Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma Motherboard.
Neste momento, os programas de partilha de bicicletas estão em alta na China. Há mais de 30 startups chinesas a operar nesta área e uma das maiores, a Ofo, tem já cerca de 2.2 milhões de bicicletas, em 43 cidades. Daan Roosegaarde, inventor holandês e o designer por detrás da torre que aspira smog na China, quer agora fazer parte desta indústria, através da implementação no mercado de uma bicicleta que “engole” smog e o liberta depois como ar puro.
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Há cerca de três anos, a sua empresa de design e tecnologia, Studio Roosegaarde, lançou o Smog Free Project, que começou depois de numa visita a Pequim Roosegaarde ter visto impacto da poluição”. Havia dias em que nem sequer conseguia ver para o outro lado da rua”, diz em conversa telefónica. E acrescenta: “O projecto assenta no sonho de termos ar puro e água e energia limpas”.
Depois da conclusão da torre, o holandês quer aplicar o mesmo princípio às bicicletas. O mecanismo em funcionamento no edifício utiliza um processo de ionização positiva para capturar as partículas de poeiras incrivelmente pequenas que formam o smog. Basicamente, o que acontece é que atrai partículas do smog com carga positiva, para uma superfície com carga negativa dentro da torre. “Nesse processo, as partículas de smog são comprimidas e unem-se de uma forma em que não conseguem desligar-se. A partir do momento em que se juntam numa superfície com carga negativa deixam de ser uma poeira fina [porque se agruparam para formam uma massa maior] e de dois em dois meses só temos de limpar a superfície”, explica.
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Roosegaarde entende que neste projecto terá de existir alguma forma de incentivo para que as pessoas devolvam as bicicletas, já que na China há um problema com ladrões de bicicletas. “Talvez se possa oferecer uma recompensa para quem devolva a bicicleta depois de o filtro de ar estar cheio. Esse sistema de recompensa fará parte do design, mas como e quando, ainda não faço ideia”, salienta.
O processo de despoluição será alimentado através de uma combinação de energia da pedalada com um pequeno painel solar. O projecto está ainda numa fase inicial, pelo que o seu criador não tem ainda certezas sobre todos os pormenores, preços e datas de concretização. no entanto, Roosegaarde garante que a resposta tem sido fascinante. E sublinha: “Nos últimos três dias, recebi telefonemas de empresas ligadas ao ramo das bicicletas, bem como de pessoas que querem trabalhar para nós e até de autarcas de várias cidades [que querem implementar o projecto]”.
O inventor holandês diz que para já quer focar-se na China, onde o desenvolvimento da bicicleta conta com o apoio do Governo Central, como parte da “guerra” contra o smog, mas isso não significa que não esteja já a planear os passos seguintes. “A China é importante para nós, porque já temos conversações avançadas com os responsáveis governamentais, mas a Índia será a nossa próxima paragem”, conclui.
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