Segue-nos no Facebook para descobrir as histórias que mais ninguém conta.
Gordas, magras, ruivas, morenas (e não esquecer as loiras). Aqui na Ficha Tripla não nos importa o peso, ou sequer a gramagem. O que realmente nos move é pegar na realidade futebolística, pô-la a assar em lume lento com umas batatinhas a murro e servi-la envolta numa bela camada de ficção que mais parece queijo derretido. Segue-se a semana de 3 a 9 de Fevereiro (foi uma jornada tão intensa que precisámos de dois dias para recuperar fôlego) nos três jornais desportivos – A Bola, Record e O Jogo – que vão alimentando o sonho de quem faz do desporto uma fatwa não violenta.
A Bola
Videos by VICE
Corre bem a vida aos jogadores do Benfica que, recentemente, caçaram um leão em plena selva urbana. Pizzi, ele próprio um jogador que evoluiu rapidamente de cepo a diamante no que diz respeito à arte da caçada, “elogia o espírito do balneário“, onde as armas vão sendo limpas e carregadas à conta de piadas sobre os outros animais da selva. Aliás, segundo um estudo não oficial publicado esta semana no jornal A Bola, “Só a águia sorri“, mostrando que toda essa história sobre a hiena não passa de um mito urbano construído, que nem um X-File animal, por esses mentirosos do National Geographic. Entretanto soube-se que, possuído pelo espírito do voluntariado, “Mitroglou recusou €5 milhões para ser campeão no Benfica“. A pergunta que fica no ar e sem resposta é, claro, esta: e se não ganhar o caneco, vai pedir o dinheiro de volta a quem?
Ninguém parece capaz de travar Bruno de Carvalho esta época. Como se não bastassem os castigos, as bocas no facebook e o português de taberna, o presidente sportinguista dedica-se agora ao universo infantil, com a publicação do conto “O leão, o peru e as galinhas“, que conta com magníficas ilustrações de André Carrillo – não confundir com André Carrilho. Na calha está já a publicação de um outro volume apontado ao público juvenil: “Barcos o pirata do bom coração“. Entretanto, nos próximos dias a folha contabilística sportinguista irá acusar um “Salário 30 vezes mais alto para William“. Parece que o médio, titular no Sporting e muitas vezes da Selecção Nacional, estava a ganhar o equivalente a um jardineiro do Benfica.
De acordo com os tablóides da terra do Tio Sam, “Casillas é o sonho americano“. Alguém que, depois de ser posto a um canto em terras madrilenas, fez-se à vida e partiu, sem medo ou vergonha, para as margens do Douro, trocando as tapas e a paella por francesinhas e tripas. Há mesmo quem fale numa adaptação hollywoodesca da vida do guarda-redes espanhol. Mas nem só de filmes românticos se faz o diário cinéfilo portista. Trazendo para a realidade o fervor da ficção científica, soube-se que houve pelo menos um “Dragão congelado antes do clássico“. Este, pelo menos, não terá de ouvir piadas sobre a Irmandade dos Feiticeiros de Arouca até sexta-feira.
Fora do circuito dos três grandes vimos um “Duarte Gomes contra a lei da rolha“. Sim, porque isto de não se poder beber durante os jogos não deveria valer só para os homens de negro. Já dizia o velho provérbio, o álcool quando nasce é para todos.
Record
O ambiente que se vive por estes dias no Estádio do Dragão e arredores é tão mau que, depois de um jogo feliz contra os quase vizinhos de Barcelos, pouco faltou para vermos o “Dragão quase, quase no Jamor“. Enquanto benfiquistas e sportinguistas lutam pelo Campeonato, os dragões já só pensam no piquenique da mata feito de febras e sardinhas assadas, tudo regado com tinto do garrafão e jolas em ponto de rebuçado. A fé no Campeonato é tão ateia que “Maicon enterra dragão” ao lado de um pentagrama, tendo-se lesionado enquanto afiava a cruz invertida que lhe servia de amuleto.
Deprimido com o afastamento dos relvados, soube-se esta semana que soou numa das lojas do Colombo um “Alarme por Luisão“, mostrando que, de uma vida tranquila à pura delinquência, é uma questão de pormenor – ou, neste caso, de metros, uma vez que do Estádio da Luz à grande superfície vai um pulinho. Enquanto aguarda julgamento – e já sob o efeito de comprimidos de cores vivas -, Luisão vestiu a pele do compatriota Paulo Coelho e declarou: “O caminho é duro mas lá na frente estão os nossos sonhos”. Já o grego Mitroglou deixou o queijo feta e o iogurte e apareceu, para espanto de todos, “Mais leve na balança e mais pesado no campo“. A dieta dos 31 dias faz, de facto, milagres.
Para os seguidores da saga, a notícia caiu que nem uma bomba de tristeza. De acordo com Bruno de Carvalho, a “Novela Carrillo não tem mais capítulos“, o que vai obrigar os adeptos leoninos a encontrar uma alternativa para uma série feita de avanços e recuos, abraços e insultos, ameaças e promessas de reconciliação. Jorge Jesus já se chegou à frente e disse que “Esta pressão é boa“, mostrando-se disponível para atirar umas ideias num briefing com actores, realizadores e argumentistas. Por aqui “acarditamos” que há novo épico a caminho.
O Jogo
Se tudo o vento levou, já a “Crise levou Montero“, deixando o ataque do Sporting entregue a um esquema de muito músculo e pouco cérebro. Aproveitando a partida do colombiano, Barcos não perdeu tempo e foi tratando de dizer: “Posso jogar com Teo“. A parceria está, porém, em risco. Segundo apurou O Jogo “Teo ganhou o onze“, um Euromilhões alternativo jogado entre o plantel e staff reunido a más horas, e que lhe rendeu uma pequena fortuna. Nos corredores de Alvalade diz-se que os bilhetes de avião já estão comprados e que Teo estará, de novo, a caminho da praia.
Já “Peseiro não poupa para o clássico“, indo contra o sensato e quase sempre certeiro pensamento popular. Depois do tropeção contra o Arouca, houve mesmo quem lhe tivesse oferecido um livro de provérbios populares, que já trazia sublinhado o clássico no poupar é que está o ganho. Como castigo pelas asneiras múltiplas que cometeu nesse jogo, “FC Porto riscou Maicon” na testa com uma caneta de tinta permanente, obrigando-o a escrever mil vezes na parede da sua sala: prometo que não finto mais jogadores e que não saio de campo deixando a minha equipa com as calças na mão.
Já a nova coqueluche dos encarnados não vive tempos fáceis. “Carrillo guardado por seis seguranças“, anuncia O Jogo, mas por aqui não podemos deixar de perguntar: não seria mais barato – e também discreto – contratar só o James Bond?