Este artigo foi originalmente publicado na VICE USA.
Stephen Shore estava destinado a estar na Factory. Não era o típico jovem enfurecido com o Mundo. Sabia bem o que queria e, desde cedo, sentiu uma paixão avassaladora pela fotografia. Começou a tirar fotos aos seis anos. Aos 14 contactou o director de fotografia do MOMA, Edward Steichen, e conseguiu marcar uma reunião para lhe mostrar o seu trabalho. Steichen comprou-lhe três fotos.
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Anos depois, quando tinha 17, Shore, começou a frequentar a Factory. Tinha conhecido Warhol numa sessão de cinema underground. Ambos tinham um grande interesse por cinema experimental e, por exemplo, pelo trabalho de Jack Smith. Em 1965, Andy Warhol convidou Shore a visitar a Factory.
Convite aceite e, desde aí e durante os anos seguintes, não deixou de frequentar o espaço um dia que fosse. Era um rapaz muito precoce e acabou por deixar a universidade e transformar a Factory na sua escola de arte.
Estas fotos mostram o que Shore presenciou na Factory. São imagens de um sítio, o estúdio de Warhol, tal como Shore o entendia, sob o seu ponto de vista. Esta parte da sua obra é essencial na sua carreira artística, na sua forma de pensar a arte.
Warhol foi o primeiro artista que viu em acção, o seu mentor não oficial. É, por isso, justo dizer-se que Shore foi um aprendiz de Warhol.
As fotografias que Shore fez na Factory, coincidem com a altura em que Warhol se afirma enquanto artista de primeiro nível. Dizem também respeito ao período da sua breve carreira cinematográfica. Em 1965, Warhol decidiu deixar de pintar para se concentrar na realização. Algumas das fotos de Shore mostram o artista a trabalhar num dos seus filmes, atrás da câmera. Warhol estava sempre a trabalhar em alguma coisa. Todos na Factory, incluíndo Shore, conheciam esta sua ética quase puritana em relação ao trabalho.
As imagens mostram a “antiga Factory“, durante o fértil período artístico anterior à tentativa de assassinato de Warhol levada a cabo por Valerie Solanas. É uma estranha coincidência, mas Andy Warhol foi atingido a tiro precisamente um dia antes do assassinato de Robert F. Kennedy. Depois deste episódio, em que o artista quase morreu, a Factory mudaria radicalmente e a “velha Factory”, conhecida pela sua abertura e permissividade, esfumou-se.
Texto e fotos retirados do livro Factory: Andy Warhol, editado pela Phaidon. Vê mais imagens abaixo.
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