Há uns meses um amigo falou-me das Worst Tours: três arquitectos desempregados prometiam visitas guiadas alternativas na cidade do Porto. Antes de me familiarizar inteiramente com o conceito pensei que as visitas seriam mais orientadas para bizarrias como o possível hospício secreto de onde fogem os malucos da baixa. Afinal, aquilo que a Gui, o Pedro e a Isabel oferecem são passeios muito bem informados que versam sobre a evolução urbana do Porto. Os podres, as consequências das decisões políticas, da crise, questionando, de um ponto de vista “bastante parcial”, o capitalismo, a Disneyficação dos centros históricos e a desvalorização das associações de bairro e de iniciativas populares. Tudo isto tendo em mente a necessidade de uma postura mais activa nas decisões que são tomadas e a criação de alternativas (lembram-se da Escola da Fontinha?).
Pessoalmente acho estas visitas inúteis para turistas estrangeiros. Eles que gastem mas é os euros e as libras e que deixem para nós, os habitantes da cidade, a tarefa de acordar dos nossos sonhos regados a gin tónico. Mas haja esperança: o Rui Moreira disse há uns tempos que quer transformar o Porto na São Francisco da Europa. Pode estar tudo a cair de podre, mas ao menos ainda nos podemos transformar numa meca sexual.