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Boletim VICE da Copa #3 e #4: a insana caça ao árbitro de vídeo

De vidro?
Foto: Divulgação

Não é que Stephen Hawking estava certo? Temos que tomar cuidado com as máquinas, caras. Não bastassem as ameaças de inteligências artificiais toscas na medicina e nas finanças, agora temos que lidar com robôs duvidosos no futebol. Pois é: o árbitro de vídeo, o VAR, se tornou o maior algoz de Galvão Bueno e agora é o Grande Inimigo Nacional. As dúvidas levantadas pelo incendiário narrador da Globo foram muitas. Quando acionar o juizão eletrônico? Como pedir revisão de lance? Existe limite para usar essa traquitana? Ninguém, nem Arnaldo Cezar Coelho ou Sérgio Moro, sabe responder.

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Em meio às dúvidas, vimos a França ter dois gols validados pela checagem tecnológica e o Brasil sofrer um que poderia ter sido evitado no mesmo tipo de revisão. (Caso você não tenha visto, o zagueiro Miranda foi empurrado pelo atacante suíço enquanto subia para cabecear e perdeu o apoio na hora de afastar a bola.) Para os comentaristas da Globo, tudo se tratava de uma conspiração. Como não?

Alguém mais ponderado poderia dizer que estamos no começo do uso do recurso e é compreensível que surjam erros e questões. Ainda assim, isso não abordaria a preocupante evolução da coisa. É inocência crer que as inovações tecnológicas na arbitragem pararão por aí, não é, Galvão? Será que, diante da desconfiança dos torcedores inflamados pela narrativa global, a FIFA inventará algo que não precise da interferência humana? Estaríamos presenciando o início da morte do futebol? São questões. Enquanto me curo da ressaca, celebremos os últimos momentos dos juízes de carne e osso no resumão VICE.

França se dá bem com o árbitro de vídeo. No primeiro jogo do fim de semana, os franceses conseguiram o título de queridinhos do VAR ao terem dois gols legítimos validados pela tecnologia. Não jogaram tão bem quanto a torcida esperava, mas fizeram o suficiente para baterem os australianos e entrarem pra história das Copas com esse lance de estrear o recurso e tal. Pode crer numa coisa: eles vêm forte. Ô se vêm.

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Diretor de filmes de terror, goleiro da Islândia para Messi e vira herói. Hannes Thor Halldórsson, o goleiro da seleção islandesa, fez uma partidaça contra a favorita Argentina e pegou um pênalti de ninguém menos do que Lionel Messi, o atual segundo melhor do mundo. Depois da partida, jornalistas foram atrás do currículo do cara e sacaram que se tratava também de um diretor de filmes e comerciais. Seu gênero favorito de longa-metragens, ao que parece, é o de temática zumbi. Graças ao dom do goleirão para o drama, o jogo terminou 1 a 1, uma decepção para os argentinos. Como bem disse um comentarista perspicaz: os hermanos não dão sorte com ilhas pequenas. - Sports Illustrated

Piadas com Peru caído deprimem a rede. No segundo jogo do sábado, o Peru perdeu por 1 a 0 pra Dinamarca num jogo bem mais ou menos. Os destaques foram o pênalti perdido por Cueva, meia do São Paulo, e as piadas tolas com o nome do país latino, provando que o cérebro masculino para de evoluir lá pela sexta ou sétima série. Caidaço o Peru.

No duelo dos uniformes legais, Croácia bate Nigéria por 2 a 0. A Nigéria, sem dúvida, é a que tem os panos mais bonitos dessa Copa. Tudo é bonito no kit dos caras: a camisa, a jaqueta, os shorts. O futebol, porém, chegou devendo. Os africanos não atacaram, e a sua principal estrela, Moses, tem tudo para ganhar de Neymar no quesito cavada de falta. Era quase circense: ao pegar na bola, o cara já abria os braços, contorcia o rosto e mergulhava no gramado. A Croácia, que também tem uma camisa bem bacana, com xadrez vermelho e branco, aproveitou a brecha e meteu 2 a 0 com um futebol convincente.

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Alemanha perde na estreia contra o México. Você deve ter sacado isso pelos rojões no seu bairro: os alemães arregaram para um inspirado time mexicano. O mérito vai para Juan Carlos Osório, técnico meio louco com passagem no futebol brasileiro. Com suas tradicionais canetinhas vermelha e azul, o professor conseguiu surpreender no contra-ataque e, no segundo tempo, meteu uns caras altos para conter o jogo aéreo alemão. Pode anotar: com esse jeitão meio suicida de jogar, os latinos são os grandes candidatos a sensação da Copa.

Mexicanos pularam tanto no gol que sensores detectaram "terremoto artificial". Ninguém botava muita fé, mas quando saiu o golaço do México, todo o país foi a loucura. Os caras pularam tanto que o órgão responsável por detectar atividade sísmica no país acusou um terromoto artificial. - Mashable

Neymar apanha dos suíços, mas cabelo segue impecável até o fim da partida. Só nós estamos impressionados com essa fixação capilar? Que shampoo é esse, menino Ney? De fios loiros e perfeitos, o camisa 10 da seleção bem que tentou jogar, mas os adversários suíços o encheram de empurrões e pontapés. Sem sua principal estrela inspirada, o Brasil fez um golaço de chute de fora da área com Coutinho, mas não conseguiu ir além disso. Pra piorar, sofreu um gol de escanteio que Galvão Bueno jura que foi ilegal. O jogo terminou 1 a 1. Na outra partida do grupo, Sérvia venceu a Costa Rica por 1 a 0 e é a líder.

Comentaristas falham no lacre ao comparar política suíça com a do Brasil. Não está sendo uma boa Copa para quem gosta de pagar de espertão. No Twitter, ao menos dois jornalistas tentaram menosprezar a competição futebolística com comparações clichezonas e se deram mal. O primeiro deles foi Alexandre Garcia, da Globo. Com tom de professor primário, o apresentador escreveu que a Suíça ganha de goleada do Brasil em saúde, educação, segurança e liberdades e que deveríamos comemorar o empate com eles. O outro foi Ricardo Amorim, do programa humorístico Manhattan Connection, que disparou uma série de tuítes sobre como deveríamos cobrar nossos políticos como cobramos os jogadores da seleção. Bocejemos.

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