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Hacker que chantageou Marcela Temer tem condenação em tempo recorde

No início do ano, a atual primeira-dama Marcela Temer quase perdeu a fama de recatada e do lar ao ter o celular clonado por Silvonei José de Jesus Souza, de 35 anos. Na ocasião, o hacker e telhadista cobrou R$ 15 mil para não divulgar fotos íntimas dela. A quantia foi paga pelo irmão de Marcela, mas, quando o criminoso se deu conta da identidade da vítima, aumentou a cobrança para R$ 300 mil. O golpe foi arriscado e, depois de rápida investigação, Souza foi preso em 11 de maio.

Na última segunda-feira, a juíza Eliana Cassales Tosi de Mello, da 30ª Vara Criminal, determinou que Souza cumpra cinco anos, dez meses e 25 dias de prisão em regime fechado pelos crimes de extorsão e estelionato. A decisão surpreendeu os comentaristas não pelo caráter, e sim por sua velocidade. “Foi muito mais rápido do que normal”, diz o especialista em direito digital Márcio Mello Chaves. “O comum é que, entre idas e vindas da investigação, um processo desses demore de seis meses a dois anos antes de ser levado a julgamento.” Chaves observou que, uma vez na mão do juiz, levaria ao menos um ano para o caso ser julgado.

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No caso envolvendo Marcela Temer, entre prisão e condenação, o processo levou menos de seis meses para ser concluído. Tamanha rapidez, segundo Chaves, deve ter acarretado em um investimento muito grande em especialistas para coleta de provas. “Infelizmente este tipo de condenação, de crimes digitais, não é tão eficiente para o cidadão comum, a Justiça não responde de maneira tão eficaz”, lamentou o especialista.

Não foi só na celeridade do julgamento que o caso da atual primeira-dama diferiu do padrão. Quando foi feita a denúncia, o caso teve tratamento especial: chegou às mãos do secretário de Segurança Pública de São Paulo – cargo ocupado na época pelo atual Ministro da Justiça –, Alexandre de Moraes.

A providência de Moraes foi dar o caso a policiais de confiança. O selecionado para conduzir as investigações foi Rodolpho Chiarelli. Segundo notícias divulgadas na época, a investigação concluiu que o aparelho de Marcela foi infectado por um programa malicioso anexado em um e-mail. A prisão de Souza foi feita pouco tempo depois, no dia 11 de maio, em uma operação que envolveu cerca de quarenta agentes à paisana na favela de Heliópolis, na zona sul de São Paulo.

“Infelizmente este tipo de ocorrência não recebe tanta atenção das autoridades policiais normalmente”, observou o especialista. “Espero que este caso sirva, pelo menos, para que as pessoas tomem mais cuidado com seu conteúdo íntimo, pois uma vez vazado, dificilmente ele voltará a ser sigiloso.”

A defesa de Souza ainda pode recorrer da decisão.