Este artigo foi originalmente publicado na VICE Grécia.
Na tarde terça-feira, 24 de Julho, no momento em que publicamos este artigo, as autoridades gregas já confirmaram a morte de 74 pessoas e mais de 180 feridos, vítimas dos fogos florestais que estão afectar a região de Attica, mesmo às portas de Atenas. Os responsáveis locais e as agências de socorro prevêem que o número de mortos possa ainda subir nas próximas horas, já que há dezenas de pessoas dadas como desaparecidas.
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O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, declarou o Estado de Emergência e três dias de luto nacional, numa altura em que o governo tenta descobrir o quê ou quem provocou os fogos. O número mais elevado de vítimas mortais foi encontrado na localidade portuária de Rafina, onde 26 corpos foram descobertos num terreno
a pouca distância da praia. A polícia suspeita que terão ficado encurralados devido ao fumo intenso antes de conseguirem chegar ao areal. Os bombeiros, equipas de salvamento e voluntários resgataram até ao momento mais de 700 pessoas que fugiram par as praias da região numa tentativa de escaparem das chamas.
Na manhã de hoje, em Rafina, a polícia encerrou a área onde as vítimas foram encontradas, mas, mesmo do lado de fora do cordão policial, ainda era possível ver as vítimas no chão cobertas com lençóis. “Algumas delas eram da mesma família”, conta à VICE um voluntário chamado Nikos Andiopoulos. E acrescenta: “morreram abraçados uns aos outros”.
Para chegar a este local, passei por dezenas de casas ardidas, algumas ainda a fumegar. “Esta é a casa da minha prima”, diz Spyros Hatziandreou, logo depois de chegar. E salienta: “Tenho tentado ligar-lhe, mas ela não atende”.
Na estrada que leva à zona, os carros dos bombeiros tiveram de ter muito cuidado a manobrar por entre carros ardidos que chocaram uns com os outros durante os momentos de caos na tentativa de fuga. Ali perto, Theodoros Zouzoulas está sentado no pátio do que foi a sua casa e que ainda fumega. “Está tudo destruído”, afirma. Tal como Zouzoulas, Costas Boufi conseguiu chegar à praia a tempo. “A minha casa ardeu no que pareceram uns meros 10 segundos”, recorda Boufi.
Savina, uma alemã, é dona de quatro grandes casas no terreno logo ao lado. Três delas arderam tptalmente, mas uma manteve-se intacta, sem qualquer sinal das chamas. “Não faço ideia do que aconteceu aqui”, diz, ainda em choque. E acrescenta: “Disse aos meus vizinhos que podem ficar aqui, mas tenho receio que a visão da casa que se salvou os possa perturbar”.
Abaixo podes ver mais fotos de Rafina captadas na manhã desta terça-feira.
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