Foto: ASSOCIATED PRESS
Esta matéria foi originalmente publicada na VICE NEWS .
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A presidente sul-coreana Park Geun-hye foi destituída do cargo nesta sexta (10), depois que a Suprema Corte manteve a decisão da Assembleia Nacional de impichá-la por acusações de corrupção e negligência. A decisão significa que Park se torna a primeira líder democraticamente eleita da Coreia do Sul a ser retirada do poder.
A decisão do painel de oito juízes desencadeou confrontos violentos em frente ao tribunal em Seul entre os simpatizantes de Park e manifestantes pedindo sua retirada. A agência de notícias Yonhap informou que duas pessoas morreram como resultados dos enfrentamentos.
O escândalo chacoalhou a Coreia do Sul — e não só porque envolvia a presidente. Samsung, o maior e mais poderoso chaebol (negócio familiar) do país, também foi envolvido no caso. No que vem sendo chamado de “julgamento do século“, o herdeiro do império Samsung foi a julgamento na quinta por supostamente ter feito pagamentos de até $38 milhões a Park e sua conselheira Choi Soon-sil.
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Uma eleição presidencial rápida deve acontecer agora que Park foi retirada do gabinete, com a votação esperada para acontecer já em maio.
O que você precisa saber:
- Em sua decisão, o painel de oito juízes foi unânime pelo impeachment da presidente. Lendo a decisão, o chefe de justiça Lee Jung-mi disse: “Os efeitos negativos das ações da presidente e suas repercussões são graves, e os benefícios de defender a Constituição a removendo do gabinete são enormes”.
- Park, que não compareceu ao tribunal na sexta, é acusada de permitir que sua conselheira Choi se intrometesse em assuntos de estado, além de aceitar um pagamento de $38 milhões da Samsung para facilitar uma fusão controversa de duas de suas maiores afiliadas. O tribunal acusou Park de “esconder” o envolvimento de Choi no governo. Park também foi acusada de negligência durante o naufrágio da balsa Sewol em 2014, que matou mais de 300 pessoas, mas os juízes disseram que a acusação não justificava a deliberação do tribunal.
- O impeachment de Park pelo parlamento em dezembro foi precedido por enormes protestos, com centenas de milhares de pessoas saindo às ruas de Seul por vários meses, pedindo a saída dela. Os mesmos manifestantes entraram em confronto com simpatizantes de Park e a polícia em frente ao tribunal na sexta, com a Yonhap informando que os confrontos pioraram depois que a decisão foi anunciada.
- Segundo a mesma agência de notícias, dois manifestantes pró-Park morreram por ferimentos sofridos nos enfrentamentos, incluindo um homem de 72 anos, que foi encontrado com a cabeça sangrando perto do tribunal. Ele morreu no hospital.
- Park, que nega qualquer infração, agora encara a perspectiva de processo criminal, tendo perdido a imunidade e pensão presidencial. Segundo um assessor que falou com os repórteres em frente ao tribunal em Seul, Park planeja continuar na residência presidencial, conhecida como Casa Azul, na sexta apesar de sua retirada do gabinete, mas não vai emitir nenhuma declaração.
- A decisão do tribunal inicia uma eleição rápida que tem que acontecer em 60 dias, com 9 de maio citado como a provável data para nova eleiçaõ. A comissão eleitoral diz que já está aceitando as aplicações dos candidatos. Moon Jae-in, que perdeu a eleição para Park em 2012 é visto como o candidato mais provável para substituí-la, foi rápido em comemorar a retirada da presidente. “A história segue com base no poder do grande povo. A Coreia do Sul vai começar de novo depois dessa experiência.”
- A Coreia do Norte também se meteu na polêmica, com a agência de notícias estatal divulgando uma resposta inusitadamente rápida, chamando Park de “criminosa comum”.
Quem vencer a próxima eleição terá que lidar com o aumento das tensões na região, com a China descontente com a implantação do sistema antimísseis THAAD pelo exército norte-americano, enquanto os testes de mísseis da Coreia do Norte serão uma preocupação significativa.
Tradução: Marina Schnoor