Tecnología

Julian Assange afirma: “Todo aquele malware no WikiLeaks não é grande coisa”

Na terça-feira, o WikiLeaks celebrou seu 10º aniversário com uma coletiva de imprensa em Berlim, na Alemanha. Além de refletir sobre as diversas revelações publicadas pelo site ao longo dos anos, seu editor, Julian Assange, sugeriu que há mais segredos das eleições americanas vindo por aí.

Em teleconferência direto de Londres, Assange também respondeu algumas perguntas de jornalistas. Ele comentou especificamente sobre a denúncia de que, segundo um pesquisador, o WikiLeaks hospeda dezenas de milhares de arquivos maliciosos em seu banco de dados e, assim, infecta visitantes que os executam. Seguro de si, o australiano fez pouco caso do risco.

Videos by VICE

“A campanha de Hillary Clinton tem dito por aí: não leia o WikiLeaks porque tem malware lá”, comentou Assange em resposta a uma pergunta feita pelo Motherboard.

Ao falar sobre os arquivos maliciosos incluídos em um recente dump de e-mails vindos da Turquia, ele foi enfático ao afirmar que não haveria qualquer problema para quem apenas visita o site. Segundo ele, as pessoas precisariam baixar o arquivo por conta própria.

“Este mesmo risco existe para a maior parte dos arquivos ‘.exe’ ou ‘.doc’ baixados de qualquer lugar na internet ou recebidos por e-mail. Com o passar do tempo alertamos nossos leitores”, dizia um comunicado impresso entregue aos jornalistas na coletiva.

Assange até mesmo considerou digna de nota a presença de tais malwares. “Um malware foi enviado ao [partido governante na Turquia] AKP, por criminosos ou ataques estatais ao AKP, o que é interessantíssimo”, comentou.

Já o Dr. Vesselin Bontchev, pesquisador búlgaro que monitora malwares no WikiLeaks disse ao Motherboard que o site contém pelo menos 33.000 arquivos maliciosos, todos inclusos nos e-mails turcos vazados.

“Assim que um visitante baixa um dos arquivos, possivelmente sem saber o que este contém, o usuário estará a um clique de distância de infectar sua máquina”, escreveu Bontchev em um e-mail. Ele também discorda da afirmação do WikiLeaks de que o risco de abrir malwares do site é o mesmo que baixar arquivos de qualquer outro lugar na internet.

“A maioria dos sites não disponibiliza dezenas de milhares de arquivos maliciosos para download. A não ser, é claro, que estejamos falando de sites de distribuição de malware, mas tenho uma série dificuldade em lembrar de qualquer um desses com tantos arquivos do tipo!”, escreveu Bontchev.

O pesquisador afirmou ainda que, em resposta à descoberta, o WikiLeaks trocou cerca de 300 arquivos maliciosos por texto. “Mesmo assim, ainda é possível que os usuários baixem malware”, afirmou Bontchev.

“Os leitores do WikiLeaks estão correndo risco porque o site facilita a situação para que baixem malware em seus computadores e não os alerta de sua presença”, concluiu.

Tradução: Thiago “Índio” Silva