Artistas celebram 20 anos do ‘The Miseducation of Lauryn Hill’

Para viver uma vida como pessoas livres, as mulheres — sobretudo as mulheres negras — precisam desaprender tudo o que foram ensinadas desde que vieram ao mundo. Sabendo bem disso, Ms. Lauryn Hill batizou de The Miseducation of Lauryn Hill o álbum que a lançou ao mundo como uma força solo em 1998, depois de ter passado a maior parte dos anos 90 gravando e em turnê no trio Fugees. No dia 25 de agosto, a tentativa de deseducação de Lauryn completa 20 anos desde que mudou o R&B, o soul, e o hip hop pra sempre.

Não à toa, Miseducation é ambientado numa escola e se passa entre conversas entre um professor e seus alunos. Logo no começo do disco, durante uma chamada, descobrimos que Lauryn faltou à aula. Durante as próximas 16 faixas, ela nos conta o que aprendeu sobre temas que não são tratados na escola: o amor, a maternidade, Deus, a cidade, o gueto.

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Mas não só as letras se destacam em Miseducation. Apesar de predominantemente se estabelecer como um disco de neo-soul, Lauryn não hesitou fazer dele uma grande colcha de retalhos da música popular negra: junto com a influência de reggae e ritmos caribenhos trazida do Fugees, Lauryn trouxe o R&B e, principalmente, o hip hop à mesa durante os 77 minutos de disco.

Lauryn não foi, obviamente, a primeira mulher a fazer rap, mas é bem possível que estivesse sozinha nessa raia à época do lançamento de Miseducation. Entre um mar de Outkast, Gang Starr, Black Star, Beastie Boys, Wu-Tang, Jay-Z e tantos, tantos outros, Ms. Hill foi a única a encaixar sua voz e visão como mulher negra dentro do rap mainstream mundial ao final dos anos 90. Talvez por isso, ela tenha importância sem igual em definir os caminhos que o hip hop — em específico, o hip hop feito por mulheres — tomaria do lançamento de Miseducation pra frente.

Nesse dia das mulheres, então, o Noisey resolveu conversar com mulheres do rap, R&B e até da MPB sobre a importância e influência que The Miseducation of Lauryn Hill teve para elas como mulheres e artistas, e qual seu papel em impulsionar o hip hop feminino nacional. Veja os relatos abaixo e aproveite pra dar um play nessa obra-prima:

Xênia França

Quando cheguei em SP em 2004 uma das primeiras coisas que eu me deparei foi com um disco pirata da Lauryn Hill numa banca no centro da cidade. Quando eu morava na Bahia, um dos primeiros filmes americanos com protagonistas negros que assisti foi “Mudança de Hábito”. Whoopi Goldberg e Lauryn viraram referências instantâneas pra mim. Na adolescência ouvi uma versão dela de “Good Love” num DVD em homenagem a Bob Marley e admiração só aumentava… E chegando em SP sozinha, com a cabeça cheia de sonhos, dei de cara com Miseducation. Ouvi esse disco sem parar durante uns dois anos seguidos ou mais, e ele meio que acabou virando um tipo de bússola pros meus primeiros anos aqui, e acredito que pelo resto da vida. Miss Lauryn Hill é uma potência negra feminina que gerou um impacto enorme em mim, que tinha poucos referenciais negros na mídia brasileira. E eu agradeço pela vida dela, por ser uma importante referência do meu trabalho e pela entidade que ela é.

Negra Li

O álbum Miseducation foi um marco pra mim porque através dele a Lauryn Hill se tornou minha maior referência musical com sua mensagem, comportamento e postura. E por ser uma mulher negra de pele escura cantando hip-hop fazendo sucesso mundialmente, me inspirou a lutar pelo meu espaço independente dos obstáculos provando que apesar de difícil não é impossível.

Flora Matos

Esse disco foi o disco que mais escutei durante minha adolescência. Talvez seja o disco que eu mais ouvi na minha vida. Contribuiu e continua contribuindo pra a minha formação musical e artística. Sempre que bate a saudade eu escuto. Vou escutar agora.

Cris SNJ

A Lauryn é uma mulher inspiradora, admirável e surpreendente, que recebeu merecidamente várias premiações no Grammy. Me encontrei muito nesse disco, que veio com tanta representatividade para os negros principalmente. Em suaves batidas ela compôs letras contundentes e algumas das músicas com as quais muito me identifico, como a faixa “Lost Ones”.

A música é a tarja preta para várias pessoas. Para nós mulheres, para os negros e pobres e, principalmente, para as mulheres negras. Essas três características são um condicionamento a um lugar menor na sociedade e isso nos mata suavemente, como diz o nome de uma música da Lauryn Hill.

Foi difícil pra mim sair de um grupo em que eu era a única mulher, acharam que eu não conseguiria, ainda mais sendo mãe solteira. Mas, assim como a Lauryn, foi por meio das minhas rimas que eu consegui ultrapassar todos esses obstáculos. Temos que ter em mente que tudo é possível, nada nunca está acabado, podemos alcançar o inalcançável.

Anelis Assumpção

Eu sempre fui muito ouvinte de rap, nacional e americano principalmente, e sempre vi com muita beleza a construção dos discos dentro do mundo do hip hop. Tem um alinhamento entre as faixas, sempre ambientado por uma situações; falas, ligações de telefone, mesas de bar, situações de delegacia, poemas, conversas. Quase todos os discos de rap que eu mais gosto de ouvir tem uma conexão da primeira à última música muito bem costurada. E eu falei sobre isso pra falar sobre o Miseducation porque ele tem essa ambiência, que é a sala de aula. Ora os professores fazendo chamada, ora alunos conversando. E é genial, é um disco que é uma obra-prima, perfeito pro momento em que a Lauryn resolveu trilhar o caminho dela sozinha dentro do rap. Sabemos todos que é um ambiente bastante insalubre pras mulheres, e a indústria de entretenimento americana é completamente diferente da nossa. As proporções são muito maiores. E ela veio sem medo e deixou uma referência para uma geração, inclusive a minha. Embora ela não seja uma pessoa muito mais velha – nós somos contemporâneas de certa forma – ela era muito jovem e já muito audaciosa, desde o Fugees. E esse disco solo dela, o Miseducation, é um marco pro rap feminino e extremamente importante e fundamental para toda a música black que veio sendo construída depois disso, principalmente pras mulheres MCs. Esse disco com certeza é como um livro de cabeceira importante, que você leva pra vida inteira. Um dicionário de consulta. Ele é bem fundamental para a história da música negra mundial.

MC Gra

Esse álbum com certeza é um dos álbuns mais marcantes na minha vida, e um dos primeiros. E o importante é justamente por isso: vários álbuns marcaram depois de mulheres dentro do rap mundial, mas esse com certeza foi dos primeiros. Eu lembro de uma sensação muito legal quando ouvi o álbum pela primeira vez, fiquei paralisada, boquiaberta. Era tanta qualidade, tanta informação, tanta revolução. Em termos de canto, de flow, de batida. Era uma perfeição que eu fiquei pasma e quis ouvir um milhão de vezes. E até hoje esse álbum é aquele álbum pra quando alguém te pergunta “e aí Gra, o que a gente pode ouvir?” Ele cabe em todas as situações. Se a gente quer ouvir um rapzão ele cabe, se a gente quiser ouvir uma coisa mais gostosa, mais suingada ele cabe, se você quiser ouvir uma coisa com mais técnica e de mais qualidade ele cabe também. Esse álbum é demais e a Lauryn Hill é a fucking queen!

Eu acho que ele me marcou tanto porque eu sou uma cantora de rap, e eu conheci o rap bem contextualizado dentro da cultura hip hop – toda aquela coisa ideológica, aquela proposta que a cultura hip hop faz para os seus seguidores e adeptos é demais, eu sou apaixonada. E a Lauryn vem com toda essa maravilha em termos de produção, porém ligada à mensagem. Tanto que o álbum começa com crianças e um professor fazendo uma chamada. Então tem essa preocupação, já se passa dentro de uma escola. Fora MC eu sou educadora, física e social, sou professora formada. Então eu lembro disso me marcar demais, era muito o que eu queria falar, o que precisava ser dito. Era o que eu esperava de uma cantora de rap e hip hop foda, como ela foi. Ela conquistou a mídia, ganhou prêmios que até hoje ninguém nunca bateu.

Na primeira faixa ela vem muito rapzão, mas ao mesmo tempo muito doce e cantando maravilhosamente bem. Na segunda, ela vem cantando que nem um passarinho. Na terceira ela já vem mais suingada, depois ela vem mais romântica, e é muito perfeito. Esse álbum é perfeito, pra mim ele é uma conquista da humanidade [risos].

Karol de Souza

Falar desse álbum é voltar à sala do apartamento que eu morava, já sozinha, aos meus 16, 17 anos. Lembro que um amigo trouxe o vinil, e ficamos ouvindo direto, por dias. Todo mundo amava as músicas de trabalho, mas eu me encantei por outras, tipo “Final Hour” e “When It Hurts So Bad”… Eu sempre fui mais lado B das coisas mesmo. Eu tinha um grupo de rap nessa época, formado só por meninas (ainda em Curitiba) e ver uma mulher sair de seu grupo, lançar um disco solo, liderando, opinando em tudo, comprando a briga mesmo, foi fundamental como referência de comportamento. Uma mulher preta e linda, diga-se de passagem! Duas coisas: sexo com “Nothing Even Matters” de trilha é sucesso, (D’Angelo né mores, aff) e eu confesso que choro rios até hoje no dueto dela com a Mary J. Blige. Muito amor por esse disco!

Lurdes da Luz

Lauryn Hill é o Bob Marley mulher e contemporâneo, sabe? “Repeat” é a palavra que me vem sobre Miseducation, esse nome já incrível para um álbum de uma mulher… Temos que desconstruir tudo que nos foi ensinado sobre a vida para sermos livres, né? É um dos meus cinco álbuns prediletos de rap americano, e infelizmente o único feito por uma mulher nesse ranking que tem Outkast, Tupac, Gang Starr e Nas… As formas como esse disco me influencia são diversas. Primeiro em ser muito rap e não ser também, ser pop, soul, jamaicano, blues. Segundo em ter um conceito, uma unidade coesa e contar uma história – não é uma compilação de músicas. E por último em ser música de mulher, que fala da vivência de uma mulher nesse sistema mas de uma forma que interesse a qualquer um, que transcende gênero, idade, gueto e por aí em diante. Até o show que ela fez aqui e todo mundo criticou em 2007 eu chorei de emoção o tempo inteiro, achei forte pra caramba e amo o disco acústico… Lauryn é a dona da porra toda, é muita treta!

Stefanie

Lembro até hoje o dia que escutei pela primeira vez o The Miseducation of Lauryn Hill. Estava na casa de uma amiga que morava na minha rua e fiquei impressionada, tudo no disco é muito redondo, cada faixa, a sequência das músicas, um álbum dinâmico com rap/R&B que você escuta de ponta a ponta sem pular nenhum som. Fiquei ainda mais impressionada quando descobri que a Lauryn Hill também estava envolvida na produção musical do disco, ainda não tinha escutado nenhum disco de rap produzido por mulheres. Foi incrível como ela conseguiu colocar toda a sua essência, quebrando mais uma barreira e ocupando mais um espaço em um universo onde, na época, a predominância era masculina. The Miseducation é um álbum atemporal com mensagens de amor e força, vindo de uma artista excepcional e que será lembrado para sempre como uma obra-prima musical. Na minha opinião, isso mostra o quanto devemos fazer nosso trabalho com amor e dedicação. Sem dúvidas é um dos melhores álbuns que já escutei na minha vida.

Bivolt

Quando se fala em Miseducation, da Lauryn Hill, estar com 20 anos eu já fico preocupada. Falo opa, estou ficando velha [risos]. Um disco que surge nos anos 90, uma época em que os rappers estavam em ascensão, com seus programas de TV, em comerciais, fechando com marcas e o escambau. Aquela ostentação, luxo, carros, bling bling, mulheres nuas. Chega sua tia com o Miseducation e ela sim, botando ordem na porra toda. Trazendo um discurso de amor a si mesmo, amor próprio. Liberdade pras mulheres, empoderamento pras mulheres. A visão feminina da cena, como ser mãe, como lidar com esses caras. Nós que é o pá, como lidar com esses caras que também são o pá. Ei, gata, você é mais que esse cara. Ele só quer ostentar, ele só quer zuar. Eu já passei por isso, você é mais que ele. Vem na minha. Clipes acompanhando toda essa letra pesada, melodias lindas, uma vez potente, universal. Tenho certeza que as pessoas em Marte escutam Lauryn Hill. Voz diva do hip hop, não apenas do hip hop mas da música.

Ela trouxe todo isso com muito suíngue, muito rap, produções impecáveis. Eu sou fã dessa mulher, ela é muito linda. Quando abro o vinil do Miseducation, eu olho aquele ensaio dela no banheiro vazio com os espelhos e falo oh my God, essa mulher é muito de verdade. Eu consigo sentir a veracidade dela nas letras. Trazer esse lado feminino, a visão feminina no rap. Essa parada de ser mãe com a indústria querendo te brecar, com a família, com o seu trampo querendo ditar o que é melhor pra você e pra vida do seu filho. E ela ali, “no meu caminho, sei o que é melhor pra mim, sei o que eu vou fazer”. Ela é uma mulher que sofreu muito em questão de relacionamentos abusivos, ser sabotada pelos próprios companheiros de trabalho. Então cada faixa ali é um hino contra o sistema. Quando eu digo sistema, é aquele sistema que quer derrubar o menos favorecidos pra engordar o bolso de quem controla a porra toda. E o disco traz também essa parada da mulher vencendo, da mulher dona de si mesma.

Essa mina é muito rap, ela é muito flow. O jeito que ela apresenta as melodias no meio de um monte de rima fudida, no meio de uma letra fudida. Ela é muito rap. 20 anos do melhor álbum da história – mentira, não posso falar isso porque é crime contra a Erykah [risos]. Fica dividido, metade Lauryn metade Erykah.

Eu sou sem palavras pra esse disco e, apesar de ser compositora, sou péssima pra falar. Mas é um disco que eu não tenho dúvidas que mudou minha vida e muda até hoje sempre que eu escuto do começo ao fim. Sou apaixonada por essa mulher. Gosto muito que as pessoas escutem, sempre que pude eu apresentei às pessoas. É um álbum impecável. Ouça Lauryn Hill, estude Lauryn Hill, escute o que ela tem pra falar porque é como uma bíblia. Esse disco é como uma bíblia. Se você colocar ele em qualquer momento, em qualquer parte vai ter uma mensagem que vai te ajudar, independente da hora e do lugar. Parabéns pra Lauryn, vi que ela tá retomando as paradas dela, fazendo shows e fico muito feliz. Ainda tenho o sonho de assistir um show dela ao vivo, nunca pude realizar esse sonho mas sei que em breve estaremos aí.

Souto MC

A primeira vez que eu ouvi Lauryn Hill foi meu irmão que me mostrou e eu ouvi especificamente esse disco. Eu estava estudando ainda, estava no Ensino Médio, e eu lembro de, durante um mês, eu ir pra escola todos os dias ouvindo esse disco da Lauryn Hill. Mesmo que eu entendesse bem pouco o inglês, as poucas palavras e frases que eu conseguia entender batiam e batem bem forte pra mim, até hoje. É um disco atemporal, a Lauryn Hill é uma artista atemporal e extremamente necessária pro cenário da arte. Nem só da música, mas da arte no mundo. O disco me influenciou muito em questão de representatividade, de ter uma mulher ali cantando sobre o que ela estava cantando, da forma que ela estava cantando. E solo. A gente já tinha ouvido a Lauryn no Fugees, mas ver um disco tão bonito sendo feito por ela solo – não que os do Fugees não eram legais, era animal – mas ver uma mulher fazendo algo pra além do grupo dela ou fugindo de um padrão que possam ter colocado nela é muito legal. Eu amo o disco de cabo a rabo, a minha música favorita acho que é “Lost Ones”, gosto muito do flow que a Lauryn tem naquele som. Acho muito foda. E é isso, eu desejo vida longa à Lauryn Hill, que ela continua inspirando a gente desse jeito que só ela sabe. Ela é maravilhosa, eu sou extremamente fã dela em todos os sentidos da palavra. Ela representa muita coisa não só como cantora, mas como figura. A figura dela é sensacional, e o que ela faz é mais sensacional ainda.

Dory de Oliveira

A minha história com a rainha Lauryn Hill é antiga. Acompanho desde que ela fez parte do Fugees. Em 98 cheguei a achar um CD do grupo na cadeira da escola. Seria um sinal do destino? [risos] Nas festas e quermesses dos bairros não podiam faltar os sucessos “Killing Me Softly”, “Fu-gee-La”. Pra ter noção da referência forte, a minha sobrinha de 10 anos se chama Lauryn em sua homenagem. Em 2016 fui convidada para participar do reality “Drag Me As a Queen”, no canal E!, em que eu escolhi fazer uma performance cantando a música “Doo-Wop (That Thing)”. Estou escrevendo uma nova música chamada “Afrontamento”, onde no último verso eu cito: “Pra Hill vim tipo Lauryn / Mexe com nóis não, fio / Nóis é fogo no pavio!”

Na minha opinião todos os CDs e trabalhos da Lauryn são fontes de referência e musicalidade sem igual que só quem escuta com a alma consegue sentir. Ela representa toda uma geração, fez e faz história até hoje. É rainha e ninguém tira seu trono!

Lay

Saudações a todas as bucetas!

The Miseducation of… Esse álbum é muito especial. Me acompanhou durando toda a adolescência, mas só quando comecei a fazer música finalmente compreendi como ele quebrou regras estéticas não apenas sendo um bom disco de R&B ou hip hop, mas um álbum de música boa. Me ensinou a ter minha própria musicalidade, influenciou 100% na construção do meu primeiro EP 129129. Atualmente aplico na minha vida muitas dinâmicas do álbum, porém, a principal é ter sua própria opinião, selecionar o que deve ser retido e o que não cabe na sua mente.

Brisa Flow

Curto muito a Lauryn como artista. É um dos shows mais fodas que vi ao vivo, muita a energia, flow e uma impostação de voz maravilhosa, canta demais. Fui no Back2Black ver o show dela. Eu estava grávida, e meu filho deu um rodopio pela primeira vez na minha barriga durante o show dela.

Conheci ela no Fugees, foi uma grande influência pra mim na época. Mas o Miseducation é inspirador por ser o primeiro disco solo e é um disco sobre ela. Gosto da “Ex-Factor”, da que ela fez pro seu filho Zion e a “Everything is Everything”. Depois que ela saiu do grupo, teve um bloqueio criativo. Li uma entrevista em que ela conta que era como dirigir na tempestade: ela estava grávida, decepcionada amorosamente e seu disco sair foi tipo olhar pra trás depois de tudo isso e ver que sobreviveu. Ler sobre como ela passou por isso e gravou o disco mexeu muito comigo, fui atrás das letras e me senti representada. Por ser mulher e por ter passado algo parecido quando escrevi e gravei meu disco Newen. Eu estava decepcionada amorosamente, com um filho nos braços, sozinha em São Paulo e o disco foi uma forma de usar a arte pra superar. A Lauryn sempre me inspirou.

Tássia Reis

Quando eu conheci o Miseducation, através de um amigo meu que tinha internet e baixou, eu ainda não entendia bem. Eu sabia que ela era importante – e ainda é, belíssima, negra maravilhosa. Aquilo foi muito potente, apesar de eu ainda não cantar, me enxergar numa artista. Eu tenho certeza que me influenciou muito, porque nessa época muita música me influenciou – foi naquela saidinha para a adolescência, acho que eu tinha 15 anos. E hoje eu tenho a honra de, quando as pessoas me perguntam se eu tenho influência em cantar e rimar, falar da Lauryn. Fico muito feliz das pessoas conectarem ela ao tipo de som que eu faço hoje. Ela com certeza é uma referência e esse disco foi muito importante.

AltNiss

A primeira lembrança que me vem à mente quando penso nesse disco é da minha adolescência querendo juntar uma grana pra comprar ele. Eu sabia que era uma lenda, e era. Aquela voz de anjo em batidas pesadas, melismas insuperáveis, muito sentimento, muita sujeira, muita rua! Ela trouxe algo que musicalmente pra ela mesma foi imbatível. Lauryn Hill foi durante muitos anos minha maior referência, e esse disco é sem duvida o motivo.

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