Mais da metade da comida que chega à sua mesa tem agrotóxico

Mamão-formosa, tomate, couve, pimentão verde, laranja, banana, café, arroz e feijão. O que comemos normalmente, diz o Greenpeace, também também chega à nossa mesa com excesso de agrotóxico. O alerta foi feito pela ONG nesta terça (31) no relatório Segura esse Abacaxi: agrotóxicos que vão parar sua mesa.

O levantamento fez um exame toxicológico em 50 amostras de alimentos coletados em feiras livres de São Paulo e Brasília. A agrônoma Marina Lacôrte, especialista em agricultura e alimentação do Greenpeace, me diz por telefone que os alimentos analisados são “muito comuns na dieta do brasileiro — independente da região geográfica [do país], vamos encontrar esse tipo de problema”.

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Os exames constataram que 60% das amostras testadas continham resíduos agrotóxicos e em 36% delas foram registradas irregularidades como a presença de agrotóxicos proibidos no Brasil. Questionada sobre a amostragem da pesquisa ser pequena frente à realidade da agricultura familiar brasileira (responsável por 70% da alimentação do brasileiro), Lacôrte argumenta que os alimentos foram coletados em grandes centros de distribuição como o CEAGESP, em São Paulo, por exemplo.

O relatório do Greenpeace também alerta para o que chama de “efeito coquetel” causado por agrotóxicos. Lacôrte diz que a sobreposição dessas substâncias no nosso organismo pode ser responsável por doenças variadas, de disfunções hormonais ao câncer.

O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos mantido pela ANVISA é menos alarmista. No último relatório da agência, referente aos anos de 2013 a 2015, foram analisadas mais de 12 mil amostras de comida. Do total das amostras monitoradas, 80,3% foram consideradas satisfatórias — 42,0% delas não apresentaram resíduos dentre os agrotóxicos pesquisados. Ao todo, 38,3% dos alimentos apresentaram resíduos de agrotóxicos dentro do Limite Máximo de Resíduos (LMR), estabelecido pela Anvisa.

O relatório do Greenpeace foi lançado como forma de apoio à campanha #ChegadeAgrotóxico. A ONG apoia a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos, a PNARA. O projeto de lei (6670/2016) aguarda a instalação de uma Comissão Especial na Câmara dos Deputados para ser analisada.

Mas seria mesmo viável uma produção livre de agrotóxicos no Brasil? Marina Lacôrte me diz que sim. “Só é preciso de força política para isso. Há sistemas agroecológicos que dão certo, eles precisam de incentivo.”

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