Flying Fortress
Lululemon
6/10
Há uns anos, quando dava por mim encalhado numa review, ocorria-me o seguinte pensamento: “Vou tentar, mais uma vez, comparar esta banda aos Lightning Bolt. Pego em alguns nomes secundários da Load, falo um pouco de macacos, cito um ou outro filme de ficção-científica e ninguém há-de reparar que é a terceira ou a quarta vez que tento isto em menos de um mês”. Se alguém reparasse, a justificação seria a mesma do Al Pacino, quando as coisas começam a correr mal no Padrinho III: “just when I thought I was out, they pull me back in”.
Agora seria, portanto, a altura certa para começar a malhar no primeiro álbum dos Lululemon, um Flying Fortress que surge bem acompanhado pelo EP Thee Ol’ Reliables, comparando se me apetecesse a banda aos Lightning Bolt ou aos Man-or-Astroman. A verdade é que os Lululemon não merecem ser reduzidos a isso. Flying Fortress, mesmo sem conseguir agarrar durante toda a sua duração, é um disco (maioritariamente instrumental) repleto de inventividade e arrojo. Será, se quisermos ser mais alegóricos, um vistoso jardim cultivado por três tipos com um gosto musical diverso e muita vontade de desbundar entre linguagens e décadas sem que uma coisa exclua a outra.
Quando nos estamos a habituar ao festival de música exótica, eis que entra um bom naco de surf rock com uma vénia ao grande senhor Dick Dale. Se há alturas em que os Lululemon enveredam por um rock vintage mais assombrado e típico do Scooby Doo, outras há em que parecem os Caça-Fantasmas com guitarras na mão e vontade de mostrar que andaram a ouvir os Thin Lizzy e outras bandas com o relevo da pila bem visível nas calças. Tudo isto diverte quanto baste, claro.
E, sim, Flying Fortress lembra os Lightning Bolt aqui e ali, mas era muito pior se lembrasse a merda em que os Battles se tornaram.