A flauta envolvente do MC Fioti ganhou o mundo. Postado no dia 8 de março desse ano no KondZilla, maior canal de funk do YouTube, “Bum Bum Tam Tam” atingiu 400 milhões de visualizações nesse domingo (12). Isso significa algumas coisas: não apenas o vídeo é o mais visto de todo o canal do KondZilla, como também provavelmente ganha o posto de funk mais tocado de todos os tempos do YouTube. E mais: os números de “Bum Bum Tam Tam” o colocam entre os maiores hits do Brasil e não abaixo de alguns pelo mundo em 2017.
A fim de comparação, ainda dentro do funk, “Deu Onda” do G15 e “Olha a Explosão”, de Kevinho, contam com 317 e 376 milhões de visualizações, respectivamente. Fioti fica atrás de “Loka”, de Anitta e Simone e Simaria, mas foi mais visto do que os outros hits da cantora ao longo do ano — “Paradinha” e “Sua Cara” ambas têm por volta dos 200 milhões de visualizações. Nem o sertanejo foi páreo para o MC e seu sample de Bach: “Vidinha de Balada”, de Henrique e Juliano, e “Amante Não Tem Lar” da Marília Mendonça também ficam atrás de Fioti em número de views.
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Pensando mais em hits globais, “Bodak Yellow”, faixa da rapper Cardi B que passou três semanas no primeiro lugar do Hot 100 da Billboard em outubro, tem pouco mais de 300 milhões de visualizações. Fioti não fica tão atrás nem dos Migos e seu gigantesco “Bad and Boujee”, que tem 537 milhões.
“Bum Bum Tam Tam” foi originalmente postada no canal da Detona Funk em fevereiro, onde ganhou quase sete milhões de visualizações. Fioti disse ao portal da KondZilla que o clipe da faixa quase não aconteceu, mas sua gravação foi encaixada numa data que tinha sido deixada vazia pelo ex-companheiro de RW Produtora MC Don Juan (essa não é a história de todos os grandes hits e álbuns, afinal?), depois de muita insistência de Fioti. Já acompanhado de seu clipe inspirado em Aladdin e postado no canal do KondZilla, o céu foi o limite pra “Bum Bum Tam Tam”.
Além do sucesso estrondoso no Brasil, a música se tornou viral na Indonésia, onde adolescentes o usavam como trilha sonora para algo chamado de “Squatshit Dance Challenge” (tem até alguns vídeos de compilações no YouTube, todos acompanhados pela faixa de Fioti). Após ultrapassar barreiras internacionais, a faixa caiu na graça até de uma galera conhecida lá da gringa: Lily Allen postou um vídeo em suas histórias do Instagram ouvindo o funk, enquanto Skepta demonstrou seu encanto pelo Fioti no Twitter.
Enquanto isso tudo acontecia, Fioti e sua turma da RW (Lan, Mirella, CL e Gabriel Medeiros) assinaram um contrato que os tornaram parte do catálogo da Warner Music, o que rendeu mais algumas ondas positivas para “Bum Bum Tam Tam”, como o remix (bem mais ou menos, inclusive) feito pelo Jason Derulo. Dentro da gravadora, conhecida por ter contratado também os talentos Anitta, Ludmilla e Guimê, os funkeiros se tornarão a nova aposta do selo, mas é possível também que o caminho inverso seja feito. Contratado pela Warner lá por 2015 pelo sucesso de “Na Ponta Ela Fica”, o belo-horizontino Delano lançou apenas uma faixa desde que se tornou parte da gravadora — não seria difícil supor, então, que as contratações acontecem justamente como uma tentativa de cortar as asas daqueles que estão produzindo os maiores hits do Brasil, os artistas de funk.
“Bum Bum Tam Tam” concretizou o óbvio e ululante de que o funk é, de fato, o futuro (e o presente) da música pop no Brasil, deixando pra trás quase todas as faixas que tentaram chegar perto de seu pódio. Mas Fioti fez mais que isso: o MC e produtor mostrou que o gênero não precisa da asseptização ou benção que lhe é concedida pelas grandes gravadoras ou televisão de tempos em tempos. O funk já há décadas anda com as próprias pernas, e “Bum Bum Tam Tam” ganhou merecidamente o privilégio de poder ser símbolo disso.
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