O Superbowl insere-se no grupo vasto de coisas que nunca irei entender por mais que as estude, juntamente com a física quântica, filmes expressionistas e pornografia japonesa. Segundo algumas pesquisas, atrai milhões de telespectadores todos os anos — perdendo apenas para os Jogos Olímpicos e para a final do Mundial — os bilhetes vendem-se a peso de ouro (os de ontem chegavam a custar mais de mil dólares) e, no final do jogo, a única coisa de que se fala é das pernas da Beyoncé ou dos anúncios que, de dez em dez segundos, tomam conta do ecrã.
Pessoalmente, acho imensamente triste que o marketing seja considerado um desporto, mas adiante: Há uma nova polémica que envolve um desses anúncios: o Go Daddy, um site de web hosting, decidiu fazer um anúncio cuja ideia era mostrar o lado sexy e o lado inteligente da empresa, mas que, no final, se traduziu apenas por “FODA-SE, QUE FAZ A BAR REFAELI COM AQUELE TOTÓ?”, o que deixou os Estados Unidos conservadores de forquilha em riste. Porque, aparentemente, Jesus não gosta de linguados.
Sendo um gajo educado segundo uma certa ideia de cultura europeia e laissez-faire não-te-preocupes-com-o-que-fazem-os-outros-apenas-não-os-chateies, não vejo, honestamente, o problema moral inerente a este anúncio. Mas tenho motivos para me indignar, até enraivecer, tal como os puritanos made in USA. Senhores, e especialmente senhoras: eu também sou um totó. Cheguei a coleccionar cartas do Pokémon e ir a torneios quando era puto. Passo demasiado tempo em casa sem apanhar sol e crescem-me borbulhas em sítios que vocês desconhecem.
Portanto: POR QUE REAL CARALHO NÃO TENHO A NATALIE PORTMAN EM MINHA CASA À ESPERA DE GRAVAR UM ANÚNCIO SENSUAL? Nem é preciso ir tão longe: já me contentava com a Joan Jett (puta de MILF, odiadores vão odiar). Este anúncio ofende-me francamente. E também me deprime. Se calhar mais esta última.
