O título do Sérgio, o estilo do Fernandes e a “loja dos 300” encarnada

O principal campeonato de futebol português está quase a ir de férias mas, com uma jornada por disputar (mais a final do Jamor, dia 20 de Maio), ainda há muito por decidir- quem irá acompanhar o FC Porto na Liga dos Campeões, quem vai à Liga Europa e quem desce de divisão.

Antes de um domingo (dia 13) que se prevê impróprio para cardíacos, avançamos com as figuras e os eventos que marcam a competição desde o passado Verão. São dezasseis pontos em território nacional e adicionamos cinco bónus relacionados com outras paragens. O pontapé de saída é dado pela formação azul e branca.

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FC PORTO. As cinco figuras de quem demonstrou ter mais afinco para ser campeão

A mística dos “dragões” andava perdida desde os tempos de André Villas Boas (2010-2011). Conceição recuperou-a e arrecadou o seu primeiro título enquanto técnico. (Imagem pelo autor)

Sérgio Conceição. É indubitavelmente o homem dos últimos dez meses. O seu mérito passou por aproveitar as “segundas linhas/emprestados” que outros não quiseram (caso de Nuno Espírito Santo) e a implementação de um sistema táctico incisivo e “prá frentex” – apostando muitas vezes no 4-2-4. A forma como geriu o balneário (problemas disciplinares de Marega na pré-temporada, Casillas relegado para o banco e o meter Soares na ordem) foi outra matéria que definiu o regresso dos portistas ao título – o vigésimo oitavo.

Marega/Herrera. Perante tantas críticas ao longo dos últimos anos, é caso para dizer que se fez justiça poética. O maliano foi o herói improvável e isso reflectiu-se de cada vez que não constou na lista dos convocados. O capitão mexicano assinou a sua melhor época ao fazer uma parelha eficaz, no centro do terreno, com Danilo (primeiro) ou Sérgio Oliveira (depois).

Alex Telles/Ricardo Pereira. Nada é lateral quando se tem laterais de uma altíssima intensidade. Dos dois, somente o português tem esperança de ser um dos escalados pelo respectivo seleccionador. No Brasil, a concorrência é forte com Marcelo, Filipe Luís e Alex Sandro. A missão de Telles é, por isso, impossível. Para já.

SPORTING. As três figuras da eterna esperança a quem só faltou o objectivo número 1

Tem tudo para ser uma das maiores surpresas no Mundial da Rússia. Pelo menos, para os que desconhecem o seu valor. (Imagem pelo autor)

Bruno Fernandes. Qualquer amante de futebol que deixe de parte a clubite, só pode achar um encanto vê-lo jogar. Fosse mais rodado na Selecção A, nesta altura seria Ronaldo, ele e mais nove. O estilo tecnicista-batalhador e certeiro – com alguns golos fantásticos – faz de Fernandes o melhor entre os melhores (logo de seguida, aparecem Marega e Jonas).

Jorge Jesus. Um dos mais experientes treinadores da Liga teve, provavelmente, o ano mais estranho e emocional na sua carreira. O facto de ter aguentado o barco depois da crise “madrilena”, fê-lo subir na bolsa de valores (vulgo consideração) entre os adeptos que desejavam que saísse – pelo salário auferido e por verem, pela terceira vez consecutiva, o Mister “limpinho-limpinho” a deixar fugir o campeonato.

Bruno de Carvalho. A necessidade de mostrar que adora o Sporting mais do que ninguém – o “Presidente adepto/fanático”, citando as palavras de Rui Águas, comentador e antigo jogador – , fez com que desse vários tiros no pé (nas últimas horas, foi a vez do seu pai, Rui de Carvalho, provocar Jesus). Não deixa de ser curioso que depois de tantas mensagens a apontar todos os dedos das mãos aos atletas, o plantel leonino começasse a ganhar (só empatou com as “águias”), possa ainda aceder à Champions e conquistar a Taça de Portugal ante o Desp. Aves. Na vitrine de troféus em Alvalade, já mora a Taça da Liga.

BENFICA. As três figuras do (pouco entendível) desinvestimento

Por diversas razões, o presidente do SLB deve querer fazer delete e reset ao último ano. (Imagem pelo autor)

Luís Filipe Vieira. A sua obra de quase 15 anos no Benfica sofreu um abalo sem precedentes. Se no plano desportivo foi o que foi (a venda de jogadores rendeu milhões, mas apostou na “loja dos 300” com atletas de qualidade duvidosa e isso reflectiu-se no descalabro da Champions e na impossibilidade do penta), no capítulo da Justiça há imensas dúvidas quanto ao seu envolvimento nos casos que vieram a público. Como se escreveu aqui, os benfiquistas esperam que tudo não passe apenas de várias tempestades no copo da águia.

Jonas. Sozinho ou acompanhado na frente de ataque, foi disfarçando as fragilidades de um plantel repleto de equívocos – a começar pela baliza. É impressionante que aos 34 anos seja mais que um avançado. Gera confiança junto dos colegas e, com ele, o jogo equilibra-se tacticamente e ganha brilhantismo. Quando não está – “por causa das putas das lesões”, como diria o mais desanimado dos adeptos encarnados -, a nau de Rui Vitória sente a falta do mágico timoneiro. Com 33 golos, é o melhor marcador da prova (e assim deve continuar), seguido de Bas Dost com 26 e Marega com 22.

Rui Vitória. Os seus críticos acreditam que não se desligou do passado, ao pôr a equipa a jogar à Guimarães e dando conferências de imprensa como se estivesse no Fátima. Embora tenha cometido erros de palmatória – apostar em Filipe Augusto em várias partidas ou retirar Rafa frente aos portistas, não lembra ao diabo -, a verdade é que sem ovos não há omoletes de jeito (como se sabe, não houve substitutos à altura de Ederson, Nélson Semedo e Mitroglou). Por ser bicampeão e “não fazer ondas” contra o que diz a Direcção, não surpreende que continue. A não ser que o Benfica veja a Liga dos Campeões por um canudo…

A Equipa

FC Porto. Os “dragões” foram os mais consistentes e regulares ao longo dos meses, contra a expectativa de muitos especialistas (e a mítica desculpa do plantel curto). Três evidências. Foi quase sempre melhor nos jogos contra os rivais (mais o Braga); foi eliminado por penalties nas taças, nas meias-finais, com o Sporting; e na Champions, foi atirado borda fora pelo finalista Liverpool, que infligiu uma goleada no Dragão – o Manchester City e a Roma também sofreram uns quantos golitos dos muchachos de Klopp.

O Golo

Do portista Herrera, no clássico da Luz (ver vídeo abaixo). Decisivo para a definição do título de campeão.

Casos Mediáticos Que Dão Que Falar

O processo dos E-mails, com a operação E-Toupeira por perto.

O Jogão

Rio Ave – Desp. Aves (4-4; e 4-5 nas gp), nos quartos de final da Taça de Portugal.

A Frase Que Cora De Inveja Qualquer Tremoço Numa Tasca

“Quando durmo tenho os três olhos fechados”, Bruno Carvalho dixit.

Os Dezanove entre os “três grandes”

Onze: Rui Patrício (Sporting); Ricardo Pereira (FC Porto), Felipe (FC Porto), Mathieu (Sporting), Alex Telles (FC Porto); Danilo (FC Porto), Herrera (FC Porto), Bruno Fernandes (Sporting); Marega (FC Porto), Gélson (Sporting) e Jonas (Benfica).

Suplentes: Casillas (FC Porto), Marcano (FC Porto), André Almeida (Benfica), Sérgio Oliveira (FC Porto), Krovinovic (Benfica), Brahimi (FC Porto) e Aboubakar (FC Porto).
Treinador: Sérgio Conceição (FC Porto).

Os Dezanove entre os restantes competidores

Onze: Cláudio Ramos (Tondela); Ricardo Esgaio (Braga), Zainadine Júnior (Marítimo), Marcelo (Rio Ave), Yuri Ribeiro (Rio Ave); Lucas Evangelista (Estoril), Pedro Tiba (Chaves), Francisco Geraldes (Rio Ave); Nakajima (Portimonense), Rafinha (Guimarães) e Paulinho (Braga).

Suplentes: André Moreira (Belenenses/Braga), Raúl Silva (Braga), Nuno Pinto (Vitória de Setúbal), Vukcevic (Braga), João Novais (Rio Ave); Fábio Espinho (Boavista) e Gonçalo Paciência (Vitória de Setúbal).
Treinador: Miguel Cardoso (Rio Ave).

Cinco BÓNUS lá de fora. A nata (e um certo australiano) que perfumou os campos entre Agosto 2017 e Maio 2018

A Equipa: Manchester City. Foi, de longe, a mais espectacular nos relvados europeus. Surpreendentemente (ou não), só foi perturbada pelo Liverpool com quem perdeu três vezes. Em baixo, vê um cartoon engraçado sobre o team de Guardiola e a vitória na Premier League.

A Despedida: O último jogo de Iniesta no Barcelona. Prevê-se que a 20 de Maio (quando os catalães receberem a Real Sociedad), o goodbye seja tão emocionante como aconteceu com Totti, na Roma. A ser verdade as notícias publicadas na imprensa, vai a caminho da China. Os seus pés e os seus vinhos prometem maravilhar os estádios do outro lado do Planeta.

O Golo: São dois – ver vídeos abaixo. O pontapé de bicicleta de Ronaldo (Real Madrid), nos quartos de final da Champions, com a Juventus; e o tento de “escorpião” de Riley McGree (Newcastle Jets), na Liga Australiana, frente ao Melbourne City.

O Jogão: Sevilha – Liverpool (3-3), na fase de grupo da Champions.

Os Dezanove Dentro Das Quatro Linhas

Onze: Oblak (At. Madrid); Kyle Walker (Manchester City), Godin (At. Madrid), Umtiti (Barcelona) Alaba (Bayern Munique); Fernandinho (Manchester City), Kevin De Bruyne (Manchester City), Iniesta (Barcelona); Messi (Barcelona), Salah (Liverpool) e Ronaldo (Real Madrid).

Suplentes: Ter Stegen (Barcelona), Van Dijk (Liverpool), Roberto (Barcelona), Modric (Real Madrid), Sterling (Manchester City), Sané (Manchester City) e Kane (Tottenham).
Treinador: Guardiola (Manchester City).


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