“Cash For Kim”: os trabalhadores norte-coreanos explorados na Polónia

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A partir do relatório obtido pela VICE, relativo a um acidente que tirou a vida a um soldador norte-coreano nos estaleiros navais da CRIST, no porto polaco de Gdynia, os jornalistas Sebastian Weis e Manuel Freundt descobriram que, na Polónia, há várias empresas a recorrer a trabalhadores oriundos da Coreia do Norte.

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A investigação de Weis e Freundt revela quem são os beneficiários das condições de trabalho exploradoras a que estes homens são expostos. Os jornalistas conseguiram ainda falar com operários norte-coreanos que são mantidos em isolamento e sob vigilância e que, provavelmente, vivem com o medo de serem castigados se denunciarem as suas condições de vida e trabalho na Polónia.

A VICE conseguiu acesso exclusivo a documentos que revelam os valores dos salários destes trabalhadores norte-coreanos, antes de o regime de Kim Jong-un fazer as suas deduções e ainda a outros documentos confidenciais, como são os casos de contratos de serviço, relatórios de pagamentos, registos de pessoas, cópias de passaportes e excertos de um registo de população trazido às escondidas da Coreia do Norte e que indica que uma empresa polaca é, muito provavelmente, gerida por um militar norte-coreano de alta patente.

A investigação expõe uma rede complexa de exploração organizada, caos burocrático e indiferença por parte das entidades oficiais, bem como uma espécie de ignorância política que se estende até à Comissão Europeia. Acima de tudo, este documentário acende uma luz sobre condições laborais que apenas podem ser descritas como trabalhos forçados, como, aliás, os define a Convenção Europeia para os Direitos Humanos e a Organização Internacional do Trabalho.

Coloca-se também a questão de se a presença destes trabalhadores norte-coreanos se deve a um qualquer erro do sistema burocrático, ou resulta de uma política económica que prefere fazer vista grossa e não assumir as consequências das suas acções, desde que haja empresas europeias a lucrar e enquanto o regime ditatorial de Kim contorna as sanções internacionais e enche os seus cofres com moeda estrangeira.