Piratas somalis sequestraram a primeira grande embarcação desde 2012

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE News .

Piratas retornaram às águas do chifre da África, com o sequestro de um grande navio comercial na movimentada rota marinha na segunda-feira (13) passada. É o primeiro incidente de que se tem notícia na região desde o auge da pirataria somali em 2012, e pode ser o começo de um novo surto de ataques, com um pirata alertando que “nos próximos dias, vamos apreender ainda mais navios estrangeiros”.

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O último ataque foi ao MT Aris 13, um navio petroleiro em rota de Djibouti para Mogadíscio e propriedade de uma empresa com sede no Panamá. Vários grupos que monitoram pirataria confirmaram que a equipe de oito srilankeses foi feita refém, com os piratas exigindo resgate para libertá-los.

O ataque — e alerta dos piratas — vai aumentar temores do retorno da pirataria em uma das rotas mais movimentadas do mundo, o que custou bilhões de dólares a empresas no pico dos ataques em 2011.

O que se sabe até agora:

  • O MT Aris 13 foi capturado a aproximadamente 17 km da ponta norte da Somália por piratas viajando em dois barcos pequenos — com pelo menos um deles usando armas. A captura foi confirmada pela Força Naval da UE, um grupo que luta contra a pirataria somali, que disse na terça-feira que recebeu “confirmação do mestre do petroleiro com bandeira de Comores” de que seu navio e tripulação foram feitos reféns enquanto ancorados na costa norte de Puntlândia. Não está claro quantos piratas estão abordo.

Link do tuíte.

  • O navio, carregando gasolina e petróleo, era usado para reabastecer outros navios enquanto no porto, e tentou cruzar o Estreito de Socotra — entre a ponta da Somália e a ilha de Socotra. Essa rota é usada por embarcações viajando pela costa leste da África para poupar dinheiro e tempo, apesar da ameaça significativa de pirataria.
  • Além de viajar numa rota especialmente perigosa, vários outros fatores fizeram do Aris 13 um alvo dos piratas. A embarcação tinha uma borda livre — a distância entre a linha da água e o convés — de apenas 3 metros de altura, o que facilita a subida a bordo. O navio também estava viajando a apenas 5 nós, o que também facilitava sua abordagem.
  • O grupo que assumiu responsabilidade pelo sequestro pertence ao subclã Majerteen/Siwaaqroon, segundo a organização Oceans Beyond Piracy, e é liderado pelo pirata Jacfar Saciid Cabdulaahi. A rede Goobjoog News de Mogadíscio relatou que os piratas falaram com a mídia na terça. Um membro anônimo do grupo disse: “Somos pescadores que decidiram pegar em armas para nos defender. Os recursos do nosso oceano estão sendo esgotados por esses navios. Vamos limpá-los”.
  •  Alertando embarcações viajando na região, outro pirata disse: “Nos próximos dias vamos apreender ainda mais navios estrangeiros”. Os piratas aparentemente foram surpreendidos pela cobertura da imprensa que o ataque vem recebendo, dizendo que “nossos gritos e de todos os pescadores somalis caíram em ouvidos surdos”.
  • O pico da pirataria na costa da Somália foi em 2011, com um total de 176 ataques. Em 2016, os ataques tinham praticamente parado, resultado de mais marinhas estrangeiras patrulhando a região. A queda também foi resultado das empresas de transporte tomando mais precauções quando viajando pela costa somali, como colocar uma guarda armada no navio, viajar mais rápido e usar rotas mais seguras.
  • O ataque certamente é uma preocupação para autoridades e empresas de transporte, mas a Oceans Beyond Piracy disse: “Apesar desse incidente marcar o maior sequestro desde 2012, isso não indica um retorno em grande escala da pirataria somali”. Mesmo com essa afirmação, as condições que permitiram que a pirataria florescesse na Somália continuam. O país está à beira de outro período de fome, o que pode fazer mais pessoas consideraram a pirataria.

Há outros indicadores de um aumento da pirataria na região. Em 2016, o número de ataques e incidentes fracassados relatados aumentou, enquanto equipes de segurança a bordo de navios detiveram 11 ataques durante o mesmo período. Semana passada, um navio foi seguido por 40 minutos no Golfo de Áden por duas embarcações pequenas com 20 homens armados, que acabaram desistindo da abordagem.

Primeira imagem via Associated Press.

Tradução: Marina Schnoor

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