Soturna, suja, caliginosa, pixada. É essa a cidade de São Paulo que o fotógrafo paulistano Marco Aurélio, que assina como Marcola, 26, retrata. Não faz muito tempo que a fotografia virou seu objetivo de vida. Coisa de dois ou três anos, na verdade. Nesse meio tempo, transitou pelo mundo do skate, do rap, do pixo, e, como consequência, pela rua – sua paixão. O apego à câmera veio até meio sem querer. “Comecei a perceber que voltar para casa com boas fotos era algo que me deixava muito feliz e satisfeito. Daí, pra virar amor e vício foi um pulo”, conta.
Marcola tem uma pegada meio Batman. Só sai à noite para retratar sua Gotham City mais pobre e fodida. “Gosto da rua crua, sombria, gosto que em toda foto minha tenha pessoas, tenha vida.” Seus retratados, muitas vezes não identificados, estão em situação de rua.
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Morador do Parque Bristol, na zona sul da cidade, e designer por formação, o paulistano conversa com a pixação em suas fotos, fazendo do que é visto como vandalismo uma composição de cenário. “O pixo tem uma importância enorme dentro do movimento de resistência da periferia e um espaço como tipografia urbana que não se vê em nenhum outro lugar”, justifica.
Depois de algumas atribulações psicológicas pesadas, notou que sair de casa o incentivava a achar graça numa cidade caótica e, muitas vezes, horrível de se viver. Passou a enxergar a rua com o olhar de quem está pisando pela primeira vez numa cidade grande. “Comecei a ver beleza em coisas banais, numa pessoa andando com um guarda-chuva ou até mesmo num amigo bolando um baseado.”
Colaborador dos sites Raplogia e Rap em Movimento, cobriu também muita batalha de rima, que costumar ver como um duelo; ataque e defesa o tempo todo. “Isso dá uma adrenalina pra foto.”
Para Marcola, existem muitas formas de maquiar a essência de São Paulo, assim como sua pobreza e violência em cantos específicos. Mas, como dá pra ver nas fotos abaixo, não é o objetivo.
Pra ver mais do trabalho do Marcola, vá até o Instagram ou Flickr.
