Passe um tempo na beira de qualquer maratona e você vai testemunhar um fenômeno que vai dar nó na sua cabeça: mesmo corredores de outra forma esbeltos – gente com braços e pernas torneados – pode ter uma barriga saliente embaixo de suas costelas de corrida.
Vamos chamar isso de “barriguinha de corredor”. Não é um negócio exatamente onipresente, mas acontece o suficiente para ser um tópico de conversa entre corredores. Especialistas dizem que há duas explicações prováveis – uma delas representando um risco significativo para a saúde.
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“Acho que uma possibilidade bem comum, especialmente entre os mais velhos, é quando você perde muito peso e a pele da barriga fica flácida”, diz Tim Church, professor do Pennington Biomedical Research Center do LSU.
Church explica que essa pele é “bem grossa” e que, conforme envelhecemos, ela perde elasticidade e a capacidade de ser reabsorvida pelo nosso corpo. Se alguém de 40 ou 50 anos (ou mais) adota um estilo de vida mais saudável e perde muito peso, a pessoa pode ter uma pele da barriga flácida – aquele tipo que se acumula no baixo abdômen, logo acima da virilha – mesmo sendo magra no geral. Isso é ainda mais provável se a pessoa costumava ter muita gordura na barriga antes.
“Um amigo do jiujitsu tem essa coisa onde você consegue ver o tanquinho dele, mas ele ainda tem pele flácida abaixo disso”, diz Church. “O único jeito de se livrar desse excesso de pele é operando.”
A segunda e potencialmente mais insidiosa causa da barriguinha de corredor pode ter a ver com a dieta da pessoa. Vários estudos já mostraram que só exercícios aeróbicos não são um bom jeito de perder muito peso. Isso não quer dizer que você não vai perder alguns quilos treinando para uma maratona, por exemplo; você pode esperar perder de 1 a 2,5 quilos adotando uma rotina de corrida, pesquisas sugerem. E uma rotina de treino aeróbico sem dúvida é boa para sua saúde.
Mas o único jeito comprovado de perder muito peso é mudando sua dieta. “A maioria das pessoas não corre o suficiente para perder peso”, diz Michael Jensen, endocrinologista da Mayo Clinic em Minnesota, nos EUA.
Jensen diz que uma pessoa que corre mas tem uma dieta pobre “pode manter a barriguinha” se seus genes estão predispostos a carregar excesso de gordura no meio do corpo, e Church concorda. “No geral, se come de maneira pouco saudável, você tende a acumular peso na barriga”, ele diz. (E também se você bebe muito álcool, ele acrescenta.) E estudo atrás de estudo já ligou gordura na barriga a um risco mais alto de doenças metabólicas e mortalidade – mesmo comparado com pessoas com IMCs mais altos.
Se uma pessoa corre regularmente mas não adota uma dieta saudável para complementar sua rotina de exercícios, ela pode acabar com um pneuzinho ou barriguinha.
Isso é especialmente verdade para pessoas de origem asiática. “Você vê muitos casos de diabete em pessoas com peso normal descendentes de asiáticos”, diz Church. Graças a uma grande parte de seu DNA, muitas pessoas descendentes de asiáticos são naturalmente magras, mas também tendem a acumular qualquer peso que ganham na barriga, explica. “Você vai ver pessoas que parecem magras”, ele diz, “mas que parecem ter uma bola de basquete embaixo da camiseta”.
Matéria originalmente publicada na VICE US.
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