O LinkedIn é um site no qual, basicamente, você faz uma autopromoção de si mesmo e de suas habilidades numa tentativa sem fim de sair do trabalho que você odeia e ir para um que talvez você não odeie tanto assim até que você começa a odiá-lo completamente e vai para outro que, se der sorte, não será tão ruim assim.
Discotecar, antes que a gente se esqueça, também é considerado trabalho. Claro, as regalias — viagens internacionais, bebida grátis e as noites inacreditáveis que esse emprego te proporciona — são melhores do que a maioria do que estamos acostumados (se dermos sorte, quem sabe ganhamos um chocolate de presente de um cliente como forma de agradecimento por você os ter escolhido como fornecedor oficial do papel higiênico do seu escritório), mas ainda assim discotecar é um trabalho.
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Então, na verdade, se você parar para pensar, não é tão surpreendente assim que todos os nossos DJs favoritos tenham uma conta no LinkedIn. Espera. Volta a fita um pouquinho. Todos os seus DJs favoritos são iguaizinhos a você e seus chapas e têm trabalhos administrativos toscos que todos vocês prometeram que iriam suportar durante o primeiro ano na universidade e agora você está perto dos 30 anos e a vida, para todos os efeitos, está perto do fim e eles também têm LinkedIn? Sim. Eles são iguaizinhos a você e têm LinkedIn. Por algum motivo, alguns dos nomes mais renomados internacionalmente da música eletrônica dividem um site de networking com o seu amigo da escola que agora vende soluções de conferência de chamadas. É apenas uma outra forma de aumentar a presença nas redes sociais? Ou a Fabric, em Londres, agora está preenchendo sua agenda baseado em quantas pessoas recomendaram as habilidades dos DJs no photoshop?
Bom, em nome do Jornalismo de Verdade, e numa tentativa de desvendar o que está rolando, nós fuçamos alguns perfis para descobrir se, no fim das contas, nós os empregaríamos.
DJ EZ
Empregável?
Sem dúvida nenhuma. Em primeiro lugar, o EZ tem um currículo com qualificações que vão desde o épico “O futuro é o garage, e o DJ é o EZ” até o espirituoso “Assim como seu time de futebol favorito Tottenham Hotspurs, DJ EZ também está na primeira liga”. E em segundo lugar, EZ tem nada menos que 45 habilidades em seu perfil. Como você já deve imaginar, tem discotecagem e produção de música, mas curiosamente ele também foi recomendado 13 vezes por suas habilidades em serviço ao consumidor. Essa é uma jogada e tanto para qualquer usuário do LinkedIn, já que pelo menos o EZ pode ter certeza de que se o universo garage entrar em declínio, haverá um emprego esperando por ele, para lidar com as reclamações de clientes numa empresa com um piso chiquetoso em algum lugar do mundo.
Carl Cox
Empregável?
Provavelmente não. O seu perfil tem apenas uma foto sua em cima de uma moto, Carl. Dá um jeito nisso, isso aqui não é o Tinder.
Ellen Allien
Empregável?
Possivelmente. A Ellen parece muito modesta para alguém que lidera uma das maiores labels de techno e discoteca para milhares de pessoas ao redor do mundo ano após ano. E não podemos esquecer que além disso, ela também é designer de camisetas. O lance é: todo mundo curte camisetas, mas nem todo mundo curte techno, e o segredo para qualquer ambiente de trabalho hoje em dia é manter tudo em perfeita harmonia. Se ela mantiver a cabeça abaixada e não fizer nenhuma arte para camisetas de techno, provavelmente terá futuro na empresa. Vale a pena ao menos chamá-la para uma entrevista, mas provavelmente é um dos candidatos que não entraríamos em contato novamente apesar de declararmos diversas vezes que faríamos o exato oposto.
Derrick May
Empregável?
Quer saber? Às vezes um toque pessoal faz toda a diferença, e é justamente o caso com o Derrick May. Diferentemente de todos os outros DJs nesta lista, o Derrick de fato se refere a si mesmo em primeira pessoa. Nada daquele papo de “Derrick May é um entertainer estimado e um profissional dedicado”. Não. Em vez disso, ele descreve seu trabalho simplesmente como “tentando salvar o mundo da música ruim”. Humilde, mas ambicioso — estamos impressionados. Quanto a educação, ele diz ter estudado oito anos na Escola da Rua, o que apesar de ser o tipo de coisa que o amigo do namorado da sua mãe te fala num churrasco, na verdade parece algo bem massa vindo de uma lenda do techno de Detroit.
Leia: “O Derrick May Quer Salvar o Mundo da Música Ruim”
Todd Terry
Empregável?
Definitivamente. O Todd tá fazendo essa parada — liderando a INHOUSE RECORDS INC — há exatos 29 anos e dois meses, e a gente gosta de acreditar que isso demonstra comprometimento e dedicação à carreira que ele escolheu e não algo emblemático de uma personalidade estagnada pertencente a alguém que nunca se esforçou o suficiente para entrar no mercado de trabalho. Ele está prestes a se aposentar, o que pode ser um pequeno inconveniente, mas você sabe como é joia quando as lojas de departamento colocam uns caras mais velhos com crachás escrito “feliz em ajudar” perto dos guichês da tabacaria, né? Todo mundo os ama. Todd, cara, você consegue arrumar os carrinhos? Sim? Toca aqui, cara. Sim, o seu casaco deve chegar daqui a pouco, desculpa o atraso. Eu sei que o tempo está congelante, mas você está num contrato temporário de natal, então o jeito é esperar. Foi mal, cara, você sabe como é, apenas sigo ordens.
Danny Rampling
Empregável?
Baseado no nível de detalhe do seu perfil no LinkedIn, Danny tem nosso ‘sim’. Ele arregaçou na primeira experiência no front (DJ da Radio 1 e autor de e-book? Fechou!). Ele encheu sua página com clipes, dando um ar de chat da Uol misturado com site de emprego, o que sempre é massa. Ele também listou algumas das causas que mais chamam sua atenção, o que realmente nos impressiona porque nós encaramos nosso ambiente de trabalho com uma pegada meio holística, nos sintonizando intensamente com as necessidades e interesses de cada funcionário tratando caso a caso.
Willie Burns
Empregável?
Bom… É, não, na verdade, porque se tem uma coisa que nós odiamos por aqui é mentira, e você, meu caro, fez as pessoas acreditarem que você era o Willie Burn, DJ e produtor rabugento de Nova York favorito da galera, quando na verdade você é apenas um “William Burns” da vida, e não, nós não estamos nem aí que você é diretor de uma “Agência de Músicas Fodas / Agência de DJs Fodas”. Francamente, e… na verdade, por favor, vaza daqui, isso aqui não tá certo, só… vaza. Obrigado.
Pete Tong
Empregável?
Talvez. A candidatura do Peter certamente não deixa a desejar quanto a seus antigos empregadores, contando com nomes como BBC, London Records e Warner Music. Porém, seu perfil claramente está precisando de uma declaração pessoal ou habilidades. Infelizmente, sem nenhuma informação ou referências que indiquem o contrário, enquanto um possível empregador posso apenas assumir que todos esses trabalhos chegaram ao fim porque você estava meio… Pete… Tong. Foi mal.
Josh e Angus estão no Twitter.
Tradução: Stefania Cannone