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Precisamos Controlar Nossos Algoritmos Antes que Eles Destruam o Meio Ambiente

Um grupo de pesquisadores está argumentando que a humanidade precisa de um ‘Código da Biosfera‘ para garantir o controle dos nossos algoritmos antes que eles destruam o meio ambiente.

Algortimos – aquelas sequências geradas por computadores para desempenhar uma série de tarefas – têm impacto gigantesco em nosso mundo e, muitas vezes, não nos damos conta. Eles influenciam tudo, da música ao sistema financeiro.

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“Temos algoritmos para praticamente tudo: desde monitorar nosso meio ambiente até a geração de modelos financeiros de risco; existem até algoritmos que avaliam a quantidade de peixes e determinam onde iremos pescar”, me disse Victor Galaz, um dos autores do Manifesto da Biosfera e pesquisador do Centro de Resiliência de Estocolmo, na Suécia. “É importante compreender o panorama de como eles estão formando o mundo.”

O Código da Biosfera argumenta que os algoritmos devem passar por exames mais cuidadosos. A justificativa é que, para os estudiosos, tais sequências geradas por computadores servem de base para a infraestrutura tecnológica mundial e ajudam a “extrair e desenvolver recursos naturais tais como mineiras, alimentos, combustíveis fósseis”.

O manifesto vem sendo desenvolvido há seis meses por um grupo de acadêmicos, artistas, hackers, empreendedores, desenvolvedores de games, ativistas, filósofos e ecologistas. O grupo se inspirou nos Princípios de Oxford de 2009 ao considerar os riscos em geoengenharia. De acordo com Galaz, o texto inglês mostrou a ele como um conjunto de valores por escrito poderiam provocar debate em uma comunidade mais ampla.

Em suma, o grupo responsável pelo Código da Biosfera apresentou sete princípios essenciais que sugerem a necessidade de que mais desenvolvedores de software analisem os possíveis impactos dos algoritmos que criam ou como estes algoritmos que afetam a biosfera deveriam ser de código aberto.

“Usando algoritmos do jeito certo, podemos aperfeiçoar as coisas para que sejam mais resilientes”, disse Anders Sanberg, pesquisador do Instituto do Futuro da Humanidade da Universidade Oxford. “Você pode aperfeiçoar as coisas para usarem menos recursos ou para descobrir quando algo está dando errado para que as pessoas possam ter ciência do problema com maior agilidade.”

Crédito: Fernanda Torre

Galaz citou o setor financeiro como exemplo em que o mau uso de algoritmos pode afetar negativamente o ambiente. Pouca gente, disse ele, tem noção de quem é responsável por todos os algoritmos financeiros que lidam com o fluxo global de comércio e commodities. “Se os dados gerados pelos algoritmos estiverem incorretos, pode haver uma queda nos preços. Isso poderia afetar produtores em economias em desenvolvimento que serão obrigados a explorar mais suas terras para uma maior colheita”, disse Galaz.

No fim das contas, os pesquisadores querem que mais pessoas entendam como os algoritmos modelam nossas vidas e nossos arredores.

“Espero que este manifesto tenha uma distribuição mais ampla para que as pessoas possam analisar a necessidade de adaptação dos algoritmos de acordo com a transformação da nossa sociedade”, disse Galaz.

Por mais que a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas esteja marcada para o final de 2015, Galaz disse que a função dos algoritmos e seu papel no meio ambiente não fazem parte dos tópicos de discussão.

“O maior problema é incluí-los na pauta. Os algoritmos fazem muito mais do que buscas na Amazon – eles estão modelando o futuro do clima”, disse.

Tradução: Thiago “Índio” Silva

The ‘Biosphere Code’ calls for software engineers to craft eco-friendly algorithms.