Foto: Igor Carvalho/SpressoSP.
Há algumas semanas, estivemos em Marsilac junto com a molecada do MPL; mais uma vez, a precariedade do transporte estava em pauta, e a comunidade conseguiu se organizar para provar que não é difícil resolver o problema de transporte da região, basta querer. Com a falta de resposta do governo desde então, ontem pela manhã, cerca de 30 pessoas se reuniram em frente à Prefeitura de São Paulo exigindo uma reunião com o prefeito Fernando Haddad. Depois de três delas se acorrentarem do lado de dentro da casa e ameaçarem que, a cada hora, outros fariam o mesmo, conseguiram negociar. O desfecho? Em 20 dias a linha deverá estar funcionando.
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Apesar da conquista, a luta não está ganha. De acordo com o compromisso firmado ontem, em 20 dias, após a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) conceder a autorização, a linha de ônibus de Mambu-Marsilac estará funcionando, mas apenas em três horários diários, um em cada turno do dia – para quem trabalha fora, ainda é uma solução que deixa muito a desejar. Além disso, não ficou estabelecido se o transporte será gratuito, como exigido na reivindicação inicial, ou se a passagem será paga. Nesse caso, deverá custar o valor oficial da capital, R$ 3,00, e ir até o terminal de Parelheiros; se for de graça, o perímetro de circulação deve ser menor, apenas rural.
“Acredito que agora seja uma questão de ajustes, agora é partir para os detalhes”, disse, por telefone, Fernanda Marques Balieiro, agente de saúde de 26 anos moradora de Mambu e integrante do Luta do Transporte no Extremo Sul, movimento que articulou a ação e que tem apoio do Movimento Passe Livre. Apesar do otimismo, Fernanda se queixou da reunião, que foi conduzida pelo Secretário de Transportes, Jilmar Tatto, pelo Secretário Municipal de Relações Governamentais, Paulo Frateschi, e pela diretora de planejamento da SPTrans, Ana Odila de Paiva Souza (Haddad não participou). Segundo Fernanda, Odila deixou claro que não existe a intenção de urbanizar a área – senão, muita gente poderá optar por trabalhar no centro e morar lá em função do aluguel mais barato – e que isso, inevitavelmente, interfere na disponibilidade do transporte.
A região de Marsilac fica em uma Área de Proteção Ambiental (APA), realidade que de fato deixa qualquer possível ação mais morosa (já que envolve a Secretaria do Meio Ambiente do Estado), mas que também parece ser usada como desculpa, há mais de um ano, para desorganização e descaso. Seja onde for, não é aceitável que pessoas tenham que caminhar 15 km a pé para conseguir ter acesso a hospitais, escolas, a um simples ponto de ônibus.