Debaixo de chuva, vermelho foi a cor mais quente

Hoje (13), às 16h, a Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, foi tomada por camisetas vermelhas num protesto convocado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores). A chuva intermitente não impediu que as 12 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar, ou 41 mil, segundo o Datafolha, ou 100 mil, de acordo com a própria CUT, encarassem o ato que defendia os direitos da classe trabalhadora, a democracia, a reforma política e a defesa pela não privatização da Petrobras. Protestos similares foram organizados por todo o território nacional.

Munidos de bandeiras, servidores públicos, aposentados e estudantes bradavam palavras em prol do Brasil e criticavam a postura da imprensa, principalmente a Rede Globo – veículo que “apoiou a ditadura”, como foi dito por alguém em cima do carro de som.

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Integrante da CUT e diretor no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Dionísio Reis Siqueira ressalta que a Petrobras responde por 13% do P.I.B. “É a empresa que mais emprega no país. Qualquer forma de minar a Petrobras é minar o desenvolvimento do Brasil.”

O panelaço organizado pela direita brasileira no domingo passado enquanto a presidente Dilma Rousseff fazia um discurso em rede nacional também entrou em pauta.

“Achei uma falta de respeito para com a maior autoridade do país”, disse Alves Joaquim da Silva, metalúrgico aposentado que estava na manifestação. No microfone, um sujeito enfatizou: “Não batemos panela. Nós vamos pra rua. A esquerda está nas ruas”. De fato, o mar de guarda-chuvas e as centenas de pessoas com chapéu de palha na cabeça mostravam uma esquerda clássica: a que defende os trabalhadores e critica a “mídia golpista”. Ali, diferentes movimentos de luta por moradia mais o movimento estudantil, feminista e LGBTT somavam forças no ato que, de certa maneira, se contrapôs ao que presenciaremos no próximo domingo (15): protestos de rua por todo o país pedindo o impeachment da presidente.

Quando perguntada sobre a argumentação da direita, a aposentada Malvina Silva, de 75 anos, foi taxativa: “Se Dilma ganhou, é porque votamos nela. Dizem que somos pobres e miseráveis, e nós somos mesmo. Votamos nela e agora podemos comer. Antes não podíamos”.

Por volta das 19h, a manifestação se dispersou na Praça da República. Nos próximos dias, as entidades que organizaram o ato de hoje apresentarão uma plataforma política de reivindicações para a presidente.

Em seu site, a CUT – preocupada em ter sua imagem veiculada com defensores da intervenção militar – deixou bem claro que “não participará dos atos de domingo”. Em grupos de WhatsApp, mensagens com as “regras” para quem fosse ao ato pelo impeachment foram divulgadas. Entre elas, estão a proibição de bandeiras de partidos e recomendações de traje: usar vermelho e preto “lembra o PT e os black blocs”.

Hoje, mesmo debaixo de chuva, vermelho foi a cor mais quente.