Ontem (29), o 6º ato organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL) de São Paulo começou às 17h no Vão Livre do Masp, um lugar bastante simbólico para a cidade e palco constante de concentração de manifestações. A grande novidade do dia foi o anúncio dum presente endereçado ao prefeito da cidade, Fernando Haddad: o “troféu catraca”, uma roleta dourada que foi devidamente levada pelo movimento até a residência do político, no bairro do Paraíso.
Antes do trajeto ser decidido em assembleia, o tenente-coronel Ivan Pieslak, responsável pelo efetivo da PM, afirmou `a imprensa que a Avenida Paulista sentido Rua da Consolação não seria liberada para a manifestação. Questionado pela VICE sobre a restrição, o policial foi enfático: “Não tem restrição, é só não entrar no canteiro de obras. Tem um maquinário, uma série de materiais ali disponíveis, pedras, entulho, pau, madeira. É uma questão de segurança pública”. Bastante óbvio, visto que o entulho poderia ser um prato cheio para eventuais ações salivantes dos black blocs.
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Ainda na concentração, um ato organizado um pouco mais cedo por professores da rede pública se juntou à causa da tarifa. Foi uma pororoca política interessante de se ver. Os profes cantando “Ôôôô, o professor chegou, o professor chegou, ôôôô” e a meninada da tarifa gritando “O professor é meu amigo: mexeu com ele, mexeu comigo”.
Num rápido debate, os manifestantes fecharam o trajeto: ir pela Avenida Paulista até a casa do prefeito, na rua Afonso de Freitas, pegar a Avenida 23 de Maio, passar em frente à Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) e concluir o protesto na praça que abriga o Monumento às Bandeiras.
A PM deu continuidade à tática do “embalizamento”, na qual os policiais apelidados de “Robocops” acompanham a marcha inteira posicionados nas laterais. Dessa vez, a galera fez uma enorme faixa branca de um dos lados, impedindo a polícia de enxergar claramente quem estava lá dentro.
Ao entrevistar os integrantes do MPL, vários jornalistas insistiam em comparar os atos deste ano com os de 2013. A VICE perguntou ao Heudes Oliveira, do Passe Livre, se eles não estavam de saco cheio de ter que responder essas coisas. “É um saco, né?”, ele riu, voltando a enfatizar a atuação do MPL nas quebradas da cidade: “A manifestação não precisa ser gigantesca para cobrar as coisas. A população se organizando onde mais precisa é que faz muito mais força”.
Enquanto o nosso fotógrafo fazia uma dupla exposição doidona do Heudes, ele mais uma vez trouxe o grande cerne do Passe Livre `a conversa: “Nós queremos a revogação do aumento da tarifa e a tarifa zero para toda a população, e não apenas para o estudante”.
Em frente à casa do prefeito Haddad, o MPL puxou um jogral e liberou a catraca pra quem quisesse pular.
Cabreiríssima, a PM escoltou até mesmo uma caçamba para evitar que a lixaiada depositada ali virasse armamento bélico dos black blocs (que andam comportados ultimamente).
Na maior suavidade, o grupo passou pela Avenida 23 de Maio e pela Alesp até chegar no Monumento às Bandeiras, que acabou levando uns pixos.
De acordo com a PM, duas pessoas foram detidas por porte de bolas de gude e latas de spray. Capacetes, luvas, toucas, atiradeiras e máscara de gás foram outros objetos aprendidos. Ainda segundo informações da polícia, uma agência bancária foi depredada.
No mais, o ato aconteceu pacífica e tranquilamente. Se a tarifa zero é sonho, muita gente ontem quase não acreditou: na volta pra casa, motoristas de ônibus que passavam pela Av. Brigadeiro Luís Antônio liberaram as catracas pra galera, que foi ao delírio.
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