Aos 43 do segundo tempo de 2018, no dia 28 de dezembro, o Sidoka dropou seu primeiro álbum de estúdio. Elevate chegou pra se juntar a O Menino que Queria ser Deus do Djonga, S.C.A do FBC e os recentes singles do Delatorvi como um dos grandes lançamentos do rap mineiro (e do nacional) em 2018, e também é a cartada de Sidoka para consolidar o seu nome como uma das boas revelações da cena nacional no ano.
O rapper do coletivo MVP TrapSquad chamou a atenção do grande público graças ao seu verso em “UFA“, faixa do já citado álbum do Djonga e cativou o público com a mixtape Dokaz, além de alguns singles e colaborações lançados na sequência do feat. Agora, com o álbum Elevate, ele se sente artisticamente mais maduro e consegue explorar várias situações — desde a já conhecida levada venenosa até um Sidoka metendo AQUELE romance em love songs como “Beach Motel” e “Madame”, além de punchlines afiadíssimas e cheias de deboche, escancaradas na música “07”.
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Numa ideia com ele, conversamos sobre por que fazer um álbum em tempos de singles, os planos dele para o pós lançamento e, já que o menor é um pergaminho, também descobrimos algumas curiosidades filosóficas e conceituais de Elevate.
Ouça Elevate e leia a entrevista completa abaixo.
Noisey: Por que lançar um álbum? Poucos MCs ainda apostam nesse formato.
Sidoka: Apostei nisso porque quero mostrar uma nova época minha pros meus fãs, tirar da minha gaveta algo que precisa ser visto. Esse disco é tipo uma playlist com faixas inéditas e tracks que eu postava no Soundcloud.
Elevate tem um conceito por trás?
O conceito do álbum vem diretamente do nome: elevar. Vivi fases incríveis e fases difíceis, mas no fim tudo contribui para elevar níveis. Esse álbum é fruto da luta própria que cada um tem em si, vencer o antigo “eu” mas ao mesmo tempo não esquecer de onde veio. No disco eu retrato o luxo, o pecado e o deboche. O conceito é se superar e vencer o que te afeta ou te atinge.
A musicalidade do álbum parece ser dividida em duas partes — uma mais rimada e pesada, a outra mais leve. Isso foi pensado?
Na real, acho que nesse álbum eu trouxe plug, smooth, vibe e o antigo “eu”. Se você reparar, tem três faixas completamente diferentes do restante, pra mostrar que eu posso trazer o Sidoka que a galera já conhece e ao mesmo tempo sair da minha zona de conforto. Elevate representa minha versatilidade.
Qual sua faixa preferida dele?
“Noite Fria pt. II”, sem dúvidas. Ali tá tudo o que eu vivo, o momentâneo, tudo que é temporário.
Por que apenas um feat, na faixa “Luva Refletiva”?
Porque esse álbum trata de uma experiência pessoal de evolução. Fiz 12 tracks com o conceito de Elevate, que quase se pronuncia “Elevei-te”. Brisando nisso, quis trazer um feat do Dog, que é umas das nossas promessas da MVP.
O que pretende alcançar com o trampo?
Eu quero fazer isso virar internacional, poder viajar o mundo, marcar o nome daquele moleque de óculos escuros de noite e de luva refletiva na história. Pretendo chegar longe, e paciência é a virtude.
Recentemente, o FBC disse que depois de muito tempo Minas Gerais está tendo o reconhecimento que merece. Ao que você acha que tá relacionado isso?
O DV Tribo abriu portas e a própria Geração Elevada também. Eu acho que se deve ao fato de ter muita gente talentosa por aqui — a cena mineira é foda, e ter um espaço no cenário é muito foda. A visibilidade que ganhamos era maior do que eu particularmente imaginava que pudesse ser. Tenho orgulho de ser GE, eles fizeram e ainda fazem muito pela cena. Meu chefe Djonga jogou no bigode e eu fico muito feliz por isso.
Muita gente diz que o trap é o futuro do rap. Você concorda?
Não sei se é o futuro. Sei que entrei nessa pelo meu jeito de ser, o jeito de debochar das coisas. O trap vem crescendo muito no Brasil, e é muito foda ver quem criticava agora se viciar nisso. Sempre vai ter boom bap pra quem quiser escutar boom bap e terá trap pra quem quiser escutar trap.
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