Nunca foi tão fácil transar como agora. Com a internet, com os apps de encontro e com a liberdade sexual. Isso é o que parece, porque na real o buraco é bem mais em baixo, segundo os especialistas. As campanhas de prevenção parecem ter ficado num passado muito distante junto com o medo do jovem em contrair o HIV e os millennials deixaram a camisinha de lado, sem pensar no que pode rolar. E ainda que os tratamentos para portadores do vírus tenham melhorado e meios descobertos de manter o HIV detectável estejam aí, o fato é que o número de infectados por HIV cresce, sobretudo entre jovens.
Dados recém divulgados pelo Ministério da Saúde brasileiro, através do Boletim Epidemiológico HIV/Aids de 2016 revelam que os casos de jovens infectados por HIV/AIDS no país avançou nos últimos dez anos, entre a faixa etária dos 20 a 24 anos. Em 2005, dados davam conta que a cada mil habitantes, 16,2 jovens foram infectados. Uma década mais tarde, o número saltou para 33,1.
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Segundo o Governo Federal, a epidemia do vírus HIV/AIDS no Brasil permanece estabilizada, com taxa de detecção em torno de 19,1 casos a cada 100 mil habitantes — o que representa cerca de 41,1 mil novos casos ao ano. Atualmente, 827 mil pessoas no Brasil vivem com HIV, e desse total 13% não sabem ser portadores da doença e 260 mil portadores do vírus não se tratam.
Carué Contreiras, educador comunitário no Centro de Referência e Treinamento em DST/AIDS-SP e pediatra, nos conta que “além desse dado apontar um problema do mais jovem, do adolescente, os dados apontam especialmente pro adolescente LGBT, porque a esse dado também é muito concentrado ainda, a epidemia, os índices são muito mais densos entre os homens gays e bissexuais e a mulheres trans”. A razão, explica Contreiras seria “a falta acesso a discussão sobre sexualidade nessa população de adolescentes.”
“O adolescente LGBT [no Brasil] não tem o acesso à discussão na família, na comunidade, nem na escola quando se discute alguma coisa não se inclui a sexualidade do LGBT, e no serviço de saúde também. Inclusive a medicina brasileira e o serviço de saúde não estão preparados para incluir o adolescente LGBT”, relativiza Contreiras.
O pediatra comenta que “no futuro haverá mais casos de AIDS”. Outro fator relacionado ao crescente número de pessoas com o vírus no Brasil, para Contreiras vem de “certo conservadorismo nas ações de prevenção, porque para falar de prevenção você tem que falar abertamente de sexualidade. Então, o conservadorismo vai impor limites na forma como a gente consegue fazer a prevenção. O retrocesso conservador puxa há muitos anos as políticas de HIV negativamente e isso enfraquece a prevenção e deixa o público mais vulnerável.”
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