Com um título destes, quem é que vai efectivamente clicar e ler o artigo? O leitor que gosta de bola e de fumar o seu charro ao final do dia? Alguém que apoia um dos quatro clubes envolvidos, que não fuma, mas achou piada à parangona? Ou o indivíduo que, no momento em que tem contacto com este texto, está com uma pedrada tal que fica a pensar que o Sporting e o Barcelona vão ser os primeiros a vender erva [oficialmente) nos seus Estádios? (n.r.: bela ideia e, quem sabe, não existiriam certos cânticos idiotas a esvoaçar para fora das bancadas)
Não vem nenhum mal ao Mundo se fores um destes tipos ou tipas. O que é bom é que podemos partilhar contigo os nossos pensamentos à volta dos dois clássicos de futebol, que, neste fim-de-semana, podem selar (ou não) os futuros campeões de Portugal e Espanha. Seleccionámos três jogadores de cada uma das equipas e fazemos um prognóstico sobre as suas performances, através da lupa da ganza – como se fosse um grupo de amigos, no seu estado universitário, com cool grass por perto.
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O Sporting e o Barcelona vão entrar em campo sabendo que a temporada 2016/2017 está a ser jogada nestes 90 minutos. Os primeiros ainda ambicionam chegar a um lugar que lhes dê acesso directo à fase de grupos da Liga dos Campeões, os blaugrana têm a final da Copa del Rey garantida e “mai nadinha”.
Para além disso, esperam que os árbitros sejam isentos – bem, o Barça não pode falar muito se nos lembrarmos da remontada na partida com os franceses. Depois do que se viu nos benefícios que o Real teve frente ao Bayern (o terceiro tento em fora de jogo, o perdoar do segundo amarelo a Casimiro, ou a expulsão imerecida de Vidal) e da porrada que o Benfica distribuiu ante o Moreirense (isto para não falar do “intocável” Pizzi no que concerne aos cartões), as formações de Jesus e Luis Enrique aguardam que a arbitragem passe despercebida.
Por estas razões, se calhar vão precisar de muita ervinha, da boa, para descontrair e controlar a ansiedade e os nervos. (Se continuas charrado e com dúvidas se a tua namorada te disse para apareceres às 20h30, ou às 19h45, fica a saber que vai haver um Sporting-Benfica, no sábado, e um Real Madrid-Barcelona, no domingo)
Comecemos por Alvalade e pelo derby lisboeta.
SPORTING CLUBE DE PORTUGAL
BAS DOST (o dealer de erva): Tem sido fundamental esta época no capítulo dos golos e, daqui a algumas semanas, até pode festejar o título de melhor marcador europeu. Sem ele, os “leões” dificilmente marcariam tantos (Slimani? Quem!?). Já molhou nas redes do Benfica há alguns meses e promete repetir. O FC Porto agradece.
ADRIEN (o que não fuma, não bebe e só “transa” com miúdas vestidas de traje académico, ou seja, o beto compulsivo): Depois da lesão, ainda não é o que foi, mas o facto de estar em campo, ao lado de William, dá outro toque de classe nas coordenadas da organização verde e branca. É certinho no que faz e os adeptos sportinguistas esperam que seja “o” orientador do costume.
BRUNO CÉSAR (o que smoke a lot e paga n copos): Joga em todo o lado – só falta a central ou na baliza – e é o gajo que todos querem bem, devido ao esforço e à garra que demonstra. Sem Zeegelaar, não se sabe que bar, desculpa, que terrenos vai pisar, tendo, no entanto, atributos suficientes para marcar e fazer o Estádio ir abaixo.
SPORT LISBOA E BENFICA
MITROGLOU (o intelectual que não fuma, pois fica pálido e prefere tomar ansiolíticos com vodka): Pode andar desaparecido lá em casa, mas, quando aparece, o grego não se esquece do sorriso matreiro de quem sabia que o golo lhe iria sair na rifa. O ano passado carimbou a Liga ao bater Rui Patrício e pretende fazê-lo novamente.
EDERSON (o fornecedor de mortalhas, do tabaco de enrolar e ainda controla a bófia): O seu papel é deveras necessário quando é chamado a intervir. Dá imensa segurança ao team e, acreditamos – sem precisar de perguntar nada ao Rui “Tempo Extra” Santos – , que já garantiu muitos pontos às “águias”. Será que vai consegui-lo desta vez? Se o dealer holandês não estiver inspirado…
FEJSA (o eterno charrado no sofá, abençoado pelo cachimbo de água): Parece muito discreto e que está sempre no mesmo sítio. Dá a sensação que a sua comunicação é feita à base de sinais de fumo, pois acode aos colegas da defesa quando estes menos esperam. Neste confronto, o sérvio vai ter uma missão redobrada. Se Grimaldo subir na ala como um louco, também vai ter que olhar pelo speedy Gelson.
Vê também: “O alquimista da Canábis“
Entretanto, no país vizinho…
REAL MADRID CLUB DE FUTBÓL
RONALDO (o DJ e homem dos contactos): Quem não gostaria de ter um jogador – e matador – deste calibre? Os seus golos metem a equipa a dançar no caminho das vitórias – os alemães e muitos outros adversários que o digam – e parece talhado para ser decisivo nesta recta final da season. O próprio admitiu que mudou a estratégia do treino para estar fisicamente em alta por estes dias.
MARCELO (o party man): Tem ar de folião e está a demonstrar uma forma e confiança irrepreensíveis. É o exemplo de que um lateral deve ser muito mais que isso e, por este andar, o Roberto Carlos (não o músico, mas o antigo defesa esquerdo) passará para segundo plano.
SÉRGIO RAMOS (o garanhão que só fuma erva durante a tarde, porque à noite, quando mistura álcool com ganza, o “pau” não funciona): Defensivamente, é “macaco velho” (lá está, sabe dar pau) e a atacar nas bolas paradas é o que se sabe. Um capitão que tem lugar garantido entre os grandes capitães madrilenos.
FUTBOL CLUB BARCELONA
MESSI (o cultivador de erva indoor): Todos ficam abismados com o seu produto e muitos alegam que é único na história do futebol. Se os colegas estiverem com os níveis de qualidade aceitáveis, pode decidir a partida.
SUAREZ (o melhor amigo do cultivador e aquele que divide as despesas relacionadas com o negócio): É o parceiro leal do “Mr. Produto” e, se for preciso, até morde outro competidor – literalmente – para o defender. Queres ver que vai deixar o Navas atarantado? O pessoal do Estado que quer a independência, assim o deseja.
INIESTA (o dono do bar): Mesmo com a idade a pesar – visível na carequinha -, a malta continua a adorar os cantos e recantos do seu jogo. Daqui a pouco vai fechar as portas e as saudades serão muitas. A palavra delicadeza rima com ele, ele rima com os tempos brilhantes do tiki-taka. Se calhar, tal como Xavi, vai “abrir um estabelecimento” lá para os lados da Arábia.