Em linhas gerais, a brisa do Supervão é de, através de colagens de samples de diferentes origens misturadas num ritmo descrito como synth-pop gótico tropical, ressignificar as relações humanas com as ferramentas tecnológicas atuais, sobretudo a internet. Se você já leu a entrevista que o eles deram para o Noisey em sua estreia, deve ter percebido isso. O modo com que estes gaúchos compõem deve ser calculado para promover uma reflexão ou até mesmo deslumbre no ouvinte, porque é coisa de doido mesmo.
Pois bem, depois de tanto papo cabeça, eles resolveram dar uma desbaratinada nas ideias, e “sem se levar a sério”, fizeram o clipe de “Vitória Pós-Humana”, que você vê no Noisey exclusivamente nesta quinta (9).
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A brisa do clipe é vaporizar tudo que estiver ao alcance (ídolos, ideais, comportamentos), para depois decantar em um novo recipiente o que for aproveitável. Ou pelo menos foi o que eu entendi do que o programador Mario Arruda me contou por Facebook: “A estética vaporwave se constrói de tudo mais que já existe e tá na internet. No clipe colocamos o Oiticica, um show do Caetano e a M.I.A… tem cultura de internet e tem lances das nossas casas, tipo as plantas que cada um cultiva. Vapor é colagem, tipo dadaísmo acho. E ao colar diferentes matérias você cola também as relações em que elas se formam. Isso serve para evidenciar o pós-humanismo de todo mundo. Não somos somente nosso corpo, somos uma malha de feltro de relações.”
No fundo, no fundo, acho que o que eles querem mesmo é tirar uma ondinha com a galera pósmod, mas Mario contesta: “Hmm, acho que não tem crítica a nenhuma identidade. É a gente não se levando a sério, e se abrindo para outras vibes. Lançamos o EP numa pilha gótica de carnaval. Agora a gente tá mais por vaporwave. O próximo EP vai ser pilha total sem se preocupar com manter uma coisa só. Um som é lounge, um é de rock e outro é um techno (risos).”
Veja o clipe de “Vitória Pós-Humana” no player abaixo: