Tokyo James faz ternos para quem usa streetwear

Se você perguntar para qualquer homem como era o primeiro terno que ele comprou, o cara provavelmente consegue descrever até a cor dos botões. Para muitos homens, comprar seu primeiro terno é um rito de passagem não oficial de que eles se lembram com carinho e em detalhes vívidos. “Meu primeiro terno foi um Jil Sanders que comprei no meu aniversário de 21 anos”, disse o estilista de moda masculina anglo-nigeriano Tokyo James. “Comprei o terno no Dover Street Market e passei dois meses economizando pra isso. Cheguei ao topo do mundo quando finalmente consegui o terno.” Desde então, Tokyo evoluiu de comprar ternos de estilistas famosos para ter sua própria marca de roupa masculina. Sem nunca ter estudado moda, ele começou a criar ternos para a geração do streetwear que vem gradualmente abandonando o estilo clássico.

Em 2015, quando Tokyo estreou sua primeira coleção na South African Menswear Week, ele tinha uma visão forte de quem seria seu consumidor. Criado num bairro conservador de South West, Londres, lendo revistas indie britânicas, Tokyo escolheu desenvolver uma estética que funde a alfaiataria tradicional europeia com que ele cresceu com os detalhes pouco convencionais que descobriu mais tarde nas tendências de rua de seus vizinhos mais jovens de Londres. O resultado foi uma coleção de ternos brancos com estampas de aranhas vermelhas e calças sociais com detalhes trançados nas laterais. Agora, depois de morar temporariamente em Lagos, ele está atualizando a Tokyo James para refletir a cultura e a vibração da megacidade nigeriana.

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O retorno de Tokyo para a Nigéria não poderia ter vindo em melhor hora. No momento, os estilistas contemporâneos emergentes do país finalmente estão sendo reconhecidos por seus designs inovadores. Eles estão projetando individualmente suas próprias ideias sobre o que significa ser um estilista nigeriano, e expandido para além dos trajes tradicionais da nação. Tokyo abraçou inteiramente essa tendência, que inspirou pesadamente sua nova coleção outono/inverno 2018. Além de upgrades nos ternos da marca, nesta temporada Tokyo retrabalhou a moda de rua tradicional para parecer mais formal; ele até construiu uma clássica jaqueta puffer ao modelo de um blazer de luxo.

E a jaqueta puffer não é o único look que se destaca na coleção outono/inverno 18 de Tokyo. Calças de moletom azul bebê, jaquetas enceradas e sapatos de couro acrescentam um toque de drama à coleção de roupas bem cortadas. Como o tema da temporada se centrava em diversidade, Tokyo estampou o símbolo arewa da Nigéria, que na cultura Hauçás significa diversidade, nas principais peças em homenagem a suas origens. O símbolo aparece para complementar a paleta de cores dominante e a estética multicultural da marca. “Me inspirei no visual atlético tradicional italiano com o toque desafiador de Londres, e o novo mundo e temperos da cidade mais populosa da África – Lagos”, disse James.

Para criar o lookbook da coleção, Tokyo procurou sua colaboradora de longa data, a fotógrafa Anika Molnar, para uma sessão de fotos na Cidade do Cabo – onde a carreira dele começou oficialmente. A coleção foi capturada num estacionamento de um colorido restaurante de fast food: os modelos de cabelo penteado para trás com gel desfilam uma variedade de tons pastel que contrastam diretamente com o ambiente ao redor, com motos pesadas como acessórios de cena. A contradição visual foi cuidadosamente pensada pra mostrar a variedade de espaços onde os ternos e o homem de Tokyo James podem habitar. “Esse é o etos da marca – simplicidade arrojada”, disse James sobre o lookbook. “O fundo mostra a dualidade do homem; que ele pode ser sensível e ao mesmo tempo durão e forte.”

O styling do lookbook também comunica a variedade sartorial do homem de Tokyo James. De uma vez, a stylist Danielle Solomon emparelhou camisas de malha arrastão manchadas de tinta sobre camisas brancas justas, e acrescentou um chapéu cata-ovo para combinar com o conjunto de jaqueta e calça enceradas. Em outra foto, um terno, um visual esportivo casual e um conjunto biker coexistem num tom unificado de azul-claro. No final, a equipe por trás do lookbook manteve a verdadeira estética Tokyo James de juntar designs drasticamente diferentes e fazê-los funcionar em espaços drasticamente diferentes.

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