Há 50 anos, um entomologista chamado Milton Sanderson descobriu uma enorme concentração de âmbar na República Dominicana. A antiga resina preservou um ecossistema tropical de 20 milhões de anos em detalhes impressionantes, incluindo um par de moscas apaixonadas que foram pegas em flagrante.
Mas apesar das animadoras descobertas iniciais, a maior parte da coleção de 72 quilos em âmbar de Sanderson estava numa estante esquecida. Não foi nem trazida à tona quando Jurassic Park fez dos insetos imersos em âmbar uma mercadoria popular, com as promessas do Sr. DNA de que tal espécime poderia fazer um “bebê dinossauro”.
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Finalmente, em 2010, o paleontólogo Sam Heads revisitou a coleção e acionou um time de pesquisadores para explorar os espécimes. Hoje, eles anunciaram uma das descobertas mais interessantes do projeto até agora: uma espécie transitória de gafanhoto, que os pesquisadores nomearam de Electrotettix attenboroughi.
Isso mesmo: foi nomeada em homenagem ao querido naturalista David Attenborough – mas seu irmão Richard poderia facilmente ter recebido a honra. David pode ser o irmão com mais influência científica, mas Richard, o ator que fez o papel do fundador do Jurassic Park, John Hammond no filme, será sempre associado aos insetos imersos em âmbar (especialmente no topo de bengalas).
As novas espécies de gafanhotos são as últimas janelas malucas que a preservação em âmbar abriu. Desde prender lagartos inteiros até penas de dinossauros, o âmbar fez um trabalho completo de entregar cápsulas do tempo de ecossistemas destruídos há tempos. Aqui temos alguns dos exemplos mais cativantes de espécies que ficaram presas no tempo quando se prenderam à resina.
Essa aranha assustadoramente bem preservada está envolta em âmbar báltico, tendo entre 40 e 50 milhões de anos.
Penas genuínas de dinossauros do período Cretáceo, preso em âmbar canadense.
Essa cena compete fácil como melhor cena fossilizada de todos os tempos. É uma janela de um confronto de 100 milhões de anos entre uma aranha e uma vespa presa na sua teia. A vespa deve ter se apavorado enquanto seu atacante se aproximava, mas os dois animais acabaram caindo numa armadilha de resina, preservando a cena no penúltimo momento do ataque.
Esse é outro fóssil de 100 milhões de anos coletado pela Universidade Estadual de Oregon. Mas ao invés de preservar o momento da morte, o âmbar capturou o mais antigo espécime de reprodução sexual nas flores.
Essa é outra amostra no âmbar báltico, fazendo o besouro de pesadelos ser preservado por cerca de 50 milhões de anos.
Por último, mas não menos importante, o mais famoso inseto imerso em âmbar de todos os tempos: o mosquito. Essa amostra particular também é báltica, então o inseto deve ter vivido por pelo menos 10 milhões depois de um asteroide ter dizimado os dinossauros. Parece que um pequeno tubo foi inserido no âmbar, à láJurassic Park, mas é na verdade só um buraco para uma corrente de colar, porque vestir insetos pré-históricos nunca sai de moda.
Tradução: Letícia Naísa