Jogadores da NBA, caso você não saiba, gostam mesmo de tatuagens. Existe todo um subgênero de blogs aproveitadores que consistem em slideshows especialmente pensados para obter mais page views tipo “As Piores Tattoos da NBA” ou “As Melhores Tattoos da NBA” que apenas servem de desculpa pra mostrar o Abraham Lincoln no pescoço do Deshaw Stevenson.
Mais recentemente, o desenho de costas inteiras inspirado em World of Warcraft do Adrei Kirilenko circulou pela internet, galvanizando reações que foram do “oq?!” ao “LOL”. Era assim:
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Nos dias anteriores à blogosfera, ser riscado era mais controverso. Dennis Rodman foi algo como um pioneiro das tatuagens na liga, mas suas tattoos — assim como seus piercings, cabelo tingido e vestido de casamento — eram apenas demonstrativos da sua doideira. Allen Iverson, uma estrela genuína e não apenas um talentoso coadjuvante como o Rodman, foi o cara que trouxe as tattoos para o mainstream e estabeleceu seu lugar no conflito racial velado na NBA.
Veja, a liga tem tido um problema nem tão secreto há muitos anos: Como fazer com que fãs brancos da classe média alta se fixem a jogadores predominantemente negros, além, “negros de clipes de rap” mais que “negros candidatos a presidente”? Iverson se deparou com a máquina anti-guetização em 2000, quando uma foto sua na capa da revista Hoops (propriedade da NBA) foi tratada para que suas tatuagens fossem removidas. Desde então, os manda-chuvas se tornaram mais sutis quanto a esta questão, instituindo um código de vestimenta que fizesse com que os jogadores parecessem mais “profissionais”, incidentalmente forçando-os a esconder suas tattoos quando em frente ao público e não nas quadras.
Hoje em dia, ninguém — a não ser talvez alguns colunistas fanfarrões ou âncora — reclama das tatuagens nos jogadores. Ao invés disso, jogadores com peles virgens, como Shane Battier e Steve Nash, são citados como “bonzinhos” e “educados” muito mais frequentemente que caras com hieróglifos nos braços. Por exemplo: quando o LeBron fez sua tão caluniada “Decisão” de ir ao Miami, onde receberia milhões de dólares para jogar basquete e ganhar campeonatos com seus amigos, Kevin Durant foi alçado à posição de alternativa íntegra local, do interior americano, de “grande astro que não é uma fraude” (houve toda uma epidemia de astros fraudes, acho). Só que aí as pessoas se chocaram quando esse suposto bom rapaz ergueu seu uniforme e revelou:
Os riscos do Durant ilustram um ponto importante na questão das tatuagens da NBA: existem sim várias, mas a maior parte não passa de um monte de lixo. Quer dizer, uma cruz? Alguma inscrição sobre “destino”? Longe de originais. Outro problema é que a vasta maioria é feita com tinta preta sobre peles escuras, se tornando praticamente ilegíveis na TV, especialmente quando cobertas por uma camada de suor. Veja o JR Smith, por exemplo:
Que porra está acontecendo nos braços dele? Por acaso ele faz tatuagens indiscriminadamente? Vamos olhar mais de perto:
Ah, é o Michael Jordan enterrando sobre uma labareda de fogo. Com estrelas no meio das chamas. Quantos anos tem o JR mesmo? Fico imaginando se as tatuagens dos super-astros são melhores…
Kobe Bryant fez essas para comemorar o fato de sua esposa não ter se divorciado por ele ter comido aquela garota de 19 anos. O texto ilegível na parte inferior diz “Psalm XXVII”, o que acredito se referir à passagem bíblica que fala sobre o como você não deve enrabar groupies se for rico e famoso porque elas vão te acusar de estupro. Ainda assim, essas “asas de anjo” parecem mais um teste de Rorschach, e seria aquilo uma borboleta na coroa? Pfff.
Chris Andersen, por outro lado, sabe como ser riscado. Ele parece uma encarnação ambulante do Ed Hardy, mas como o domador de dragões do Kirilenko, suas tattoos são extremamente bem definidas e possíveis de serem notadas à distância como mais que borrões pretos. Você não vai se destacar na NBA de hoje em dia se tiver um monte de tatuagens porcarias do tipo “AMO MEU DEUS+AVÓ+SECTION 8”, e qual o objetivo de se ter uma tatuagem que não o de se destacar? Podemos agradecer às telas humanas como Andersen e Kirilenko por trazerem a tatuagem de volta ao que era nos dias do Rodman — um sinal de excentricidade, se não completa instabilidade. Que Deus os abençoe.
HARRY CHEADLE VICE US
TRADUÇÃO POR EQUIPE VICE BR