Se você é um jovem nerd nascido em qualquer ponto da década de 90, é capaz que você tenha passado a adolescência, assim como eu, caçando as bandinhas mais indie possíveis pelo Bandcamp, Soundcloud, Tumblr. Foi numa dessas caças que eu encontrei o Wavves, banda formada inicialmente pelo cantor e compositor Nathan Williams e que tocava uma lo-fizera que tornava a canção por baixo de todo o barulho quase inaudível.
Junto ao tom praiano, drogado e romântico de Nathan e companhia (presente principalmente no King of the Beach, de 2010), aquele barulho todo tinha o tom juvenil perfeito pra quem o ouvia do alto de seus quinze anos — e que harmonizava perfeitamente com tom também praiano, drogado, romântico e barulhento do Best Coast, cuja vocalista Bethany Cosentino namorava com Nathan na época.
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Eis que o Wavves estará vindo pro Brasil pela primeira vez, e eu saco que a banda já está nos 10 anos de seu primeiro disco, Wavves. E ouvindo o You’re Welcome, disco mais recente da banda lançado no ano passado, a banda californiana parece ter mantido sua essência intocada desde seu início — tirando a barulheira, o excesso das drogas e a estrutura repetitiva que permeava os sons dos primeiros discos, o Wavves é hoje uma versão amadurecida de si mesmo.
Antes desse show, que rola nessa terça (17) na Fabrique, em São Paulo, por uma parceria entre a Balaclava Records e a Powerline, troquei uma ideia com o baixista Stephen Pope pra sacar a trajetória da banda até aqui.
Noisey: Qual, pra você, foi a maior mudança na indústria da música desde que o Wavves começou?
Stephen Pope: A internet mudou tudo. Ter acesso fácil a músicas feitas por artistas de todo o mundo, de pequenos a grandes. Quando eu comecei [com a banda Jay Reatard] em 2005, o MySpace era o único lugar onde uma uma banda pequena podia coloca suas músicas. E a gravação foi muito mais complicada também. O GarageBand ainda não era popular, então gravar qualquer coisa e converter para o digital era um processo muito mais longo. Então descobrir bandas novas e divulgar sua música é diferente agora. A internet ajudou incontáveis artistas que, de outra forma, teriam provavelmente sido ignorados a crescer.
Eu sei que muito já foi dito sobre o estado do rock, mas qual é a sua opinião sobre isso? Você acha que o rock teve uma queda criativa?
Eu não acho que haja uma queda criativa. Existem bandas incríveis que ainda fazem rock e usam guitarras. Certamente não é mais tão popular como era 20 ou até 10 anos atrás, mas há uma cena de rock em todas as cidades. Talvez seja apenas uma cena menor do que antes, já que a música eletrônica e outros gêneros cresceram tanto. Mas tem espaço pra tudo.
Como você acha que as diferentes experiências da banda culminaram em You’re Welcome?
Gostamos de abordar cada disco de maneira diferente, porque não queremos fazer o mesmo disco duas vezes. Envelhecer e ouvir mais música definitivamente nos ajudou a crescer como compositores. Em You’re Welcome, saímos da zona de conforto e construímos muitas músicas com loops, sem nenhuma estrutura definitiva em mente.
Você nunca tocou no Brasil antes, certo? O que você ouviu sobre o país? E você está animado com o show?
Toquei com o Jay Reatard em São Paulo em 2008, mas não voltei desde então. O Wavves nunca tocou. Acho que nosso pedido número 1 nas redes sociais é “come to Brazil”. então finalmente estamos aqui! Eu mal posso esperar!
Quais são os próximos passos do Wavves?
Nós ficaremos em turnê pela Europa no verão [dos EUA], e, provavelmente, depois começaremos a trabalhar em outro disco! Espero que possamos voltar ao Brasil o mais rápido possível!
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