Wilton Manors, Flórida, uma cidade pitoresca e limpa de 11 mil habitantes ao norte de Fort Lauderdale em Broward County, diz em seu site que em 2010, ela era a “segunda cidade mais gay” dos EUA. Uma bandeira de arco-íris está hasteada na prefeitura e uma viatura colorida com “Policiando com Orgulho” escrito no vidro traseiro fica estacionada em frente. E depois das eleições de 2018, a cidade é a segunda do país — depois de Palm Springs, Califórnia — a ter um governo que se identificado inteiramente como LGBTQ.
O governo eleito da cidade consiste de uma comissão não-partidária: o prefeito Justin Flippen, vice-prefeito Tom Green, e os comissários Gary Resnick, Julie Carson e Paul Rolli.
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Flippen, que já tinha sido vice-prefeito, disse que quer promover a sensibilidade de cidade pequena local e proteger seus bairros familiares tradicionais. Ele também quer combater as marés altas e inundações que assolam o sul da Flórida, e espera ganhar a aprovação pública para o Plano de Ação Conjunta Climática de Oakland Park/Wilton Manors, que visa reduzir as emissões de gás de efeito estufa em 1% por ano até 2028. A cidade planeja conseguir isso atualizando padrões de construção e mantendo a cidade centralizada em vez de deixar ela se espalhar. Além disso, Flippin planeja aumentar a capacidade da infraestrutura de água e esgoto, o que eles esperam que mantenha a cidade acima do nível do mar.
Flippen quer deixar claro que a comissão da cidade é como qualquer outro governo local do país, e só quer fornecer programas progressistas e eficientes para os moradores de Wilton Manors. Ele resume esse sentimento com uma citação da Lady Gaga: “Não importa se a vida é gay, hétero, bi, lésbica ou transgênero, estamos no caminho certo, baby”.
Aqui vão alguns retratos que tirei dos cinco líderes da cidade:
PREFEITO JUSTIN S. FLIPPEN
Minha fé é nas pessoas que abraçam e elegem servidores públicos que apelam para nossos melhores anjos e ideais, em vez dos nossos demônios mais sombrios e preconceitos. Polarização na política não é saudável para nós. Para seguir em frente, você encontra maneiras de se unir, construir consenso e abraçar o progresso. Nós, o povo americano, temos mais poder para exercer e manter nosso futuro brilhante e as rodas do progresso girando, do que a apatia para permitir que nossa nação recue para a escuridão e estagnação.
VICE-PREFEITO TOM GREEN
Trabalhei discretamente para avançar os direitos LGBT em Broward County por décadas. Eu tinha um emprego onde provavelmente seria demitido se fosse abertamente gay. Nunca me assumi, mesmo em organizações que ajudei a criar nos anos 1970 e 1980. Agora como vice-prefeito da cidade de Wilton Manors, posso ser um americano gay assumido.
COMISSÁRIO GARY RESNICK
Decidi me assumir quando morava em DC, então vim para a Flórida já como abertamente gay. Não tem sido um problema porque as pessoas aceitam isso no sudeste da Flórida. São pessoas do norte e de outras áreas liberais. Em 98, quando ganhei a eleição pela primeira vez, as manchetes diziam “Homem abertamente gay vence eleição municipal”. Foi estranho 3 eu não esperava isso, não foi por isso que concorri.
Embora não fizesse segredo disso, eu também não estava correndo pelas ruas gritando que era gay. Mas comecei a ser contatado por pessoas de todo o país, e pude ajudar várias organizações e famílias lidando com os filhos se assumindo quando bem jovens. Muitas pessoas me disseram que ficaram inspiradas com as coisas que eu estava dizendo ou que viram um discurso que fiz — porque não havia muitos modelos públicos na comunidade gay.
Quando venci a eleição, tudo estava na minha agenda, mas pressionei por algumas questões de direitos gays. Não enfrentei resistência da comissão da cidade, mas tive resistência de alguns moradores. Algumas instituições foram mais difíceis de corrigir, como a polícia.
Já visitei comissários em outras cidades pela Flórida, e fiz amizade com eles. Em cidades do sul da Flórida não há problemas com a orientação sexual das pessoas, mas mais ao norte isso não é amplamente aceito. Mas conhecendo as pessoas, elas perdem o medo e geralmente se tornam amigos. Não lembro de nenhuma experiência onde conheci outros oficiais do estado e eles me discriminaram.
COMISSÁRIA JULIE CARSON
Acredito que o simbolismo [na eleição da nossa comissão] é que somos cinco oficiais eleitos altamente qualificados e comprometidos, que representam uma comunidade diversa e que trabalham juntos para criar boas políticas públicas para todo mundo da comunidade.
O futuro depende dos nossos líderes manterem sua humanidade, valores e autenticidade. Em Wilton Manors e na comunidade mais ampla do sul da Flórida, temos sorte de ter oficiais eleitos progressistas, que estão abordando as necessidades da nossa comunidade e do nosso futuro de maneira empática mas prática.
COMISSÁRIO PAUL ROLLI
Estamos entrando num período de grande mudança, temos que aproveitar as oportunidades que vêm com isso e trabalhar para guiar a mudança para algo positivo para a cidade. Queremos as amenidades urbanas sem perder nosso senso especial de lugar. Você vê moradores jovens e novos se envolvendo no governo da cidade através de participação em conselhos e comitês municipais.
Estou esperançoso. Vemos muitos jovens se envolvendo no processo, e para mim isso é promissor. No começo do ano, vimos a esposa do governador da Califórnia mudar seu título de primeira-dama para primeira-parceira. O que vai resultar de tantas vozes novas é algo que estou ansioso para ver.
Zak Bennett, um morador de Miami Beach, é um fotojornalista que atua com várias publicações e ONGs no Hemisfério Ocidental e Europa. Além disso, Zak é um instrutor da National Geographic e do New York Times, onde liderou expedições de saúde pública, resolução de conflito e desenvolvimento rural.
Matéria originalmente publicada na VICE US.
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