Música

Zegon chamou Laudz, Nave e DKVPZ pra um remake de “Rap É Compromisso”, do Sabotage

Tamires e Wanderson (o Sabotinha), filhos do Sabotagem, estiveram no estúdio do Zegon acompanhando a gravação do remix. Foto gentilmente cedida por Guido Argel.

Esta matéria é um conteúdo patrocinado pela Nike.

Sabotage ainda é um dos maiores nomes do rap nacional, mesmo depois de 14 anos da sua morte. Isso ficou ainda evidente depois da movimentação causada pela imprensa, artistas e, principalmente, fãs de todas as idades em torno do lançamento do seu disco póstumo homônimo no final de 2016. 

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A faixa-título “Rap É Compromisso” (2000), do seu primeiro disco, é até hoje um hino entoado por várias gerações dos amantes do hip-hop brazuca. A música foi a escolhida pelo produtor paulistano Zegon para ser retrabalhada de uma maneira totalmente nova, em parceria com mais quatro beatmakers: os curitibanos Laudz (seu parceiro no duo Tropkillaz) e Nave e a dupla de Campinas DKVPZ.

O projeto de re-criação do clássico faz parte do Rebels on Air, projeto para a comemoração do aniversário do Air Max, um dos sneakers ícones da Nike.

Zegon — que hoje tem 47 anos, mas que entrou pra discotecagem aos 18, quando começou a tocar em campeonatos de skate e na noita paulistana em geral, antes de entrar pro Planet Hemp nos anos 1990 — participou da produção da faixa original, em 1999-2000, e para este remix quis juntar quatro gerações diferentes do rap nacional, dando ao som do Sabotage uma cara completamente nova e atual, respeitando, claro, a essência do clássico. “Achei o disquete original com a música e abri a versão original para todos verem como ela foi criada, daí começamos a produção em ‘cinco mãos’, com um pouco da técnica e estilo de cada um, com referências que eles foram absorvendo ao longo de suas carreiras”, explicou Zegon.

Por já ter trabalhado com nomes como Marcelo D2, Rodrigo Ogi, Karol Conká e Emicida, ele chamou Nave para participar da nova versão de “Rap É Compromisso”. “Ele é um produtor de uma geração logo após a minha e que fez alguns clássicos do rap nacional”, falou Zegon sobre o curitibano de 34 anos. Nave explicou que a sua formação musical está mais ligada a nomes dos anos 1990, como J Dilla e A Tribe Called Quest, os quais ele sempre acaba imprimindo nas suas produções. “Meu trabalho com o D2 também moldou muito o meu ouvido, então há sempre um rastro disso em tudo o que eu faço”, comentou o curitibano, que acrescentou sobre as suas referências: “E, claro, o primeiro disco do Sabotage, que é um marco no Brasil porque foi aí que a produção de rap no Brasil começou a florescer realmente, sem depender tanto dos gringos. Então foi interessante revisitar ‘Rap É Compromisso’.”

Já André Laudz, que é parceiro do Zegon no Tropkillaz, é como se fosse “um filho” pra ele, no sentido da troca de experiência de som que rola entre os dois. Com 24 anos, o beatmaker curitibano foi muito influenciado musicalmente, inclusive, pelos próprios Zegon e Nave. “Foi muito legal ter a oportunidade de pegar uma música que ouço desde criança e fazer um remix com dois caras que eu sou fã”, disse Laudz. “Clássicos como ‘Rap É Compromisso’ são inspiração para qualquer pessoa, desde os mais jovens até os mais velhos, pois são músicas que mudam não só a vida de muita gente como também gerações inteiras. E é importante pros mais novos no game reconhecerem o valor de músicas e artistas que fizeram história no hip-hop na hora de produzir o próprio som”.

Pra fechar o grupo, Zegon chamou o duo de Campinas DKVPZ, formado por Matheus Henrique e Paulo Vitor, ambos de 19 anos. “Foi engraçado, porque estávamos nós três [eu, Laudz e Nave] falando sobre eles e sobre como curtíamos o som deles . Eles são a nova geração e foi muito bom poder ter esse encontro com eles agora”, falou o produtor paulistano. O duo, que antes se chamava Dropkillers, tem muita influência do próprio Tropkillaz. “Inclusive, sugeri pra eles uns meses atrás pra trocarem de nome por causa da semelhança fonética com o Tropkillaz, o que poderia gerar alguma confusão futura”.

Pro remix do Sabota, Paulo Vitor comentou que o DVKPZ tentou colocar um pouco da influência do selo gringo de Los Angeles Soulection — que se autodenomina como “o som do futuro” —, bastante presente nos trabalhos anteriores deles. “Acho que a combinação desses quatro beatmakers representa muito bem quatro gerações e o que queríamos passar no remix: o encontro do passado com o futuro”, finalizou Zegon.

O remix é produto do Air Max Day 2017, promovido pela Nike. Semanalmente, feras da música contemporânea brasileira se reúnem para projetos especiais que celebram o legado do Air Max. O tema da primeira semana é o OG (original gangsta, o miliano dos gringos), o que inspirou a re-criação da histórica faixa do Sabotage.